Capítulo 18

ANDREW NARRANDO

Minha mãe ainda tentou falar alguma coisa, mas eu repeti que ela deveria receber as visitas dela em sua casa, não na minha.

— Você acha mesmo que eu vou acreditar que você está prestes a se casar com uma mulher simples como essa, que você encontra aos montes em qualquer buraco de periferia? — minha mãe falou, e meu sangue ferveu.

— Posso até achar aos montes, mas não igual a ela. Catarina é linda, educada, doce, perfeita para mim. Eu não vou deixar que a senhora e nem ninguém se meta na minha vida e na vida de Catarina. E me faça um favor: receba suas visitas na sua casa. Para vir a minha casa, avise antes — falei sério, encarando minha mãe e em nenhum momento olhando para Luana.

Quando elas saíram, subi as escadas e invadi o quarto de Catarina. Esperei alguns segundos e bati novamente. Quando ela abriu, já estava de cabeça baixa.

Toquei em seu queixo, levantando seu rosto para que ela olhasse para mim. Pedi para conversarmos, mas ela deu a desculpa de Lavínia. Mais uma vez eu senti raiva da minha mãe. Tenho certeza de que ela humilhou Catarina; seus olhos lindos e espertos estavam tristes.

Saímos para comprar tudo que ela e nossa princesa precisavam. Na loja de criança, Catarina sorria o tempo todo, me chamando de exagerado. Só para ver seu lindo sorriso, comecei a exagerar mais ainda. Na minha opinião, Lavínia precisava de um laço para cada roupa, então decidi comprar três laços combinando com cada roupa.

— Assim vamos acabar com o estoque da loja — Catarina falou sorrindo, segurando uma cestinha cheia de laços.

— Assim é bom, porque eles repõem o estoque — falei baixinho e mostrei um sorriso sem mostrar os dentes.

É tão bom ver ela sorrir, traz paz. Se um terço das pessoas fossem iguais a Catarina, o mundo seria outro.

Depois que saímos da primeira loja, fomos para outra de decoração. Compramos tudo para o quarto de Lavínia. Minha parte na reforma vai ficar com o design de interiores. Catarina pegou uma inspiração que pareceu gostar muito, não parava de elogiar. Vou mandar fazer o quarto de Lavínia igual; quero ver Catarina toda boba quando ver o quarto da nossa princesa pronto.

Fomos a uma loja de grife. Assim que entramos, vi homens olhando para Catarina. Então decidi comprar tudo que ela tocava, para que nenhum homem comprasse para sua esposa o que a minha tocou.

Para ela, fomos a algumas lojas diferentes. Depois, fomos a uma joalheria. Enquanto ela escolhia para ela e para Lavínia, eu respondi às mensagens do meu pai, que falou que querer conversar comigo e estava querendo saber quem é minha namorada.

Fomos a um dos meus restaurantes. Catarina ficou preocupada com os funcionários.

— Podemos ir para sua casa. Se não tiver comida pronta, eu posso fazer para nós três. Já encerrou o expediente — ela falou baixinho, e me deu vontade de sorrir.

— Não se preocupe, esse restaurante é meu e meus funcionários me servem a hora que eu bem entender — falei, e ela olhou para o lado, vendo a fila de garçons só esperando minhas ordens.

Ela escolheu para ela e para Lavínia. Eu escolhi para mim e pedi uma dose de whisky. Catarina pediu uma garrafa de água. As bebidas chegaram primeiro. Ela e Lavínia tomaram a água, enquanto eu tomava o whisky.

— Acho que agora você está mais calma. Podemos conversar. O que foi que a minha mãe falou para você? — perguntei, olhando nos olhos dela, e vi uma sombra de tristeza novamente.

Ela respirou fundo, tomou um gole de água e perguntou se eu realmente queria saber de tudo. Concordei com a cabeça.

— Quando elas chegaram, eu fui gentil e educada, só cumprimentei com um bom dia, e a senhora me chamou de empregada — Catarina continuou falando do circo que minha mãe armou, e eu não gostei nada de saber que ela chamou minha namorada de garota de programa.

— Não precisa se entristecer por isso, sabemos que você não é nenhuma GP, e mesmo se fosse, minha mãe não tem nada a ver com isso. Não se preocupe, ela não vai mais te importunar — falei, tocando na mão dela.

Nossa comida chegou, e Catarina elogiou o tempo todo. Ela estava comendo um prato bem simples, mas com aquele sorriso enorme e os olhos brilhantes.

— Essa comida é muito boa, acho que é a melhor que já comi — ela falou sorrindo, enquanto Lavínia dançava na cadeirinha.

— Que bom que você gostou. Depois, vou levar vocês aos meus outros restaurantes — falei, vendo as duas sorrirem.

Não toquei mais no assunto da minha mãe, porque não queria entristecer Catarina. Ela me perguntou como foi na empresa, e eu fiquei surpreso. Ninguém nunca me perguntou como foi meu dia. Fiz questão de contar para ela que contratei um novo diretor operacional.

Conversamos bastante, Catarina entende algumas coisas principalmente de números, combinamos que quando o nosso acordo acabar, posso ajudar ela a montar sua própria prestadora de serviço, e a Wall Street será a sua primeira cliente.

— O senhor está falando sério? Se por um acaso eu montar uma prestadora de serviços, o senhor realmente contrataria minha microempresa? — Ela perguntou sorrindo, e eu concordei.

— Claro que contrataria e ainda cobraria todas as propostas do mercado — respondi sorrindo, e ela fez uma dancinha.

Não me controlei com a Catarina parecendo uma minhoca. Pela primeira vez, gargalhei em público. Ainda bem que o restaurante estava vazio. Estar com a Catarina e a Lavínia torna tudo tão leve que até esqueço do peso que carrego nos ombros.

Terminamos de comer. Peguei a Lavínia e saímos do restaurante. Coloquei a minha princesa na cadeirinha, pedi para o motorista ir no carro com os seguranças e assumi o volante. Catarina sentou no banco do carona.

Fomos o caminho todo conversando. Ela começou a mexer no rádio até encontrarmos uma música que ela e a Lavínia conheciam. As duas cantaram desafinado, errando a letra o tempo todo, me fazendo dar risada. Assim que chegamos em casa, mandei retirar tudo do carro. Liguei para dona Lola, minha secretária, e pedi que ela contratasse o melhor designer de interiores para transformar o quarto da Lavínia.

Recebi um e-mail de um grande CEO. Ele está dando uma festa e me convidou. Liguei novamente para dona Lola e pedi que providenciasse uma babá. Vou convidar a Catarina para ir comigo e assim apresentar minha noiva à alta sociedade.

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