18— Recepção

 Suellen passou aquele dia em seu quarto, até sua refeição foi levada até ela. A sua sogra cuidava dela, deixando ordens expressas para que Olga ficasse de olho na jovem nora e lhe desse notícias estado, pois tinha vários compromissos sociais.

 Ela não viu Brian naquele dia e nem nos três que se seguiram. Às vezes ela saía para varanda do seu quarto para tomar um pouco de sol, a noite ficava a observar a lua e aproveitando o silêncio da noite. Por esses dias havia recebido muito trabalho, traduzir documentos tomou todo o seu tempo, mas ela recebia um bom pagamento e a sua conta bancária crescia a olhos vistos.

 Viver com os Romero era bom, não tinha gastos e assim poupava para o seu futuro.

 Era sexta-feira à noite, Suellen estava na sua cama com seu laptop em seu colo e os livros ao seu redor. Ainda estava ressentida com os maus tratos que recebeu do seu marido. Ela nunca ficou incomodada quando vinham de sua tia ou de sua prima, mas não entendia o porquê sentia-se tão triste com atitude de Bryan.

 Ao menos ficando ali, não corria o risco de vê-lo, pois agora ele estava em todos os lugares com aquela cadeira de rodas, sendo seguido pelo seu secretário pessoal, Eduardo e dois seguranças.

 Uma batida na porta e um pedido de permissão para entrar, era Ana Romero, a sua sogra. Uma funcionária a seguir trazendo algumas caixas nas mãos.

 — Deixe tudo sobre a cama. Obrigada.— Ana esperou que a moça saísse e fechasse a porta. — Como está, minha filha?

 A senhora foi até Suellen com um sorriso genuíno em seu rosto.

 — Amanhã pretendo dar uma pequena recepção para alguns amigos íntimos e alguns colaboradores das empresas. Ela sorriu — Não será nada grandioso, mas como minha nora eu a quero linda, tomei a liberdade de agendar também para você os meus maquiadores e cabeleireiros. Eles estarão aqui amanhã, ao final da tarde.

 — Não precisa gastar comigo...

 — Shh... minha filha, escute, eu devo-lhe mais do que alguns vestidos e luxos. Você devolveu-me o meu filho.

 — Está bem. — Suellen concordou timidamente, sentindo-se aquecida com tanto carinho.

 — Nessa caixa tem um vestido que escolhi pessoalmente para a ocasião e sandálias adequadas. Agora irei descansar, uma noite de sono faz milagres para a nossa pele.

 Dizendo isso, beijou a bochecha de Suellen e saiu, deixando o seu perfume no ar.

 Logo ela pulou da cama e abriu a caixa. Dentro havia um lindo vestido azul, um tom que realçava a sua pele clara, a sandália era delicada, com pequenas pedrarias decorando a tira que envolvia o tornozelo. Nunca havia possuído algo tão lindo!

......................

 A noite de sábado permanecia fresca, mas não tirou o ânimo da senhora Ana, que estava feliz em mostrar a todos que o seu filho vivia.

 Brian já estava novamente no controle dos negócios, o que irritou o seu primo Athos Romero, que sonhava ser o herdeiro de todo o império do tio. Ao observar a esposa do primo descendo as escadas com a sua tia, olhou-a com luxúria. Ele teve-a nas suas mãos, mas ela escapou, deixando-o com um desejo insano.

 Suellen não gostou de ver aquele parente, lembrou-se daquela noite em que conseguiu escapar dele, acabou por ficar envergonhada ao lembrar-se do que fez com o seu marido.

 Ana apenas acenou para o seu sobrinho e foi para porta de entrada para receber os convidados, levando Suellen consigo, para que aprendesse a fazer as honras com ela.

 A moça não achava ser necessário aprender, afinal, logo não seria mais esposa de Brian, mas a sua sogra estava determinada a manter o seu filho casado e até aguardava a chegada de um neto.

 Não lhe restou outra alternativa a não ser sorrir e seguir a senhora Ana. Foi quando ela avistou uma cadeira de rodas deslizando pelo salão, era Brian...

 Ele era muito bonito, os cabelos negros bem cortados, a barba perfeitamente alinhada e os olhos frios como gelo. Não deixava de ser misterioso. Ele era esbelto, não chegava a ser mago, já que tinha músculos bem visíveis. Se ele estivesse saudável, jamais olharia para elas, muito menos estariam casados.

  Eduardo, o seu secretário, empurrava a cadeira de rodas. Brian parecia indiferente aos convidados ouvia um ao outro, deixando claro que não se importava com as pessoas presentes ali.

 Suellen de repente sentiu-se observada. Ao olhar para o lado, lá estava Athos com uma taça em suas mãos, olhando-a com os olhos cheios de cobiça.

 Sentiu-se enojada.

 Ela afastou-se e foi até a mesa pegar algo para beber, escolheu um frisante leve, o seu organismo não tolerava bebidas fortes e era melhor evitar.

 — Minha doce Suellen. — Athos a alcançou e com um sorriso cínico estampado no seu rosto, falou— Soube que o meu primo vai se divorciar de você. Uma pena para você, que se manteve virgem para ele e ao acordar, não gosta de você.

 Suellen virou-se para ele com ódio em seu olhar. Mas este olhar acabou por excitar Athos, a lembrança da ferocidade daquela moça ainda era vívido em sua mente. Ele apertou os olhos e disse obsessivamente:

 — Já que o tolo do meu primo não quer esse casamento, eu cuidarei de você. Se me aguardar, posso considerar deixá-la ser a minha favorita…

 — Saía daqui! Deixe-me em paz. — ela falou entre dentes. Não chamar a atenção das pessoas ao seu redor.

Athos estalou a língua enquanto deslizava o olhar pelo corpo perfeito de Suellen.

— Fica tão linda quando está com raiva. É uma pena esteja casada, mas você faz o meu tipo e não será um problema para mim me entreter com o seu corpo.

Suellen sentiu vontade de esbofetar aquele sorriso cheio de segundas intenções. Mas pensou em sua sogra e o quão vexatório seria um escândalo.

Então ela apenas virou-se para sair. Por puro reflexo, ao sentir as suas nádegas serem apertadas sobre vestido, ela jogou todo líquido de sua taça no rosto daquele homem asqueroso.

Deixou a sua taça sobre a mesa num baque surdo. Com o dedo em riste, ameaçou aquele parente:

— Jamais me toque novamente. Não ouse encostar essa mão imunda em mim.— os seus olhos soltavam — Não serei sua, mesmo divorciada. — virou as costas e foi atrás da sua sogra.

Athos tirou um lenço do bolso e limpou o rosto com um sorriso satisfeito.

—Quanto mais ela se recusa, mais tenho a certeza de que será minha.— falou quase que para si mesmo. O que ele não sabia, era que ali perto, Brian em sua cadeira de rodas, viu e ouviu tudo...

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