Míriam
Eu caminhava lentamente pelo grande salão do novo castelo, ajustando um vaso aqui, uma cortina ali, enquanto os últimos raios de sol se infiltravam pelas janelas altas. O lugar se transformara ao longo do último ano, e agora, com o brilho das velas e o perfume das flores, parecia pronto para abrigar a alegria que tanto ansiamos depois de tempos tão sombrios.
Isabel se aproximou de mim, o andar cuidadoso, a barriga de quase oito meses um sinal visível de esperança e renovação. Seu sorriso era suave, mas seus olhos brilhavam com uma luz que reconheci bem; era o brilho da vida que crescia dentro dela.
"Está tudo tão lindo, Míriam," ela comentou, seus olhos percorrendo o salão adornado.
“Obrigada, Isabel. Quis que tudo estivesse perfeito para o baile desta noite. Um novo começo para todos nós,” respondi, não apenas referindo-me ao castelo, mas às nossas vidas entrelaçadas por fios de dor e amor.
Nesse momento, Leonardo apareceu, os cabelos um pouco mais grisalhos do que eu me lembrava, uma pilha de papéis em uma mão e seu inseparável pergaminho na outra. "Míriam, você viu os números do último carregamento de vinho? Estão...”
“Leonardo, por favor, deixe os negócios para amanhã,” interrompi, sorrindo. “Hoje, devemos apenas celebrar.”
Ele assentiu, um sorriso relutante cruzando seu rosto. “Claro, você tem razão. Hoje é dia de festa.”
Conversávamos sobre trivialidades, a excitação do baile crescendo, quando a grande porta do salão se abriu com um estalido que ecoou pelo espaço. Todos os olhares se voltaram para a figura que se delineava contra o portal. Era Ricardo, com o cabelo um pouco mais longo do que lembrávamos e uma barba por fazer lhe cobrindo parte do rosto. Ele parecia mais velho, os olhos carregando histórias não contadas de sua jornada.
Ele parou por um momento, seu olhar varrendo o salão até que seus olhos encontraram os meus. “Desculpe a interrupção,” sua voz era a mesma, embora carregasse um timbre de humildade que não estava lá antes.
Leonardo foi o primeiro a quebrar o silêncio. “Não é uma interrupção, Ricardo. É um retorno.” E com um aceno, convidou-o para se juntar a nós.
O restante da noite se desenrolou com a suavidade de uma melodia há muito esquecida, mas nunca perdida. Falamos pouco sobre onde ele estivera; era um assunto para outro momento. Naquela noite, apenas celebrávamos o reencontro, a família reunida sob o teto de um novo lar.
Eu olhava ao redor, vendo as risadas compartilhadas, os abraços apertados, e sentia uma paz profunda. Nós tínhamos sobrevivido, crescíamos juntos, e enquanto observava todos ali, sabia que, não importava o que o futuro nos reservasse, estávamos prontos para enfrentá-lo, juntos.
Logo vejo um pequeno correndo em nossa direção, com os olhos azuis como os da mãe e cabelos negros — o nariz, sem dúvida, era do pai. Ou talvez não, quem sabe.
"Senhores, o baile os espera", anuncia Maria, surgindo e nos assustando. Percebo o olhar de empolgação nos olhos de todos, principalmente no do meu irmão. O ano de 2024 havia ficado definitivamente no passado, e este era nosso futuro: sem lágrimas, ou melhor, sem as lágrimas do passado.
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Atualizado até capítulo 20
Comments
Célia Chuncar
Parabéns !
2024-06-04
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thalia sousa
aiiii obrigadooo /Drool//Drool//Drool/
2024-06-01
0
KIM FANFICTION
pra quem escreve seu primeiro livro tá ótimo /Doge//Good//Ok/
2024-06-01
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