O Encontro

Henry passou a manhã inteira pensando no que Wendy queria lhe contar. As possibilidades eram infinitas, mas ele estava certo de que não se tratava de uma declaração amorosa. A curiosidade o consumia, e as horas pareciam passar mais devagar que o habitual. Durante os intervalos entre as disciplinas escolares, ele buscou por ela pelos corredores e no pátio, mas não conseguiram se encontrar, pois estudavam em salas diferentes. Essa distância involuntária só serviu para alimentar ainda mais a imaginação do jovem White, que, inquieto, criava mil hipóteses em sua mente.

Quando finalmente chegou o final da tarde, Henry sentiu o coração acelerar. Saiu a passos largos em direção à praça atrás da escola, onde haviam combinado de se encontrar. O ar estava fresco, e uma leve brisa balançava as folhas das árvores, criando uma atmosfera envolvente. Ele tentou não correr para não parecer ansioso, mas, por dentro, o nervosismo o dominava. Ao chegar à praça, olhou ao redor, procurando por Wendy, mas ela ainda não havia chegado.

A praça estava especialmente agitada naquele dia. Famílias aproveitavam o final da tarde para levar os filhos ao parque, e o som das risadas infantis ecoava pelo ambiente. Casais jovens também estavam por ali, aproveitando o tempo após as aulas para se encontrarem e conversarem sob o céu que começava a ganhar os tons alaranjados do pôr do sol. Henry encontrou um banco de madeira, posicionado sob a sombra de uma árvore alta e frondosa. Sentou-se, cruzou as mãos e olhou para o céu, que exibia nuvens esparsas tingidas pelo sol poente.

Enquanto esperava, ele respirava profundamente, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos e o nervosismo que tomava conta de seu peito. Com os olhos fixos no céu, ele se perguntou o que Wendy teria para lhe contar e se aquele encontro mudaria algo entre eles. O silêncio à sua volta contrastava com a agitação interna de sua mente. Naquele momento, Henry não sabia, mas ele estava prestes a viver um dos dias mais importantes de sua vida.

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Tinham passado apenas alguns minutos desde que Henry havia chegado à praça, mas, para ele, pareciam horas. A ansiedade corria em suas veias, e ele batia os pés nervosamente no chão, com o olhar fixo na entrada da praça, esperando ver Wendy surgir a qualquer instante. Seus pensamentos estavam tão confusos que, por um momento, ele quase não percebeu um leve estalo vindo de cima.

Então, ouviu claramente o som de um galho quebrando sobre sua cabeça. Ele olhou para cima, e seu coração quase parou. Ali, sentada em um galho alto da árvore, estava uma menina de expressão audaciosa, com um sorriso um tanto forçado. Ela parecia observar cada movimento dele, como se já soubesse o que ele iria fazer.

— Shhh, calma! — disse ela, colocando o dedo sobre os lábios em um gesto suave, mas autoritário.

— Meu Deus! Quem é você? E por que está aí em cima?! — exclamou Henry, ainda em choque, o coração disparado pela surpresa.

— Estou descendo — ela respondeu calmamente.

Em um movimento ágil, a menina se preparou, firmando as mãos no galho, e então saltou de forma graciosa, como se flutuasse no ar. Henry observou, incrédulo, enquanto ela aterrissava levemente ao lado dele, como se aquele salto fosse a coisa mais natural do mundo. Ele pensou que ela devia ser uma acrobata ou ginasta, pois poucos conseguiriam realizar um movimento tão perfeito.

A garota tinha cabelos pretos que caíam em ondas sobre os ombros, olhos penetrantes e um jeito misterioso que o deixava ainda mais desconcertado. Ela usava roupas simples, mas havia algo nela que parecia fora do comum, como se não pertencesse exatamente àquele lugar.

Henry encarou-a, ainda sem palavras. Ela levantou uma sobrancelha e sorriu levemente, mas logo mudou para um olhar irritado.

— É feio encarar as pessoas, sabia? — disse ela, com um tom de voz levemente bravo, mas o rosto corado denunciava um toque de timidez.

— D-desculpa! — respondeu ele, gaguejando, ainda tentando entender o que estava acontecendo.

Ela respirou fundo e pareceu hesitar por um instante, mas logo o encarou de volta, desta vez com determinação.

— Ok. Eu que peço desculpas.

— Hã? Pelo quê? — perguntou ele, confuso.

A menina olhou para os lados, como se quisesse se certificar de que ninguém os observava, e então disse com firmeza:

— Porque precisamos casar.

— O quê??? — Henry piscou, totalmente perdido, sentindo o rosto esquentar.

Ele estava tão atordoado que mal conseguia processar as palavras dela. Aquilo parecia uma alucinação, uma piada fora de lugar ou até mesmo uma armadilha. A mente dele se enchia de perguntas, mas, antes que ele pudesse formular qualquer resposta coerente, ela continuou:

— É que eu preciso me proteger, e o futuro de muitos depende disso. Sei que é muito estranho, mas você parecia a pessoa certa para isso.

Antes que ele pudesse sequer tentar entender, a garota segurou seu rosto com firmeza, com as mãos frias e firmes pressionando suas bochechas. E então, de repente, ela o beijou.

Henry ficou paralisado, sentindo uma confusão de sentimentos. Nunca tinha beijado ninguém antes, e sempre imaginara que seu primeiro beijo seria com Wendy, não com uma desconhecida que aparecera do nada. O beijo era intenso e inesperadamente doce, e ele sentiu o coração bater mais forte. A estranha sabia o que estava fazendo, e a sensação, embora desconcertante, era boa. Ele até sentiu um calor agradável, mas a realidade logo voltou a se impor: essa era uma completa desconhecida, e nada daquilo fazia sentido!

Quando ela finalmente se afastou, ele continuava encarando-a, atônito, ainda tentando processar o que acabara de acontecer. Ela deu um passo atrás, ajeitando os cabelos e olhando ao redor com um ar de mistério.

Henry passou a mão pelo rosto, ainda sentindo o calor do beijo. Tudo parecia surreal.

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Henry afastou o rosto dela o mais rápido que pôde, o coração ainda disparado.

— Com... com licença! Eu... eu preciso ir para casa.

— Ok — respondeu ela com um sorriso enigmático.

Mas assim que ele virou as costas para sair, percebeu que a menina o seguia de perto.

— O que você está fazendo?! — ele perguntou, apavorado.

— Ué? Estou seguindo meu marido. Afinal, agora estamos casados.

— Você enlouqueceu?! Me deixa, menina! Não estou gostando dessa brincadeira. Vá embora!

Ela apenas ergueu a mão e apontou para seus dedos.

— Olhe as nossas mãos.

Henry olhou para suas próprias mãos, apavorado. E então, sentiu o sangue gelar ao ver que ele e a garota usavam alianças douradas idênticas, que simplesmente haviam surgido ali, como por magia. Ele começou a ficar muito pálido; o mundo pareceu girar ao seu redor até ele desmaiar.

Quando abriu os olhos novamente, estava em um quarto desconhecido, iluminado apenas por uma lâmpada fraca. Ele estava deitado em uma cama, com lençóis pesados. Ao lado, sentada em uma poltrona de veludo, estava a garota. Observava-o com um olhar penetrante e estranho. Henry engoliu em seco, o pânico voltando com força. Seria ela algum tipo de psicopata ou sequestradora? Precisava fugir!

— Henry White — disse ela, pronunciando seu nome com calma.

Seu pânico aumentou. Ela sabia seu nome!

— Não tente fugir — ela continuou, levantando uma mão. — Vai ser pior para nós dois. Deixe-me me apresentar. Meu nome é Lily Loren Marin. Sou da Romênia… e sou uma vampira.

Henry tentou se levantar, mas sentiu as pernas tremerem. Ele riu nervosamente, sem acreditar.

— Aaaaah, que loucura! Você só pode estar brincando!

Lily suspirou e apontou para os próprios dentes. Com um sorriso sombrio, deixou que suas presas surgissem, afiadas e ameaçadoras. Seus olhos, antes de um castanho suave, agora estavam vermelhos, brilhando intensamente.

— Senhor! Eu vou para o inferno! — Henry começou a chorar, incapaz de controlar o medo que tomava conta dele. — O que você quer de mim?

— Nada mais do que já tenho — respondeu ela, com um tom frio. — Afinal, você é meu marido agora.

— Por quê... por que eu? Eu só quero ir embora!

Lily o observou com uma expressão serena, mas seus olhos brilhavam com algo sombrio.

— Preciso de um marido para liberar meus poderes plenamente. Suspeito que um caçador de criaturas sobrenaturais esteja na minha cola. Com alguém ao meu lado, eu fico mais forte e posso resistir melhor. Mas isso ainda levará um tempo para acontecer.

— Mas… com tantos outros garotos no mundo…

Ela o encarou profundamente.

— Porque você tem um bom coração, Henry White. Eu sei reconhecer uma alma pura quando a vejo.

Henry respirou fundo, ainda em choque.

— Então... então, por favor, me deixe ir embora!

Ela suspirou e, por um instante, seu olhar suavizou.

— Pode ir, se quiser — disse ela calmamente. — Mas saiba que, se você for, eu irei morrer. E virarei pó. Esse é o preço que os vampiros pagam ao compartilhar seus poderes. Para nós, "até que a morte nos separe" é uma verdade muito literal.

Henry sentiu o coração afundar no peito.

— Quer dizer que, se eu seguir minha vida sem você… vou acabar matando uma estranha?

Lily assentiu, seus olhos tristes e sinceros.

Henry fechou os olhos, sentindo uma pressão insuportável. Preferia que tudo aquilo fosse um pesadelo, mas cada palavra dela o deixava mais preso naquela realidade cruel.

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