Capítulo 12

CATARINA NARRANDO

Nem tive tempo de responder à proposta do Senhor Castelã. Bateram na porta e ele autorizou a entrada. Minhas mãos estavam suando e meu estômago dava voltas de nervoso. Quando fico muito nervosa, começo a rir. Tive que controlar o sorriso para não parecer que estava feliz com essa proposta estranha.

Entrou um homem que eu nunca tinha visto antes aqui na empresa, de terno e gravata, com uma pasta na mão.

Ele puxou a cadeira e sentou ao meu lado. O Senhor Castelã apresentou o advogado Henry Bráz. Ele retirou alguns papéis da pasta e entregou ao Senhor Castelã, pedindo para ele revisar, e também me deu alguns papéis.

— Veja se há algum parágrafo que você queira retirar ou alguma coisa a acrescentar antes de ambos assinarem. Por ser um contrato, eu sugiro que ambas as partes estejam de acordo com todas as cláusulas — o homem falou, olhando para mim e em seguida para o Senhor Castelã.

— Deixa ver se eu entendi, O senhor quer namorar comigo de mentirinha? — perguntei e passei as mãos suadas no cabelo, estou muito nervosa.

— Apenas nós três saberemos que é de mentirinha, para o resto do mundo será um namoro como qualquer outro — Ele falou sério me encarando nos olhos.

Abaixei a cabeça para ler o contrato, claro que a minha resposta será não, isso é maluquice. Achei que a minha vida estava se encaminhando, me deparo com um chefe maluco.

**Contrato de Namoro**

**Cláusula 1: Objetivo**

Este contrato tem como objetivo estabelecer as bases do relacionamento "amoroso" entre Andrew castelã e Catarina Viegas visando o bem-estar e a harmonia de ambos.

**Cláusula 2: Compromissos**

Ambas as partes se comprometem a:

Respeitar a individualidade do outro, para Contato físico apenas com autorização de ambos.

Ser honestos e transparentes sobre suas emoções e intenções.

Priorizar a comunicação aberta e sincera em todas as circunstâncias.

**Cláusula 3: Tempo Juntos**

As partes acordam em passar tempo de qualidade juntas, dedicando-se a atividades que fortaleçam o relacionamento, como jantares, passeios e hobbies compartilhados.

**Cláusula 4: Espaço Pessoal**

Reconhecendo a importância do espaço pessoal, ambas as partes se comprometem a respeitar os momentos de privacidade e independência do outro.

**Cláusula 5: Resolução de Conflitos**

Ambas as partes devem sempre resolver conflitos e questões de foro pessoal sem intervenções, mantendo o acordo livre de qualquer especulação.

**Cláusula 6: Fim do Relacionamento**

Caso uma das partes deseje terminar o relacionamento, antes do tempo previsto de três meses, deve comunicar à outra de forma respeitosa explicando os motivos, e caberá a parte prejudicada recobrar a multa de um milhão de Euros.

**Cláusula 7: Vigência**

Este contrato entra em vigor na data de assinatura e permanecerá válido pelo período de três meses, ambas as partes devem estar de acordo com os termos estabelecidos. Ao final do contrato Catarina Viegas receberá a importância de 500 mil Euros.

Li tudo com muito cuidado. Já balancei a cabeça, mas não coloquei os papéis sobre a mesa.

— Eu não vou assinar isso. Isso é a coisa mais absurda que já vi na minha vida. Um namoro de contrato? Isso parece mais uma piada — falei e dei um sorriso nervoso. Respirei fundo, tentando segurar as lágrimas que já ardiam nos meus olhos.

— Posso saber se há algum motivo para você não aceitar a minha proposta? — o senhor Castelã perguntou e eu olhei bem dentro dos olhos dele.

— Me diga se há algum motivo para eu aceitar essa proposta descabida — falei séria, encarando-o.

O senhor Castelã pediu um minuto ao advogado para que pudéssemos conversar um pouco a sós. O homem saiu da sala, ele se levantou e trancou a porta com a chave.

Puxou a cadeira onde o advogado estava sentado e virou de frente para mim. Pediu que olhasse em seus olhos e começou a falar.

— Catarina, eu não quero te obrigar a nada, mas ambos seremos beneficiados com esse contrato. Eu não vou te tocar, se é isso que você está pensando. Não vou te forçar a nada. Estou precisando da sua ajuda e vou pagar muito bem por isso — ele parou e respirou fundo, mantendo os olhos fixos nos meus.

O senhor Castelã começou a falar que ele precisa despistar algumas pessoas, precisa sair do foco como solteirão, e vai me pagar muito bem por isso. Eu poderei proporcionar uma vida melhor para a Lavínia.

— E depois desses três meses, E o que vou dizer para Lavínia? Com certeza ela já vai estar apegada ao Senhor e vai sofrer. — falei e abaixei a cabeça.

Senti os dedos dele tocarem em meu queixo. Ele levantou minha cabeça e pediu para que eu olhasse em seus olhos. Deixei uma lágrima escorrer pelo canto e o senhor Castelã passou o dedo polegar enxugando minha lágrima.

— Eu não vou desamparar vocês. Depois desses três meses, vou continuar tendo contato com vocês, vendo a Lavínia todos os dias e todos os gastos dela serão pagos por mim até ela completar 21 anos — disse ele. Engoli seco.

O senhor Castelã me perguntou se eu queria que ele assinasse esse documento se comprometendo a cuidar da Lavínia até ela fazer 21 anos. Balancei a cabeça afirmativamente.

Ele me pediu, olhando nos meus olhos, para aceitar e assinar o contrato.

— O que as pessoas vão dizer da copeira que namora o chefe? — perguntei encarando-o.

— Eu não me importo com o que as pessoas vão falar. Você será demitida hoje. Mas não se preocupe, você e Lavínia vão morar na minha casa, receberá uma mesada e todas as despesas das duas serão por minha conta — disse ele, e a cada palavra que saia da sua boca, eu achava absurda.

Perguntei por que tantas vantagens e por que ele escolheu a mim, se foi por pena de mim ou da minha filha.

— Nunca mais diga isso. Eu não faço nada por pena. Piedade e auto-piedade não fazem parte do meu vocabulário. Eu escolhi você porque te acho linda, seus olhos me trazem calma, é o tipo de mulher que eu quero ao meu lado. E a Lavínia porque eu amei essa menina desde a primeira vez que a vi e quero cuidar dela como se fosse minha filha — ele falou sem pestanejar. Fiquei abrindo e fechando a boca, sem conseguir formular uma palavra para responder.

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