Viver uma vida luxuosa pode parecer um sonho para muitos, mas para mim, Eloá Lombardi, isso vinha com um peso enorme de responsabilidades. Eu sempre soube que meu destino estava atado aos negócios da família. Com 20 anos, eu sou uma jovem determinada e astuta, educada nas melhores escolas e treinada para ser a sucessora de meu pai, e uma mulher ideal para um casamento. Meu olhar frio e calculista escondia uma alma cheia de desejos e sonhos, muitos dos quais eu não podia sequer experimentar. Eu queria essa vida para mim? Não. Queria ser uma jovem normal, sem essa questão de herdar o legado do meu pai. Bem que minha mãe poderia ter tido um menino homem. Mas não, ela engravidou e perdeu o bebê, era uma menina. Foi doloroso passar pela perda, mas a vida é assim.
Meu pai mantinha uma aliança sólida com outra família mafiosa, os Rossetti. Essa parceria era vital para manter o equilíbrio de poder no submundo do crime. Massimo Rossetti, o patriarca dos Rossetti, confiava cegamente em meu pai, e essa confiança havia sido construída ao longo de décadas de cooperação. Eles compartilhavam não apenas negócios, mas um código de honra que os mantinha invencíveis diante de seus inimigos.
O filho de Massimo, Dante Rossetti, havia estado fora do país por anos, estudando e fortalecendo alianças internacionais. Agora, ele estava de volta, e seu retorno era um evento esperado por todos. Meu pai e Massimo planejavam um grande jantar para celebrar sua chegada e também o nosso compromisso, um evento que reuniria as famílias e consolidaria ainda mais a parceria.
Não pude evitar sentir uma curiosidade misturada com ansiedade. Eu ouvi muito sobre Dante ao longo dos anos, mas nunca o conheci pessoalmente. As histórias sobre sua inteligência e carisma eram lendárias, e muitos diziam que ele era ainda mais temido que seu pai, e um completo mulherengo, ainda por cima. Eu não sabia o que esperar, mas estava preparada para qualquer eventualidade. Afinal, eu sou uma Lombardi, e nenhum homem jogará o sobrenome da minha família na lama, só porque é um homem.
O jantar seria no dia seguinte, onde eu seria apresentada ao meu noivo. Mas eu não queria ficar em casa e pensar nisso. Cada minuto que passava parecia mais uma tortura. O destino da minha vida estava sendo selado a alguém que ainda não conheço, e eu precisava de uma fuga temporária. Me arrumei cuidadosamente, vestindo um vestido vermelho que abraçava minhas curvas com perfeição. Amo essa cor. Não é à toa que muitos na casa noturna me chamam de Dama de Vermelho.
Assim que finalizei o último retoque na maquiagem, peguei as chaves do carro com determinação. Dirigir sempre me deu uma sensação de liberdade, e essa noite não seria diferente. O vento quente da noite acariciava meu rosto enquanto eu dirigia pelas ruas iluminadas em direção ao porto. Estacionar e caminhar até o iate foi um processo automático; meus pés conheciam o caminho de cor.
Ao adentrar o ambiente do iate, a transformação foi imediata. Todos os olhares se voltaram para mim, como sempre. Eu adorava esses olhares de admiração. As luzes brilhantes refletiam em cada superfície, criando um ambiente de luxo e decadência. O som das máquinas de caça-níqueis misturava-se aos murmúrios dos convidados, formando uma sinfonia peculiar.
O ar estava impregnado de um cheiro doce e inebriante, uma mistura de perfumes caros e charutos. Caminhei com confiança pelo salão, cada passo ecoando no piso de mármore. As pessoas se afastam ligeiramente, abrindo caminho para mim, a Dama de Vermelho.
Em uma das mesas, um grupo jogava pôquer com expressões sérias, enquanto outros se dedicavam a conversas sussurradas e olhares furtivos. Sabia que muitas coisas aconteciam ali dentro, muito além das vistas inocentes: drogas, sexo, prostituição. A superfície brilhante e glamourosa escondia um submundo sombrio e perigoso.
Dirigi-me ao bar, onde um bartender já familiar preparava meu drink favorito sem que eu precisasse pedir.
— Boa noite, senhorita Lombardi. — ele disse com um sorriso cúmplice.
Agradeci com um aceno e peguei o copo gelado, o líquido rubro combinando perfeitamente com meu vestido.
Enquanto sorvia o primeiro gole, deixei meus olhos vagarem pelo salão. Cada rosto, cada movimento, cada detalhe era parte de um quebra-cabeça complexo. Estava ali para escapar, mas também para me perder nesse universo paralelo onde, por algumas horas, eu podia ser apenas eu mesma, sem as amarras impostas por meu pai e pelo destino que ele havia traçado para mim, que para não contrariá-lo, eu tive que aceitar. E mesmo assim, um dia eu teria que casar mesmo, não tinha para onde correr.
A noite avançava, e a sensação de liberdade aumentava a cada minuto. Eu sabia que o amanhã traria novas batalhas, mas por enquanto, eu estava no controle. O iate era meu refúgio, um lugar onde eu podia respirar, ser admirada, e talvez, apenas talvez, encontrar um pedaço de paz em meio ao caos.
— Eloá. — Ouvia a voz familiar do meu pai, atrás de mim.
Como eu disse, encontrar a paz, talvez.
— Sim, papai. — tomei o líquido. — Eu já sabia o que viria.
Ele estava em companhia do seu melhor amigo Léo Vitta. Eu o considero bastante, e até hoje, e ainda o chamo de tio.
— Eloá… — cumprimentou ele.
— Tio Léo… — falei tomando bênção.
— Assim que terminar, entre em seu carro e vá para casa. Hoje não é um dos melhores dias para estar aqui. — meu pai deu ordens como sempre, e saiu.
Eu já sabia quando ele dizia assim, ele dizia claramente, que está sendo ameaçado, e não quer pôr a minha vida em risco. A mesma ladainha de sempre, que já estou acostumada a escutar.
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Atualizado até capítulo 72
Comments
Vilma Teixeira Roquete
Bora pra mais uma aventura começando em 06 -03-25,vamo que vamo....
2025-03-07
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Rosilda Crespin
começando 24 de 03 de 2025 amando capitulo
2025-03-24
0
Andressa Silva
😄😄😄😄😄
2025-03-14
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