CAPÍTULO ONZE

LEONARDO

Segunda-feira

O sol mal havia nascido quando encontrei Isabel nos jardins. Ela estava sentada em um banco de pedra, observando as flores com um olhar distante. Eu sabia que a conversa com o rei a perturbara profundamente. Ao me aproximar, notei a fragilidade em seus olhos, mas também uma força subjacente que sempre me intrigara.

"Bom dia, Isabel," disse suavemente, sentando-me ao seu lado. "Como está se sentindo hoje?"

Ela suspirou, desviando o olhar das flores para mim. "Ainda tentando digerir tudo. Parece que o mundo ao meu redor está desmoronando, e não sei como impedir."

"Sabe," comecei, tentando encontrar as palavras certas, "às vezes, é nos momentos mais difíceis que descobrimos nossa verdadeira força."

Ela me lançou um olhar curioso. "Você realmente acha que sou forte?"

"Eu sei que você é," respondi. "Você lida com tudo isso com uma graça que poucos conseguiriam."

Um leve sorriso surgiu em seus lábios. Isso parecia iluminá-la de alguma forma.

Terça-feira

Passamos a manhã na biblioteca, onde Isabel me mostrava seus livros favoritos. Suas mãos deslizavam suavemente pelas lombadas dos volumes antigos, e seus olhos brilhavam enquanto falava sobre cada história.

"Este é um dos meus preferidos," disse ela, puxando um livro de capa azul escura. "É sobre uma princesa que luta para salvar seu reino, mas ao mesmo tempo descobre quem ela realmente é."

"Interessante," comentei, pegando o livro de suas mãos. "Parece que tem algumas semelhanças com sua própria vida."

Ela riu levemente. "Talvez. Mas espero que minha história tenha um final feliz."

"Eu também," respondi, sem perceber que minha voz estava mais suave do que o habitual. "Você merece um final feliz, Isabel."

Nossos olhares se encontraram, e por um momento, o tempo pareceu parar. Havia algo nos olhos dela, uma profundidade que me puxava para mais perto.

Quarta-feira

O dia começou com uma tempestade, e fomos forçados a permanecer dentro do castelo. Encontramos refúgio na sala de música, onde Isabel me surpreendeu ao sentar-se ao piano.

"Você toca?" perguntei, surpreso.

"Um pouco," respondeu modestamente. "Minha mãe me ensinou quando eu era pequena."

Ela começou a tocar uma melodia suave, e a sala se encheu de uma música melancólica que parecia refletir seus sentimentos. Fechei os olhos e deixei a música me envolver, sentindo uma conexão profunda com ela.

"Isso é lindo, Isabel," disse quando ela terminou. "Você tem um talento incrível."

"Obrigada," ela respondeu, corando ligeiramente. "A música sempre foi uma forma de escape para mim."

Para mim, agora, é uma forma de entender um pouco mais sobre você, pensei. Mas não disse nada em voz alta, apenas sorri.

Quinta-feira

Caminhamos pelos corredores do castelo, discutindo planos para o futuro. Isabel falava sobre suas esperanças e sonhos, e eu me vi perdido em suas palavras, encantado pela paixão com que ela descrevia cada detalhe.

"Quero fazer algo significativo," disse ela. "Algo que faça diferença para as pessoas."

"Você já faz, Isabel," respondi. "Sua presença é uma luz para todos ao seu redor."

Ela parou e me olhou nos olhos. "Você realmente acha isso?"

"Eu sei disso," respondi. "Você tem uma bondade e uma força que poucos possuem. E é isso que faz de você uma pessoa tão especial."

Ela sorriu, e dessa vez, percebi que ela estava se apegando cada vez mais a mim.

Sexta-feira

Naquela noite, houve um baile no castelo. Isabel estava deslumbrante em um vestido azul claro, e não consegui tirar os olhos dela durante toda a noite. Dancei com ela, sentindo a suavidade de sua mão na minha e a proximidade de nossos corpos enquanto nos movíamos ao som da música.

"Você está linda esta noite," sussurrei em seu ouvido.

Ela corou e desviou o olhar. "Obrigada, Leonardo. Você está muito elegante também."

"Eu sou o homem mais sortudo deste salão," pensei enquanto dançávamos. "Por estar aqui com você."

Sábado

Passamos a tarde na torre mais alta do castelo, de onde se podia ver todo o reino. Isabel olhava para o horizonte, perdida em pensamentos.

"O que você está pensando?" perguntei, curioso.

"Sobre o futuro," ela respondeu. "E sobre como as coisas podem mudar tão rapidamente."

"É verdade," concordei. "Mas uma coisa nunca muda: minha vontade de estar ao seu lado."

Ela me olhou surpresa, e por um momento, temi ter dito demais. Mas então, ela sorriu e colocou a mão sobre a minha.

"Leonardo, você é uma das poucas coisas que me mantém equilibrada," disse ela suavemente. "Obrigada por estar aqui para mim."

"Eu sempre estarei," prometi, tentando manter minha voz firme.

Domingo

Naquele dia, fui acordado por um servo, com a notícia de que Isabel estava no jardim, esperando por mim. Apressei-me a encontrá-la, mantendo uma fachada calma.

Ela estava sentada em nosso banco habitual, com um ar de tranquilidade que eu raramente via. Ao me ver, sorriu e fez um gesto para que eu me sentasse ao seu lado.

"Queria compartilhar este momento com você," disse ela, olhando para o nascer do sol.

"É lindo," respondi, mas meus olhos estavam nela, não no horizonte.

"Leonardo," começou ela, virando-se para mim, "nos últimos dias, você tem sido uma âncora para mim. Eu não sei como expressar o quanto isso significa."

"Isabel," disse, minha voz tremendo ligeiramente, "Eu.... eu."

Vamos, Leonardo, já havia se passado uma semana e você sabia o que sentia por ela. O que custava assumir? Uma vez na vida assumir que...

"Senhor, a senhorita Míriam não se encontra bem em seu quarto e pediu para chamá-lo," meu servo me avisou. Levantei-me imediatamente, deixando meus planos e confissões para Isabel para outro momento.

"Desculpe, Isabel. Parece que meu dever me chama," disse, tentando não mostrar a frustração em minha voz.

Ela assentiu, parecendo entender. "Claro, Leonardo. Obrigada por tudo esta semana."

Afastei-me, sentindo um peso no peito. Talvez fosse melhor assim. No fundo, sabia que meus sentimentos por Isabel estavam se tornando mais intensos, mas não estava pronto para admitir isso, nem para mim mesmo.

Quando entrei no quarto de Míriam, ela estava deitada, o rosto pálido contrastando com o rubor de febre em suas bochechas. Ao me ver, esboçou um fraco sorriso.

"Você veio rápido, Leo," murmurou ela, a voz fraca.

"Claro que vim," respondi, aproximando-me e colocando a mão na sua testa. Estava quente demais. "Você está pegando fogo, Míriam. Isso não é só uma gripe comum."

Ela tentou se sentar, mas eu a empurrei suavemente de volta para o travesseiro. "Fique deitada. Vou buscar água fria para baixar essa febre."

Enquanto eu preparava compressas de água fria, o pensamento de Isabel ficou em segundo plano. Míriam sempre foi minha prioridade, e vê-la tão doente mexia comigo mais do que eu queria admitir. Quando voltei, comecei a aplicar as compressas em sua testa, braços e pulsos, tentando trazer algum alívio.

"Você lembra daquele resfriado que pegou em 2023?" perguntei, tentando distraí-la. "Passou uma semana inteira de cama reclamando do quanto os remédios eram ruins."

Ela riu, mas logo se transformou em uma tosse seca. "Lembro sim. E você ficou do meu lado o tempo todo, me obrigando a tomar aquelas sopas horríveis."

"Sopas medicinais são o que temos de melhor aqui," disse, tentando manter o tom leve. "Você sabe que faria qualquer coisa para te ver bem."

"Eu sei, Leo," respondeu, seus olhos fechando lentamente. "Mas esta febre... parece diferente. Não sei se é só uma gripe."

Fiquei em silêncio, preocupado. Míriam sempre foi forte, mas algo naquela febre me deixava inquieto. Ela estava delirante e suava profusamente, e minhas tentativas de baixar a temperatura não estavam funcionando como esperado.

"Míriam," disse, segurando sua mão. "Se a febre não melhorar até amanhã, vou chamar o médico do castelo. Não podemos arriscar."

"Não quero ser um fardo," ela sussurrou, apertando minha mão com a pouca força que lhe restava. "Tem muita coisa acontecendo... e você tem Isabel."

"Esqueça Isabel por enquanto," disse, minha voz firme. "Você é minha irmã. Nada é mais importante do que sua saúde. E você nunca será um fardo para mim."

Ela assentiu lentamente, seus olhos se fechando novamente. Fiquei sentado ao seu lado, segurando sua mão e trocando as compressas de água fria com regularidade. O tempo parecia arrastar-se enquanto eu observava sua respiração irregular, a febre apenas piorando.

Mais tarde naquela noite

A noite caiu, e a febre de Míriam não dava sinais de ceder. Minha preocupação crescia, cada hora que passava parecia aumentar minha angústia. Levantei-me para procurar mais água fresca, mas ao voltar, encontrei-a murmurando baixinho, ainda em um estado de semi-delírio.

"Leo... você acha que vamos voltar algum dia?" ela perguntou, a voz mal audível.

"Acho que sim, Míriam," respondi, tentando manter minha voz calma. "Temos que acreditar que sim. Mas agora, você precisa descansar e melhorar."

Ela tentou sorrir, mas logo se rendeu ao cansaço. Fiquei ao seu lado, preocupado e impotente. Cada minuto que passava sem melhora fazia meu coração pesar mais.

Lembrei-me dos avanços médicos do nosso tempo, desejando desesperadamente ter algo assim ao meu alcance agora. Aqui, em 1800, os recursos eram limitados e a incerteza era uma constante. Mas eu não podia deixar a esperança escapar.

"Vai ficar tudo bem," sussurrei, mais para mim mesmo do que para ela. "Você vai melhorar. Eu não vou deixar que nada de ruim aconteça com você."

A noite avançou lentamente, e permaneci ao lado de Míriam, esperando qualquer sinal de melhora.

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