Capítulo 08

Enquanto saíamos do clube, Eloá caminhava ao meu lado, visivelmente tensa, querendo voltar lá para, segundo ela, arrancar o saco do velho e dar na cara do homem. Abri a porta do carro para ela e, depois de entrar, me sentei ao volante e liguei o motor. O silêncio entre nós era palpável enquanto dirigíamos pelas ruas movimentadas da cidade.

Olhei de relance para Eloá, que estava com os braços cruzados e a expressão ainda tensa.

— Por que voltou lá? Você é sempre assim, esquentadinha? — gargalhei, ao ver a careta feia que ela fez.

— Ele me ofendeu, achou que eu era uma das suas prostitutas, só pode. Por sua causa. Ele deve saber que você é um homem que não guarda o pau dentro das calças.

— Não precisa se preocupar com ele. Nunca mais terá coragem de desrespeitá-la — assegurei, tentando acalmá-la. — E sim, guardo meu cacete dentro da calça, não meto em qualquer buraco. Ele é muito bem cuidado para se enfiar em qualquer uma. Não foi achado no lixo.

Ela suspirou, relaxando um pouco.

— De qualquer forma, obrigada. É difícil imaginar que esse é o tipo de coisa com que teremos que lidar constantemente — disse ela, sua voz revelando uma mistura de frustração e resignação.

— Sei, nem todo tempo vão te ver como uma princesinha da máfia ou uma dama — eu disse, sem olhar para ela. — Já deveria saber que no nosso mundo é assim. Seu pai te ensinou a manusear armas, mas não te falou o que encontraria no mundo?

— Ele me falou. Na verdade, eu não imaginei que era tão complexo assim. Agora acredito.

O silêncio reinou no carro, até chegarmos no nosso destino.

Chegamos em casa, uma propriedade elegante com vista para a praia, cercada por segurança e luxo. Estacionei o carro e ajudei Eloá a sair. Enquanto caminhávamos para dentro, ela olhava ao redor, absorvendo cada detalhe.

— Esta é sua casa? — perguntou, surpresa.

— Sim, nossa casa agora. Quero que se sinta à vontade aqui — disse, guiando-a pelo hall de entrada.

A casa era uma mistura de elegância moderna e conforto, com grandes janelas que ofereciam uma vista deslumbrante do oceano. Subimos as escadas para o segundo andar, onde mostrei a ela nosso quarto, uma suíte espaçosa com uma cama king-size e uma varanda privativa.

— Espero que goste — disse, observando sua reação.

— É lindo, Dante. Muito mais do que eu esperava — respondeu ela, os olhos brilhando com emoção.

— Quero que tenha tudo do bom e do melhor. Você merece — disse, me aproximando dela, guiando-a até aquele que seria o nosso quarto.

Eloá caminhou até a janela, o vento batendo contra o seu rosto, brincando com seus cabelos e jogando-os para trás. Enquanto eu me livrava do meu terno e gravata, observei ela tirar a rasteirinha que calçava, as colocando em um canto, e continuar a olhar para a vista.

Me aproximei dela, prendendo-a entre meus braços. Ela continuou de costas para mim, e eu pude sentir seu perfume e o cheiro bom de seus cabelos.

— Pedi para trazerem suas roupas, mas eu acharia melhor comprar outras, até mesmo algumas camisolas sexys — deslizei os dedos pela pele fina do seu braço, sentindo que ela estava arrepiada. — Mas poderá vestir minhas camisas, até lá.

— Não é preciso. — Ela virou-se para mim. — Eu não durmo com roupas, não gosto. — Ela envolveu meu pescoço com os braços. — O que acontece agora? — Seus olhos decaíram para os meus lábios.

— Depende do que você quer que aconteça. — Respondi, passando minhas mãos pelo seu corpo. — Um dia, sonhei em conhecer a tão estimada filha do Lombardi, mas nunca pensei em tê-la assim, tão próxima, e que jamais me apaixonaria por ela, após me ameaçar e quase me matar asfixiado — sussurrei entre seus lábios, fazendo-a sorrir e arfar de prazer quando sentiu meus dedos brincarem com seu clitóris por cima da calcinha.

— Você está avançando pontos que não é para avançar agora. Normalmente, as noivas dormem em casas ou quartos separados dos noivos até o dia do casamento. São regras — sussurrou ela, enfiando as mãos dentro do bolso da minha calça, alcançando o volume formado.

— Regras foram feitas para serem quebradas, e sou um homem que não segue regras à risca. Amo quebrar algumas quando vejo ser necessário.

— Eu vi uma prova essa noite, você desafiou o meu pai na cara dele. Don Giovanni não gosta disso, e acredite, ele aceitou, mas não ficará de boa com isso — disse ela, passando por mim.

Ela atiça o fogo e depois apaga? É isso mesmo? Que mulher.

— Vou deitar, estou muito cansada.

— Ótimo, pode deitar na cama.

— Não vou dormir na mesma cama que você, não pense nisso.

— Onde pensa que vai dormir?

— Eu durmo na cama e você, naquele sofá — ela apontou.

Fiquei parado, obcecado, observando-a se mover pelo quarto. Ela preparava a cama, jogando alguns travesseiros e uma coberta para o sofá. A peguei desprevenida, encostando-a na parede e prendendo seus braços acima da cabeça, de costas para mim. Passei a língua em sua orelha, sentindo-a tremer.

— Não me dê ordens, minha ragazza. E me obedeça. Seja uma boa menina e compartilhe a cama comigo, porque se não...

— Se não o quê? Vai me bater, me castigar, me punir? Faça o que quiser, se passou por cima das regras do meu pai, nas minhas você não vai passar — ela respondeu com determinação.

Virei-a bruscamente para mim, mordiscando seus lábios, ainda mantendo seus braços na altura da cabeça.

— Ah, Eloá, você não sabe quem sou. Acha que sou apenas um mafioso que lida com negócios? Se eu puni-la, não vai aguentar. E ao invés de eu ter uma noiva para casar, terei uma defunta para enterrar. Não me subestime — sussurrei, meus olhos queimando com intensidade.

Ela me olhou nos olhos, desafiadora, sem recuar. Havia algo em sua bravura que me fascinava, mesmo que me irritasse ao mesmo tempo. Ela não era como as outras mulheres que conheci, e talvez fosse isso que me atraía tanto.

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