CAPÍTULO DEZ

ISABEL

"Vejo que seu dia não foi muito agradável, minha noiva", vejo a figura de Leonardo logo pela manhã.

Desde a tarde de ontem, não havíamos nos encontrado, e já que durante a tarde estava tomando chá com as damas, nas quais falavam muitas atrocidades, logo após estava cansada demais até mesmo para o jantar.

"Irá me tratar como noiva a partir de agora?" Falo enquanto olho para um ponto que estava fazendo na renda.

"E você não é isso?" Sorrio e me levanto.

"Por que veio me procurar, príncipe?" Ele estende seu braço.

"Quero passear com a senhorita, não posso?" Concordo e seguro seu braço, e logo nos deslocamos para fora dos muros do castelo.

Enquanto caminhávamos pelos exuberantes jardins do castelo, o coração aquecia-se de puro encanto. A manhã estava envolta pela brisa fresca, e o céu nublado parecia se inclinar em respeito ao charme do local.

Ele estava imponente em seu traje elegante. Usava um casaco preto de corte impecável, que delineava sua silhueta ereta e decidida. O colete verde escuro contrastava perfeitamente com a camisa branca bem passada e as calças bege, que caíam graciosamente até suas botas pretas brilhantes. Para arrematar, luvas brancas impecáveis adicionavam um toque de nobreza e refinamento a todo o conjunto.

Quanto a mim, sentia-me como uma figura saída de um conto de fadas em meu vestido verde claro, cujos detalhes delicados evocavam uma sensação de frescor e leveza. As mangas bufantes ofereciam um ar romântico, enquanto o decote quadrado, adornado com uma singela corrente de pérolas, exalava elegância. O vestido caía suavemente até os meus pés, e as luvas brancas complementavam a harmonia do visual.

Os jardins que nos cercavam eram esplendorosos, impecavelmente cuidados, com sebes e arbustos podados à perfeição. Todos os caminhos estavam enfeitados com pequenas flores brancas, que pareciam salpicar de estrelas o nosso passeio matinal. A mansão, ao fundo, erguia-se grandiosa com suas numerosas janelas e a cúpula distinta no topo, um testemunho do esplendor de outra era.

Passeávamos de braços dados, até ele parar em um certo local do jardim.

"Você já se apaixonou?" A pergunta soa rapidamente.

"Paixão?" Nego com a cabeça após repetir a palavra.

Para mim era desconhecida, sempre via em livros e histórias de amor e romance, mas meu coração nunca se acendeu para ninguém, minhas obrigações sempre gritavam mais alto e me deixavam à mercê de dor e sofrimento.

"Mas e o senhor? Como um bom libertino, acredito que casar-se com uma dama da qual não sabia a origem não estava em seus planos." Ele sorri.

Eu sabia tão pouco de sua vida, assim como em tudo nesse castelo, ele era um mistério. Não sabia nem mesmo sua origem, já que seu nome foi citado apenas quando meu pai resolveu dar minha mão a ele. Eu só sabia que ele havia me salvado de um casamento que não me daria nem uma gota de felicidade.

"O noivado foi uma surpresa para mim, mas a senhorita está se mostrando muito mais agradável do que eu imaginava." Ele dá um leve sorriso de canto, tinha algo naquele sorriso que me chamava a atenção. Era bom.

Ele era gentil comigo, mas ao mesmo tempo frio e distante. Não falava a menos que eu lhe fizesse alguma pergunta. Tirando o dia do passeio a cavalo, não havíamos conversado muito. Era desagradável, mas ao mesmo tempo bom; eu gostava.

"Acha que nossos pais marcarão a data do casamento para muito próxima?" Ele apenas dá de ombros.

"Não me importo para quando eles resolverão marcar essa data, mas espero que não demorem muito." Ele acaricia minha mão que estava apoiada em seu braço.

Por algum motivo, dou um sorriso interno. Por algum motivo, também desejava que a data do casamento fosse marcada logo. Seria isso o tal amor? Ou apenas desejo de sair desses muros por um tempo?

"Senhorita, o rei a chama." Maria aparece meio eufórica e com o cabelo bagunçado.

"Hã? O quê?" Ela apenas nega com a cabeça, passando a mão pelos fios e sorrindo. "Melhor irmos, Vossa Alteza." Faço uma reverência e ele também faz uma junto comigo.

Aquela sala do trono sempre me dava calafrios. Não era normal a sensação que eu sentia ao estar ali; era como se os móveis fossem me devorar ou algo assim. No castelo, não havia sequer resquícios de que minha mãe um dia esteve ali, nem mesmo quadros ou comentários. Tudo sobre ela era um enorme segredo. Às vezes me perguntava se eu tinha mesmo uma mãe ou fui achada em um rio.

"Minha querida," disse o Rei. Curvei minha cabeça em sua direção. "Como foi o passeio com seu noivo esta manhã?"

Eu nunca tinha conversado com meu pai, nem ao menos sabia como fazer isso. Como falar com um estranho?

"Foi..." Antes mesmo que eu começasse a falar, ele me atropelou com suas palavras.

"Espero que esteja se comportando. Seu casamento já está com data prevista e o acordo logo será selado." Apenas dou um sorriso de canto.

Ele falava e falava sobre tudo. Sua voz já estava me estressando, e uma agonia tomava conta do meu corpo por estar naquela sala.

"Hoje teremos um jantar de pedido de desculpa para o Conde. O noivado de vocês teve que ser encerrado, mas ele permanece sendo um conde." Meu olhar de indignação não poderia ser maior.

Acredito que nem mesmo a máscara mais bonita do reino poderia esconder meu rosto nesse momento. Como eu me sentaria à mesa com aquele homem? Somente sua presença me dava calafrios, e com certeza ele faria piadas e comentários desnecessários.

"Pai," comecei, minha voz tremendo levemente, "por que nunca falamos sobre minha mãe?"

O Rei franziu o cenho, uma sombra passando por seu rosto. "Isabel, certas coisas não devem ser discutidas."

"Mas por quê? É como se ela nunca tivesse existido. Eu não tenho nem uma lembrança dela," insisti, sentindo o desconforto crescer entre nós.

"Isso não é da sua conta," ele respondeu, sua voz fria e cortante. "Sua responsabilidade é com o seu futuro, não com o passado."

"Mas e se eu quiser saber sobre meu passado? E se isso for importante para mim?" Minha voz se elevou um pouco, desafiando-o.

O Rei se levantou abruptamente, fazendo a cadeira ranger. "Chega, Isabel. Este assunto está encerrado."

Senti um nó se formar na minha garganta, mas me mantive firme. "Se eu não posso saber sobre minha mãe, como posso confiar nas decisões que você toma para o meu futuro?"

Ele se aproximou, seus olhos fixos nos meus, e sussurrou friamente: "Você não precisa confiar, apenas obedecer."

A tensão na sala era palpável. Eu engoli em seco e curvei a cabeça novamente, resignada. Mas dentro de mim, uma chama de revolta começava a se acender.

Claro, aqui está a continuação da história com o nome substituído e a menção de 2024 removida.

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Saí da sala do trono apressadamente, minha cabeça girando com a conversa que acabara de ter com meu pai. As palavras dele ecoavam na minha mente, cada uma mais dolorosa que a anterior. Passei pelas grandes portas de madeira e quase tropecei em Ricardo, que estava encostado na parede do corredor, com os braços cruzados e um sorriso sarcástico no rosto.

"Bem, se não é a princesa mais perturbada do reino," disse ele, levantando uma sobrancelha. "Tive a impressão de que você estava precisando de um respiro."

"Ricardo," suspirei, tentando recuperar o fôlego e a compostura. "Não estou no humor para suas piadas."

Ele descruzou os braços e se aproximou de mim, seus olhos brilhando com um misto de preocupação e curiosidade. "O que aconteceu lá dentro? O rei estava sendo um tirano de novo?"

"Ele sempre é," respondi, olhando para o chão. "Mas hoje foi pior. Ele se recusa a falar sobre nossa mãe. E agora, tenho que jantar com aquele Conde repulsivo."

Ricardo soltou uma risada breve, balançando a cabeça. "O velho realmente sabe como arruinar o dia de alguém. Mas sabe, Isabel, não vale a pena se torturar com o que ele diz. Seu pai é como um daqueles computadores antigos, rodando um software ultrapassado."

Eu não pude deixar de sorrir um pouco com a comparação. "Você e suas analogias modernas. Às vezes, acho que você veio do futuro."

"Eu? Do futuro? Claro, eu vim de um tempo onde a humanidade já superou muitas dessas besteiras feudais," disse ele, piscando para mim. "Mas falando sério, você não precisa deixar ele te afetar tanto. Você é mais forte do que pensa."

"É fácil falar," murmurei, olhando para ele. "Você não tem que lidar com todas essas expectativas e segredos."

Ricardo deu um passo mais perto e colocou uma mão reconfortante no meu ombro. "Você está certa, eu não sei como é. Mas sei que você não está sozinha nisso. Estou aqui para te ajudar a navegar por esse labirinto real. E, sinceramente, você lida com isso muito melhor do que imagina."

"Obrigada, Ricardo," disse, sentindo-me um pouco mais leve. "Suas palavras sempre me acalmam, mesmo quando são carregadas de sarcasmo."

"É um dos meus muitos talentos," ele respondeu com um sorriso malicioso. "Agora, que tal darmos uma volta por aí? Tenho certeza de que respirar um pouco de ar fresco vai ajudar a clarear sua mente."

Assenti, sentindo-me grata por sua presença. "Vamos. Preciso de qualquer coisa que me faça esquecer essa conversa horrível."

Enquanto caminhávamos pelos corredores do castelo, senti a tensão em meus ombros se dissipar um pouco. Ricardo sempre tinha esse efeito sobre mim, trazendo uma perspectivas novas e novas emoções.

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