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Naquela mesma manhã, quando Henry cruzou a porta da escola, a equipe diretiva logo encarou a nova aluna com olhares curiosos e, talvez, julgadores.

Wendy já havia encaminhado toda a papelada da nova colega, e Lily carregava consigo o dinheiro da matrícula, como se quisesse resolver tudo rapidamente e passar despercebida. Contudo, isso era impossível. De maneira quase "mágica", Lily apresentava uma certidão de casamento durante sua matrícula, um documento que parecia ter saído de um conto de fadas — ou de um pesadelo, dependendo da perspectiva. A vampira, no entanto, tratava a situação com naturalidade, como se carregar aquele papel fosse algo trivial. Quando Henry a questionou sobre o documento, ela respondeu com um tom enigmático:

— É apenas uma das consequências do pacto.

O comentário, embora vago, deixou Henry mais intrigado do que irritado. Ele sabia que aquele pacto havia os colocado em uma posição delicada, mas não tinha ideia de como seria complicado lidar com os olhares e julgamentos diários. Desde o primeiro momento, ficou claro que seriam alvos de fofocas. Não passavam de dois adolescentes "casados", algo que os alunos e até mesmo os adultos consideravam absurdo.

Na sala de aula, Lily precisou se apresentar aos colegas. Com um sorriso tímido, disse seu nome, mas o silêncio que se seguiu foi desconfortável. Os outros alunos a encaravam como se ela fosse de outro planeta — ou como se carregasse uma doença contagiosa. Ninguém se aproximava dela, e os cochichos eram constantes. Fazer amizades parecia ser um desafio maior do que ela havia previsto.

Henry, por outro lado, observava a situação de longe, sentindo uma mistura de pena e irritação. Embora soubesse que Lily havia escolhido aquele caminho, não conseguia ignorar o peso de sua solidão. Ele próprio não era popular, mas agora tinha certeza de que estar ao lado dela tornava tudo ainda mais difícil. Mesmo assim, ele não a abandonaria. Não era de seu feitio deixar alguém para trás, especialmente depois da promessa que haviam feito um ao outro. Se estavam "casados", então ele se comprometeria a agir como tal, protegendo-a de qualquer adversidade.

No intervalo, a situação parecia não melhorar. O casal ficou isolado em um canto do pátio, cercado por olhares furtivos e cochichos maldosos. Até que Wendy, sempre determinada e altruísta, decidiu intervir.

— Como estão? Imagino que não esteja sendo fácil. A alta sociedade é bem impetuosa com novidades — disse Wendy, sentando-se ao lado deles sem hesitar.

Lily tentou manter a postura positiva, embora o cansaço já estivesse estampado em seu rosto.

— Tudo certo. Os professores são inteligentes, e o ambiente é bem estruturado — respondeu, tentando enxergar o lado bom da situação.

Os demais adolescentes observaram a cena de longe, chocados com a atitude de Wendy Clarke. Ela era uma das alunas mais respeitadas e admiradas da escola. Sua proximidade com o casal era, no mínimo, inesperada.

O choque aumentou quando um novo personagem se juntou à conversa.

— Prazer em conhecê-los. — Um rapaz alto e imponente se aproximou com um sorriso confiante. — Sou Adolfo Evans, amigo e colega de classe da Wendy. Se vocês são amigos dela, então também são meus.

Adolfo era o tipo de pessoa que chamava atenção onde quer que fosse. Seus cabelos e olhos negros contrastavam com sua pele clara, e seus acessórios chamativos — brincos, anéis e pulseiras que pareciam incrivelmente caros — davam a ele uma aparência de "bad boy" sofisticado. Sua presença exalava confiança, algo que Henry imediatamente considerou irritante.

— Olá! — disse Lily, estendendo a mão com um sorriso caloroso. — Prazer, me chamo Lily White.

A atitude dela pegou Adolfo de surpresa, mas ele sorriu, intrigado com a coragem dela.

— Você parece muito corajosa. Apareceu de repente na alta sociedade e ainda está com esse sorriso tão leve. Suponho que seja uma garota energética e otimista.

— Supôs corretamente — respondeu Lily, mantendo o sorriso.

— E você deve ser Henry White, que vive com a minha prestigiada Wendy na mansão Clarke?

Henry sentiu seu estômago revirar. "Minha"? Quem era Adolfo para chamar Wendy assim? Ele já não gostava daquele garoto e de sua postura altiva.

— Sim — respondeu Henry, de forma seca, sem disfarçar o desagrado.

Adolfo, no entanto, ignorou o tom ríspido e continuou:

— Saibam que não compactuo com as atitudes dos outros adolescentes. Se precisarem de mim ou quiserem apenas conversar, estou à disposição.

— Perfeito! Seremos poucos, mas bons amigos — declarou Lily, genuinamente feliz com a possibilidade de um novo amigo.

— Quem não deve, não teme — observou Adolfo, sério.

— Muito bem. Fico feliz em saber que a senhora Lily se animou um pouco — comentou Wendy, com sinceridade.

Henry percebeu que Lily parecia menos tensa. Talvez a presença de Wendy e Adolfo tivesse ajudado. No entanto, ele não podia negar que a amizade de Lily com Wendy o deixava levemente desconfortável. Wendy era perfeita demais — linda, inteligente e bondosa. Como alguém poderia competir com isso? Ainda assim, Henry sabia que Lily tinha seu próprio brilho. Ela só precisava de tempo para perceber isso.

O sinal tocou, anunciando o fim do intervalo.

— Ai, ainda nem fui ao banheiro! — exclamou Lily, assustada com o soar repentino.

— Vamos rápido. Eu te acompanho — disse Wendy, puxando a nova amiga pelo braço. Ambas correram, rindo, até os sanitários.

— Até mais, White — despediu-se Adolfo, acenando para Henry.

— Até mais, Evans — respondeu Henry, contra a própria vontade, apenas por formalidade.

Quando Lily voltou, Henry segurou sua mão com firmeza. Ela corou, mas não tentou se soltar. Caminharam de mãos dadas até a sala de aula, como se fossem realmente um casal. Para Henry, o compromisso que haviam assumido era algo sério. Ele sempre cumpriria sua palavra, não importavam as circunstâncias.

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