Lágrimas De Uma Guerreira

Maria Elois assistia incrédula à cena devastadora. Seu melhor amigo, Bartise, estava em chamas, rolando no chão e soltando uivos abafados de dor. Seu coração pulsava como se fosse explodir, mas sua mente insistia em buscar uma solução. Deveria atacar Henry, aquele monstro que havia causado tanto sofrimento, ou proteger Bartise? No fundo, sabia que a escolha era óbvia. Com a respiração pesada, Maria ergueu seu chicote, mas, ao olhar para o tigre agonizante, sua determinação vacilou. Não podia abandoná-lo.

Rápida como um raio, cortou galhos das árvores próximas, criando um feixe improvisado para abafar as chamas. A fumaça densa ardia em seus olhos enquanto ela trabalhava freneticamente. Foi então que percebeu, com um calafrio, que Henry havia desaparecido.

Antes que pudesse ponderar sobre seu sumiço, o menino ressurgiu, carregando um cesto rudimentar cheio de água. Ele se aproximou do tigre sem hesitação e começou a jogar o líquido sobre as chamas que ainda lambiam o corpo de Bartise.

— O que você está fazendo? — gritou Maria, sua voz carregada de incredulidade.

— Salvando ele — respondeu Henry, sem desviar os olhos do que fazia.

Apesar de sua desconfiança, Maria não teve tempo para questioná-lo. Juntos, abafaram o fogo até que a pele do tigre, ainda chamuscada, ficou visível. Bartise estava vivo, mas cada respiração parecia um esforço monumental.

— Ele está vivo... Graças a Deus — murmurou Henry, ofegante.

De repente, uma luz dourada começou a emanar do corpo de Henry. Era algo quase divino, mas também perturbador. Em segundos, a fusão entre o garoto e Lily foi desfeita, e a vampira reapareceu. Ela caminhou lentamente até o tigre, suas presas cintilando à luz do crepúsculo.

— Saia daqui, vampira! — gritou Maria, instintivamente posicionando-se entre Lily e Bartise. — Não ouse tocar nele!

Lily parou, levantando as mãos em um gesto pacífico.

— Se ele continuar assim, vai morrer. E não há como transportá-lo sem causar mais danos.

— Eu cuidarei dele — rosnou Maria, sua voz tremendo tanto de raiva quanto de medo.

— Não com o estado em que ele está — insistiu Lily. — Eu posso doar um pouco do meu sangue.

Maria ficou boquiaberta.

— Seu... sangue?

— Sim. — Lily avançou alguns passos, sem tirar os olhos da caçadora. — Meu sangue tem propriedades curativas. Não vai curá-lo por completo, mas pode estancar as feridas o suficiente para você transportá-lo em segurança.

— Nunca ouvi falar disso.

— Claro que não. Humanos só conhecem os mitos sobre nós. Mas, neste momento, não se trata de crenças. Trata-se de salvar seu amigo.

Maria hesitou. O suor escorria por sua testa enquanto tentava decidir. Por fim, respirou fundo e deu um passo para o lado, permitindo que Lily se aproximasse.

Lily ajoelhou-se ao lado de Bartise e, com um movimento controlado, mordeu o flanco do tigre. O som das presas perfurando a pele fez Maria estremecer, mas logo ficou claro que Lily não estava sugando — estava doando.

O ambiente ficou em silêncio absoluto, como se até a floresta estivesse segurando a respiração. Lentamente, os gemidos de dor de Bartise começaram a cessar. Seu peito arfante tornou-se mais estável, e seus olhos pesados finalmente se fecharam, indicando um descanso tão esperado.

— Ele vai sobreviver — disse Lily, levantando-se com dificuldade. — Pelo menos, por enquanto.

Maria deixou escapar um soluço e caiu de joelhos ao lado de Bartise.

— Eu errei... — sussurrou ela, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Eu não estava pronta para enfrentar algo assim. Quase matei meu melhor amigo.

Lily deu um passo para trás, observando Maria com uma expressão que era tanto empatia quanto cansaço.

— Há algo que você pode fazer para nos agradecer — começou Maria, respirando fundo para recuperar a compostura.

Henry ergueu as sobrancelhas, surpreso.

— Não precisa... — disse ele, mas Maria o interrompeu.

— Precisa, sim. Anthony já chamou reforços. Eles virão atrás de vocês quando souberem da existência de uma vampira. Minha sugestão? Saiam da cidade. Mas, para garantir sua segurança...

Maria tirou uma pequena pedra do bolso e jogou-a para Lily.

— Isso é uma pedra de memória, amaldiçoada por uma bruxa. Se você esfregar na minha testa, pode alterar minhas lembranças. Faça-me acreditar que lutamos contra uma criatura de fogo, nada além disso. É o único jeito de enganar meus superiores.

Lily segurou a pedra, estudando-a com um misto de desconfiança e curiosidade.

— Tem certeza disso? — perguntou.

— Tenho. Não por mim, mas por vocês.

Lily assentiu e aproximou-se de Maria. Pressionando a pedra contra sua testa, concentrou-se nas memórias que precisava moldar. Enquanto a luz da pedra envolvia Maria, Henry olhou para a vampira.

— Isso foi... nobre.

Lily apenas deu de ombros, escondendo um leve sorriso.

— Nem todo mundo acredita que somos monstros, afinal.

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