Capítulo 11

ANDREW NARRANDO

Assim que cheguei em casa, liguei para o meu advogado. Ele atendeu com a voz sonolenta e o chamei, pois precisava resolver tudo antes de fazer a proposta para Catarina.

Minha mãe vai voltar de viagem. Nunca aconteceu dela passar menos de cinco dias em um lugar, e eu tenho certeza de que ela só está voltando por conta da Luana. Já tenho 40 anos, e essa coisa de minha mãe querer me arranjar uma mulher me irrita. Se eu estiver com outra, mesmo que por contrato para a sociedade, estarei comprometido, e minha mãe vai me deixar em paz.

Subi para o meu quarto, tomei banho, vesti uma roupa confortável e desci para esperar o meu advogado, que chegou chateado.

— Andrew, que assunto tão urgente seria esse que não pode esperar até amanhã? — ele falou, sentando-se no sofá.

Henry é uma das poucas pessoas com quem converso e convivo além do âmbito profissional. Nos conhecemos na faculdade. Assim que assumi a Wall Street, contratei-o para cuidar dos casos mais sérios e de suma confiança da empresa e também dos meus negócios pessoais.

— Lembro-me de quando te contratei, deixei claro que você tem que estar à minha disposição a qualquer hora do dia ou da noite — falei sério enquanto enchia o meu copo de whisky.

— Sim, você tem razão. Em anos, nunca me chamou no meio da madrugada, mas está tudo bem. Do que precisa às uma e cinquenta da manhã? — Ele falou, me encarando.

Sentei-me no sofá de frente para ele, analisei bem a cara do Henry e vi manchas de batom e maquiagem na gola da camisa dele, que estava amassada, além do cheiro de perfume feminino impregnado na minha sala. Agora entendi o motivo da chateação: ele estava dormindo com uma mulher e eu claramente interrompi. Abri um sorriso para ele, mas sem mostrar os dentes.

— Quero que prepare um contrato, com cláusulas específicas, é um contrato sigiloso e onde ambas as partes saíram ganhando — Falei e dei um gole no meu whisky que desceu suave em minha garganta.

Expliquei para ele sobre o contrato. Henry se assustou e já disse que quer conhecer Catarina. Não gostei nada de sua pontuação.

— Já quero conhecer essa mulher. Para você propor tudo isso, mesmo que em um contrato, ela deve ser muito especial além de linda — ele parou de falar e me olhou desconfiado.

— É melhor conter sua emoção — falei, irritado.

Henry fez as anotações precisas para preparar o contrato. Três meses é tempo suficiente para ser assunto na mídia e cair no esquecimento do público, e tempo suficiente para minha mãe parar de me aporrinhar também.

Subi para o meu quarto, tirei a camisa e me deitei. Dormi rápido, estava muito cansado, porém dormi poucas horas.

Acordei cedo, como de costume, cuidei rápido e desci para a academia. Hoje fiquei uns minutos a mais, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e eu só consigo tirar todo estresse fazendo exercícios físicos e pesados.

Suar o corpo alivia a mente. Quando saí da academia, fui direto para o meu quarto, tomei banho e saí com a toalha amarrada na cintura.

Vesti um terno e, diante do espelho, ajustei a gravata com precisão, certificando-me de que estava perfeitamente alinhada. Calcei meus sapatos de couro polido e peguei a pasta de documentos. Antes de sair, tomei um café forte para despertar a mente, revisando mentalmente os compromissos do dia, inclusive passar no berçário da empresa.

Fui direto para a empresa. Entrei pela recepção e fui direto para o berçário. Chamei a funcionária no canto, a mesma que deu expressa para cuidar de Lavínia. Não gostei do resultado do seu trabalho, mas como Catarina e o médico me garantiram que foram os dentinhos dela, vai passar.

— Bom dia, senhor Castelã. Posso ajudar em alguma coisa? — ela perguntou, sorrindo.

— Qual foi a ordem que dei ontem? — perguntei, olhando em seus olhos.

Ela repetiu e já começou a justificar que a menina foi medicada, mas a febre não baixou. Ela ficou nervosa.

— Eu vou lhe dar mais uma chance. A partir de hoje, você só vai cuidar da Lavínia. Sua atenção, seu colo, sua dedicação serão apenas para ela. Se aquela criança chorar, se machucar ou até mesmo adoecer, será de sua responsabilidade. Não queria pagar para ver — falei e saí.

Fui direto para minha sala. O dia foi marcado por reuniões e problemas burocráticos. Mesmo assim, consegui tempo para ver a Lavínia no berçário e passar alguns minutos com ela. Foi muito bom pegá-la no colo novamente, ouvir ela me chamando de tio e ainda me fez sentar para brincar de bater as mãos.

Liguei para Henry, que já estava com todos os documentos preparados e em mãos. Mandei ele vir para que eu possa fazer a proposta para Catarina. Chamei-a na minha sala.

— O senhor mandou me chamar — Ela perguntou para na porta.

— Entre e feche a porta — Falei olhando para ela, me agrada muito esse jeito inocente da Catarina.

Assim que ela fechou a porta, sinalizei para cadeira à minha frente e pedi para ela sentar-se.

— Senhor, se for pelo que o senhor pagou ontem para minha filha, não se preocupe, pode descontar do meu salário. Eu não faço questão — ela falou rápido parecia estar nervosa.

Continuei olhando para ela, seus olhos são lindos, Catarina me encara de um jeito, que demonstra ousadia e medo ao mesmo tempo.

— Você realmente quer pagar? — perguntei já com segundas intenções e ela respondeu que sim.

— Então aceite a minha proposta — falei analisando Cada traço e expressão corporal.

— Que proposta? — Ela perguntou aparentemente nervosa.

— Aceite ser minha namorada por três meses — falei apoiando minhas mãos sobre a mesa.

Alguém bateu na porta e eu autorizei entrar, sabia que era o Henry. Assim que ele entrou também fechou a porta, puxou a cadeira ao lado de Catarina e sentou, quando ele pensou em se apresentar, tomei a frente e apresentei o meu advogado.

— Deixa ver se eu entendi, O senhor quer namorar comigo de mentirinha? — Ela perguntou e passou a mão nos cabelos.

— Apenas nós três saberemos que é de mentirinha, para o resto do mundo será um namoro como qualquer outro.

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