Maria Elois e Bartise atravessaram quase toda a cidade até chegarem ao local onde a possível vítima estava escondida. Diante deles, uma mansão imponente, de estilo antigo, destacava-se em meio à paisagem de construções modernas. Parecia o esconderijo perfeito para uma vampira — uma escolha óbvia até demais, pensou Maria, desconfiada.
– Tem certeza de que é aqui? – perguntou ela, com uma ponta de ironia.
Bartise bufou, ofendido, como se a pergunta fosse um insulto à sua habilidade. Ele nascera para caçar; era inconcebível duvidar de sua intuição.
– Está bem, eu confio em você – respondeu Maria, ao notar o olhar reprovador do tigre. – Mas parece um lugar bem protegido. Entrar sem ser notada vai ser difícil, ainda mais com você ao meu lado. – Bartise rosnou em protesto, mas Maria continuou: – Posso fazer um reconhecimento sem ser percebida, mapear as câmeras e observar a rotina dos funcionários. Normalmente, não é algo complicado.
Eles passaram a manhã observando o local, mas logo perceberam algo estranho. Nada parecia seguir um padrão. As câmeras eram de tipos diferentes e os horários dos funcionários mudavam constantemente, como se o esquema de segurança fosse feito para confundir um invasor. Para uma casa de alto padrão, aquilo era incomum; havia claramente algo mais por trás daquela fachada.
– Isso está me irritando. – Maria murmurou, enquanto tentava organizar as informações coletadas. – Só consegui perceber que os jovens devem estar na escola. Mas uma vampira não estaria se misturando entre eles, estaria? Este lugar é um verdadeiro forte. Não é à toa que ela escolheu se esconder aqui. Temos uma chance de pegá-la no caminho… E quem não arrisca, não petisca, não é?
O tigre rugiu em concordância, entusiasmado com a possibilidade de surpreender sua presa.
A escola mencionada pelos funcionários era fácil de localizar. Maria fez uma ronda pelo perímetro e concluiu que o ambiente parecia seguro para uma abordagem. Vários empregados aguardavam os filhos de seus patrões nos carros estacionados na saída, e Maria poderia se aproximar de um deles sem levantar suspeitas.
Quando o sinal da escola tocou, uma multidão de adolescentes saiu animada. Porém, apenas uma jovem interessava a Maria. Bartise rosnou assim que localizou sua caça: uma garota de cabelos e olhos negros, vestindo um uniforme um pouco grande para ela. Curiosamente, a vampira estava de mãos dadas com um menino da mesma idade. Maria franziu o cenho. Será que vampiros estavam novamente se misturando com humanos? A ideia a enojou e a fez sentir ainda mais determinação em cumprir sua missão.
Maria esperou que a garota entrasse em um carro, mas, para sua surpresa, ela continuou a pé ao lado do rapaz. A caçadora os seguiu discretamente por alguns metros, até que, perto de um parque relativamente vazio, armou uma armadilha para atraí-los.
– Olá, boa tarde – chamou Maria, com lentes de contato que simulavam cegueira e uma cicatriz cuidadosamente desenhada em seu rosto para dar dramaticidade ao disfarce. – Com licença, perdi minha bengala. Acho que foi naquela direção – apontou para uma área de vegetação próxima. – Sou tão desastrada!
– Boa tarde. Ah, claro, posso procurar para a senhora – prontificou-se o garoto.
– Eu ajudo também – disse a vampira, com um sorriso falso, talvez antecipando o sangue de uma vítima fácil.
– Muito obrigada – sorriu Maria, satisfeita.
Eles adentraram o bosque. O local, uma área de preservação, era ideal para o que Maria tinha em mente.
– Você tem o telefone da sua família? – perguntou o garoto, hesitante. – Acho que estamos indo longe demais.
– Não se preocupe – respondeu Maria, enquanto sacava seu chicote. – Vocês já me ajudaram mais do que o suficiente.
– O que é isso? – perguntou o rapaz, confuso.
– Isso – disse ela, sorrindo confiante – é o que vai decidir o destino de vocês.
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Atualizado até capítulo 21
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