Quando o último navio vindo da Romênia chegou à Inglaterra, eram três horas da manhã. Os passageiros, cansados, desembarcaram sem apreciar a cidade e foram direto ao hotel, fugindo da madrugada fria e solitária, acompanhados apenas de um guia turístico.
Tudo estava dentro da normalidade, dentro da rotina daquela companhia de viagens barata. No entanto, uma menina que havia ficado sozinha na embarcação durante todo o percurso chamava a atenção do almirante George. Uma garota que havia vindo de tão longe sozinha e que se apresentava como emancipada pela família não deveria ser algo bom, e ele se preocupava um pouco sobre o que ela faria para ganhar a vida ali, sozinha.
— Você tem dinheiro para a diária no hotel?
— Sim, senhor. — Ela carregava uma mala muito pesada.
— Esses são os seus pertences?
— Sim, senhor.
— Tome cuidado com os vagabundos. Eles gostam de assaltar garotinhas sozinhas. Não se afaste do guia e dos demais turistas. Não posso acompanhá-la além daqui. Você tem a idade da minha neta e ficaria frustrado se acontecesse algum infortúnio.
— Tá bom, senhor.
O almirante sabia que aqueles conselhos não resolveriam o problema da garota, mas também não era da sua conta. Ele tinha mais serviço a fazer. Ela que cuidasse da própria vida, e ele desejou boa sorte. Como um bom hipócrita, limpou as mãos e voltou aos seus afazeres.
A menina se chamava Lily Loren Marin. Ela tinha quinze anos e, quando desembarcou do navio com aquela carga pesada, só pensava em uma coisa: estava com fome. Muita fome. A viagem havia sido longa, e tudo o que lhe ofereceram não era apetitoso o suficiente. Uma viagem de horas da Romênia até a Inglaterra, sem estar bem alimentada, era de quebrar qualquer um. Isso fez com que ela tivesse pensamentos intrusivos...
Lily andava pela madrugada em silêncio. Os outros passageiros haviam passado à sua frente, provavelmente desconfiados de que uma menina emancipada poderia trazer problemas. Só que, para ela, nada era muito silencioso. Com a audição apurada, conseguia escutar tudo o que se passava ao seu redor. E, de repente, ela encontrou algo que poderia saciar a sua fome. Sua boca começou a salivar intensamente. Ela tinha vergonha daqueles sentimentos, mas era primitivo.
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Alguns metros na frente havia, havia um bêbado voltando de um bar, cambaleando pela madrugada. Ele seria uma vítima perfeita. Só um pouquinho de sangue. Era tudo o que a vampira romena precisava.
Isso mesmo, Lily Loren Marin era uma vampira adolescente, que sempre vivera perto da Transilvânia com a sua família de três irmãs. Seus pais haviam falecido quando ela ainda era muito jovem, mas suas irmãs a criaram como a mais nova e a protegeram de tudo. Elas eram muito unidas e haviam jurado concretizar o sonho dos pais: criar um mundo onde os vampiros pudessem viver em paz, sem medo dos caçadores humanos.
Elas tinham adotado a missão dos seus pais de construir um santuário onde os vampiros pudessem viver em paz dos caçadores. Com esse objetivo, elas saíram pelo mundo procurando alguns vampiros levarem morar no abrigo.
Lily era mais do que rica, era milionária e com o dinheiro que trouxera na mala enviada pelas suas irmãs poderia passar muito tempo sozinha procurando pelo outro vampiro que haviam achado pistas na região de Londres. A pista que tinham conseguido naquela região era a carta de uma bruxa afirmando ter visto um dos seus. Mesmo não sendo algo muito concreto, ela tinha optado por procurar. Porque primeiro, bruxas não costumavam mentir e segundo porque era a chance de fazer a sua primeira viagem sozinha.
Mas agora ela tinha outra preocupação. Se alimentar de uma pessoa que estivesse passeando sozinha pela rua.
Seus olhos ficaram vermelhos ao visualizarem a vítima, cada vampiro possuía uma característica dependendo da região que ele vivia e possuir os olhos vermelhos no momento da caça era a característica de Lily e suas irmãs. Ela se esgueirou pelas sombras. E apareceu na frente da sua vítima com os olhos ardendo.
O homem bêbedo levou um susto e caiu no chão berrou atordoado enquanto via a cena.
-UM DEMÔNIO! SENHOR NÃO ME LEVE PARA O INFERNO! PROMETO PARAR DE BEBER E INCOMODAR A MINHA FAMÍLIA!
-Vai ser rápido e indolor.- Respondeu Lily. Ela sempre tentava acalmar suas vítimas, mesmo sabendo que era impossível.
O bêbedo então começou a rezar um creio católico e quando Lily se aproximou para tirar o sangue, ele puxou uma faca e cortou próximo ao ombro da menina.
-SAI! VOLTA PARA O INFERNO!
Como ela havia sido tão descuidada e não ouvido o som da faca? E como não havia tido um reflexão? Depois de tanto tempo sem se alimentar direito ela estava fraca e descuidada mesmo.
Ela segurou os dois braços da sua vítima com uma força descomunal e cortou a mão do homem com a ponta de suas unhas afiadas. As gotas de sangue caíram em cima de placa de metal que Lily segurava. Ela fechou o recipiente e saiu correndo. Agora teria sangue o suficiente para alguns dias, entretanto havia sido muito descuidada. Além do corte que agora precisava recuperar, acabou perdendo uma gota de sangue...
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Atualizado até capítulo 21
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