Maria Elois havia passado uma semana inteira lendo enciclopédias sobre vampiros, isolada em seu quarto. Ela sempre tivera muito conhecimento sobre eles, mas agora havia ampliado ainda mais. Tinha consciência de que a teoria nem sempre se alinha diretamente à prática, mas sentia que aquelas informações seriam úteis de alguma forma. Estava cada vez mais preparada para enfrentar seu inimigo mortal.
Um fato interessante sobre Maria Elois é que ela possuía um instinto muito aguçado para prever coisas que poderiam acontecer, quase uma premonição do futuro. Algo que seus colegas de trabalho não entendiam muito bem e que, na verdade, não fazia muita diferença, já que os caçadores não eram amigos entre si, apenas companheiros de trabalho. Eles não compartilhavam suas vidas íntimas ou pensamentos, o que, por vezes, podia ser solitário.
Talvez, se alguém soubesse de suas premonições, ela fosse expulsa do Instituto, acusada de estar ligada ao sobrenatural. Então, preferia guardar essa informação para si.
— Eu comuniquei à central que você partirá em uma missão nível S amanhã. Não especifiquei os comandos, mas certamente irão perguntar, e serei obrigado a dizer a verdade — Antony passou as informações para sua colega de trabalho.
— Tudo certo. Já localizei o meu alvo; eles não terão tempo de chegar até mim antes de eu concluir a missão, considerando os dias de viagem...
— Parece loucura deixar novatos como nós sozinhos.
— Eles também não têm culpa. Fazem anos que o Instituto de Londres não enfrenta uma ameaça verdadeira, devido à sua fama.
— Concordo. Não sei como você é tão rápida em rastrear seus alvos. Acho que é a melhor da nossa geração nesse quesito. Em pouco tempo, já tem o mapa da região onde a vampira se encontra.
— Não sou eu... Psiu! — Ela assobiou, e seu enorme tigre cinza entrou preguiçosamente na sala. — Ele é o rastreador imbatível.
Antony ficou sem respirar. Bartise tinha uma presença muito ameaçadora.
Bartise era o tigre rastreador de Maria, uma criatura cuja raça nunca haviam conseguido identificar. Até porque ele não era um tigre comum... Era fruto de algumas experiências macabras do Instituto, realizadas décadas atrás. Possuía um faro mais aguçado que os tigres de verdade, uma velocidade formidável e estava sempre pronto para a caça. Ninguém além de Maria conseguira domesticá-lo. Foi uma sorte do destino eles terem se encontrado; do contrário, o animal provavelmente teria sido executado por sua aparente inutilidade.
Maria também tinha suas limitações. Quando ingressou, passou pelo processo de iniciação como caçadora, tomando uma quantidade imensa de elixires com sangue de criaturas para adquirir novas habilidades. No entanto, nenhum dos elixires do Instituto foi compatível com ela. As únicas habilidades de Elois como caçadora eram seu instinto, inteligência, treinamento físico e seu poderoso animal domesticado.
Os caçadores precisavam sacrificar muitas coisas para exercerem sua função. Seus nomes biológicos eram descartados, eles passavam horas intermináveis em treinamento físico exaustivo e eram submetidos a experimentos dolorosos. Nunca mais tinham contato com suas famílias de origem.
Cada unidade de treinamento contava com elixires feitos com a essência de sangue das criaturas que haviam sido executadas. Essas poções concediam poderes aos humanos que tinham compatibilidade com cada ser mágico. Quando os caçadores eram incompatíveis, passavam por horas de dores intensas até que o corpo eliminasse toda a substância ingerida, e alguns chegavam a falecer no processo.
Tantas substâncias foram testadas no corpo de Maria Elois que os cientistas da época se recusaram a continuar os testes. No processo, ela chegou a perder a visão de um de seus olhos e, por isso, até hoje usava um tapa-olho.
Ela estava quase desistindo de seu sonho quando conheceu Bartise, outro experimento que estava prestes a ser descartado por sua instabilidade. Uma garota sem compatibilidade e uma criatura instável: uma dupla perfeita. Um havia encontrado o outro, e até hoje permaneciam unidos como unha e carne. Tornaram-se uma dupla imbatível.
— Não precisa ter medo, Antony. Ele é muito amigável — Maria riu da reação do colega de trabalho. — Ele será uma arma perfeita na caça aos vampiros, não é, Bartise? — O tigre rugiu em um tom amigável.
— Caso você não conclua a missão amanhã, serei obrigado a repassá-la para um escalão maior.
— Tudo certo, mas ninguém ficará com o meu mérito. Vou guardar a localização do meu alvo só para mim.
— Não acho justo. Os demais não irão concordar.
— A vida é injusta. Não quero que outros concluam minha missão facilmente, depois de todo o trabalho que tive.
— Entendo parcialmente os seus desejos.
— Obrigada. Apenas deixe eu terminar o que comecei. — Assim que terminaram a conversa, Maria Elois saiu pela porta do Instituto, pronta para realizar sua missão.
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Atualizado até capítulo 21
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