Logo após o jantar estamos bebendo nosso chá de todas as noites.
Minha mãe prepara chá de camomila todas noites para nós, segundo ela para acalmar e dormir bem.
O jantar do meu pai é praticamente só o chá, já que ele mal come, pois ele teve que fazer uma cirurgia no estômago há alguns anos atrás, tiraram um pedaço do estômago dele, na verdade. Tudo isso porque meu paizinho levou uns tiros e ficou entre a vida e a morte.
Por isso ele cuida tanto da nossa segurança.
— Senhor? — Lucas entra na sala. — Com licença, desculpe, atrapalhar, mas tem um homem querendo falar com a senhorita Laura.
— Homem? — meu pai olha para mim interrogativo.
— Deve ser o cabeludo que trabalha pra tia Bella. — Luíza diz. — Que homem meu Deus!
— Sossega esse faixo Luíza! — meu pai diz. — Essa menina puxou para você loirinha. — meu pai diz para provocar minha mãe.
— A mim?
— Sim.
— Ela puxou para você! Você quem pegava todas! — minha mãe diz e meu pai sorri. — Quem está lá fora, Lucas?
— Gabriel, que trabalha para a senhora Bella, disse que a senhorita Laura estava esperando por ele.
— Estava? — minhas irmãs perguntam juntas e olham para mim.
— Não! Se eu estivesse, estaria arrumada.
— Mande ele entrar. — minha mãe diz.
— Mamãe! — digo me levantando e indo lá fora.
Gabriel está parado do lado de fora de casa, ele está todo vestido de preto.
Que homem quente meu Deus!
Foco Laura!
Ele usa uma camiseta básica com uma jaqueta de couro por cima, calça jeans e sapatênis, tudo preto. E os cabelos estão presos no coque samurai de sempre.
— Boa noite moça. — ele diz e eu abro o portão.
— Boa noite.
— Está pronta?
— Não!
— Eu disse que vinha às 21:00, já são 21:10.
— Eu achei que não estava falando sério.
— Eu disse que vinha, tenho palavra.
— Eu não vou sair com você. Para sair preciso me programar, levar seguranças.
— Sei... Coisa de herdeira, seu pai está certo de cuidar de você, uma preciosidade dessa não pode andar sozinha por aí.
— Exatamente.
— Vou te levar só para dar uma volta.
— Eu não vou a lugar nenhum com você.
— Eu posso entrar e conversar com seu pai?
— Não!
— Vamos vai? Vai ser levar, eu te trago antes de meia noite. — ele pega a xícara da minha mão e bebe um gole do meu chá. — Hum, camomila, eu amo, deve ser mais gostoso ainda provar diretamente dos seus lábios. — reviro os olhos.
— Boa noite. — meu pai diz se aproximando de nós e minha mãe vem logo atrás dele, seguida pelos meus seis irmãos.
— Boa noite senhor. — Gabriel aperta a mão do meu pai.
— O que deseja? — meu pai pergunta.
— Eu disse para Laura que viria buscá-la.
Essa é a primeira vez que meu nome sai da boca dele e isso me arrepia inteira.
Foco Laura!
— Marcou com ele filha? — meu pai pergunta.
— Não!
— Eu disse pra Laura que viria buscá-la às 21:00.
— Eu não achei que estivesse falando sério, já que eu disse que não queria sair.
— Ah, vai logo Laura! — Luíza diz.
— Aonde querer levar minha filha uma hora dessas? — meu pai pergunta.
— Só dá uma volta, eu a trago antes da meia noite.
— Eu preciso saber especificamente onde minha vai estar.
— Eu quero levá-la até a orla e dar uma volta.
— E quais são suas intenções com a minha filha?
— Papai! — meu pai me mata de vergonha.
— As melhores possíveis senhor.
— Saiba que se ousar magoar minha filha irá se ver comigo.
— Eu jamais faria isso.
— Não devemos fazer promessa que não podemos cumprir, as vezes magoamos alguém por pura idiotice, digo por experiência própria, magoei muito minha esposa no início do nosso relacionamento e se ela não tivesse me perdoado, eu a teria perdido para sempre e eu não teria o que tenho hoje. Porque ela e meus filhos são o que eu tenho de mais precioso. E por isso eu digo, se fizer minha filha derramar uma única lágrima que seja, você vai viver o inferno em minhas mãos.
— Papai! Eu não tenho nada com ele e nem pretendo ter.
— Você vai ter Laura! Acredite em mim. Pode ir com ele, mas tome cuidado. Lucas vai com vocês. — meu pai diz e entra levando com ele meus irmãos e minha mãe.
— Ouviu seu pai? Você vai ter algo comigo ainda. — reviro os olhos. — Vamos?
— Eu não estou arrumada para sair e estou sem minha bolsa.
— Não precisa se arrumar, está linda assim.
Estou usando um vestido leve, azul celeste e chinelas havaianas de cor branca com glitter e meus cabelos estão presos em um rabo de cavalo.
— Muito bonito! Você está todo arrumado e eu não.
— Eu te falei que viria te buscar, deveria ter se arrumado.
— Não achei que estava falando sério!
— Eu estava.
— Sua bolsa e uma sandália filha. — minha mãe diz se aproximando de nós.
— Obrigada mamãe.
— Juízo viu, use camisinha.
— Mamãe! — ela me dá um beijo e entra.
— Seus pais são muito engraçados.
— Eu disse! Meu pai não é tão ruim quanto parece, ao não ser quando está nos tribunais, aí sim, pode sair se perto.
— O que ele fez com o seu ex?
— Queria bater nele, mas minha mãe não deixou, mas ele foi até o pai do sujeito e disse umas poucas e boas e disse que não queria que o filho dele se aproximasse de mim ou então ele iria tornar a vida deles impossível. O pai dele também é advogado, trabalhava no escritório do meu pai, mas depois disso ele pediu demissão.
— O que seu ex fez de tão grave pra te deixar com tanto medo de se envolver com outra pessoa?
— Prefiro não falar sobre isso.
— Ok! Só quero que saiba que eu não sou ele.
— No final são todos iguais e só gostam do que não presta.
— Não! Está errada! Eu gosto de você e você presta. — sorrio e nego com a cabeça.
Sento na cadeira que tem aqui na área de casa para calçar a sandália e Gabriel se ajoelha em minha frente, pega a sandália da minha mão e coloca em meu pé e fecha, depois pega a outra e faz o mesmo.
Ele aproveita e acaricia minha perna e deixa um beijo leve nela.
— Eu não sou ele entendeu? — ele diz olhando em meus olhos.
Ele se agacha entre minhas pernas e coloca as mãos do lado das minhas coxas e me encara muito sério.
— Eu sou um homem de verdade Laura. — amo o jeito como meu nome sai da boca dele. — Eu jamais brincaria com seus sentimentos. Tenho vinte e oito anos e tenho uma ideia bem clara do que quero e mesmo que tivesse menos idade, eu jamais brinquei com os sentimentos de alguém, se estou dizendo que quero ficar com você e porque quero ficar com você e só com você.
— Você por acaso não curte um surubão não, não é? — ele me olha confuso e sorri.
— Nunca pratiquei isso! Porquê? Seu pai sabe que você curte essas coisas?
— Eu não curto isso, é só pra saber mesmo.
— Não! Eu nunca participei disso e nem pretendo e espero que você também não.
— Eu não! Deus me livre.
— E porque a pergunta? — desvio o olhar e abaixo a cabeça.
— Já entendi. Volto a dizer, eu não sou ele! Vamos? — ele se levanta e estende a mão para mim e me ajuda a levantar.
Passamos pelo portão e Lucas já está na moto, às vezes ele faz minha escolta de moto.
— Pode entrar. — Gabriel abre a porta do carro para mim.
— Cadê sua moto?
— Achei que não seria adequado te levar para sair de moto, e talvez seu pai não iria aprovar.
— Meu pai ama motos.
— E você já andou de moto.
— Só com meu pai, não sei pilotar.
— Te levo para dar uma volta comigo outro dia.
— Ok.
Gabriel dá partida no carro e logo nós estamos na orla.
A vista é espetacular, as luzes, o mar, o céu estrelado. Nunca havia vindo aqui, é um lugar muito bonito.
— É muito lindo aqui.
— Nunca havia vindo aqui?
— Não.
— Eu sempre venho, minha mãe tem um quiosque aqui, geralmente ela só trabalha durante o dia depois que ficou doente e a noite os funcionários dela que cuidam de tudo.
— O que ela tem?
— Fibromialgia, há dias em que ela não consegue nem levantar de tanta dor.
— Não tem tratamento?
— Tem! Apenas para amenizar os sintomas.
— E ela continua trabalhando?
— É melhor, ela precisa se movimentar, ajuda a amenizar as dores, também faz exercícios moderados. O importante é não ficar parada, o corpo tem que estar em movimento.
— Entendi.
— Mas nos dias ruins ela não vem e nem eu vou trabalhar para cuidar dela, sua tia sabe, até já visitou minha mãe.
— Minha tia é incrível.
— Todos vocês são. — sorrio. — Vem? — ele diz segurando minha mão.
Olho para todos os lados é muito bonito aqui, cheio de pessoas, quiosques que vendem de tudo um pouco, óculos, brinquedos, saídas de praia e comida, sinto o cheiro gostoso.
— É aqui. — ele diz parando em frente ao quiosque "Linda Flor". — Depois que viemos embora de ilha paraíso compramos esse quiosque.
— Eu amo ilha paraíso. — digo.
Ilha Paraíso é onde minha família tem a casa de praia, eu amo aquele lugar.
— Passei uma parte da infância lá e a outra aqui, depois meus pais deixaram a administração de lá com outra pessoa e viemos para cá.
— Deve ter sido ótimo crescer assim.
— Sim, mas sua infância deve ter sido bem melhor que a minha.
— Ruim não foi, já que meus pais são incríveis, meus avós, meus tios, primos, mas nós sempre vivemos muito reservados, por causa da profissão dos meus pais e também porque eles são bem conhecidos e sempre havia algum paparazzi tentando tirar fotos nossas e meus pais não queriam nos expor. Nunca pude sair para brincar na rua, ir à praia assim, só na nossa casa de praia.
— Imagino que não era tão legal.
— Era divertido, pois meus pais faziam ser, mas nunca fomos como as outras crianças.
— Ainda agora não podem ser, não é?
— Não, sempre com seguranças.
— Eu vi uma foto sua com suas irmãs na frente de uma boate, há algumas semanas atrás.
— Sim, era inauguração da boate do filho do juiz Bezerra, amigo do meu pai.
— Ah! Se divertiu muito?
— Sim, bebi e dancei.
— Não beijou ninguém?
— Eu não!
— Você e suas irmãs são lindas, nenhum cara chegou em vocês?
— Claro que sim, mas nós dispensamos todos, bom, Letícia e eu, Luíza é apocalíptica como minha mãe diz, deu um fora no filho do juiz e saiu de lá com outro, no caso o cara que ela gosta.
— Hum... E você gosta de alguém?
— Eu não!
— Ótimo, caminho livre para mim.
— Você não perde a oportunidade de soltar uma das suas, não é?
— Não!
— Você é inacreditável!
— Senta. — ele diz puxando a cadeira para mim.
— Obrigada.
— Chefe! — um rapaz bronzeado e bem musculoso cumprimenta Gabriel.
— E aí?! Como vai?
— Bem! Você nunca mais tinha vindo.
— Sem tempo, como está o movimento hoje?
— Muito bom.
— Ótimo.
— Oi. — ele estende a mão para mim e eu aperto. — Sou Apolo.
— Laura. Deve ser incrível trabalhar com essa vista.
— É sim! O cardápio. — ele diz e me entrega o cardápio. — Bom te ver chefe. — ele dá um tapinha no ombro de Gabriel e sai.
Olho em volta, o espaço do quiosque é bem amplo e dá para sentir o cheiro do mar e a brisa leve soprando no rosto.
— Gab! — uma morena muito bonita se aproxima de nós, ela também trabalha aqui, já que está com uniforme igual ao de Apolo.
— Oi Nat. Como vai?
— Bem, e você?
— Bem. Oi, sou Natália, nos conhecemos desde crianças, somos amigos viu. — ela diz para mim e eu sorrio para ela.
— Ok, sou a Laura.
— Laura Alencar, não é? Filha do criminalista e da advogada blogueira.
— Sim, a própria.
— Eu amo a sua mãe, a sigo em todas as redes sociais.
— Que bom, muito obrigada, vou falar pra ela que encontrei uma admiradora dela. — ela sorri.
— Muito obrigada.
— Eu quem agradeço.
— Posso te dar um abraço? — ela pergunta para mim.
— Claro. — digo me levantando e abraçando-a.
— Aí como você é cheirosa. — sorrio.
— Obrigada.
— Desculpa. — ela diz constrangida.
— Tudo bem.
— Vou deixar vocês à vontade. Bom te ver Gab.
— Também Nat. — ela sai.
— Gostei dela. — digo.
— Nat é uma figura, minha melhor amiga. — olho para ele e lembro da história da tia Bella e do tio Raul, eles eram amigos de infância e hoje são casados. — Só amiga mesmo, como ela disse, Nat curte mulheres.
— Ah! Que legal.
— Você curte mulheres também?
— Não, mas respeito quem curte e fico feliz por quem pode se assumir, há muitas pessoas que vivem de aparências.
— Isso é verdade.
— Ela é muito legal.
— Vou te perder pra Nat é?
— Será? — ele me olha sério.
— Não deveria ter te trazido aqui, ela é mais bonita que eu. — ele diz e nós sorrimos.
— Ela é bonita mesmo.
— Não mais que você moça.
— Obrigada.
— Vai querer beber o quê?
— Acho que esse drink de morango.
— Esse é ótimo, fui eu quem criei.
— Hum... vai ser esse então. — Gabriel pede dois drinks de morango para nós dois.
— Quer experimentar só meu drink moça? Tem muito mais que pode experimentar.
— Ah é? O que, por exemplo?
— Melhor te mostrar do que te dizer. — sorrio.
— Olha Gabriel, vou ser bem sincera, eu gosto muito de flertar com você, acho muito divertido e até então achei que era brincadeira, mas você está levando a sério. E eu realmente não quero nada com ninguém, não acho prudente continuarmos com nossos flertes, já que eu não irei dar outro passo com você. — ele me encara muito sério.
— Vai me deixar solto na pista? — sorrio.
— É melhor.
— Vai me deixar disponível? A loira me quer ainda. — reviro os olhos.
— Se seu destino for ficar com ela, então eu deixar ou não, não irá fazer diferença.
— Au! Você bate com força, hein?
— Os drinks. — Nat diz deixando os dois drinks na mesa.
— Obrigada. — digo e ela sorri.
— Obrigado Nat. — Gabriel diz e ela sai.
Experimento o drink e lambo os lábios, Gabriel olha hipnotizado para minha boca e nega com a cabeça.
— Vontade de experimentar sua boca moça, ela é muito bonita.
— Obrigada.
— Eu não sou ele Laura.
— Eu sei que não, mas isso não é por ele, é por mim! Eu não quero mergulhar em outro relacionamento e quebrar a cara.
— Você é tão jovem e bonita, deveria se permitir, permitir que se aproximem de você e que te façam feliz de verdade. Eu não sou um moleque Laura, sou um homem! Deveria ver o que é ter um homem de verdade ao seu lado. — nego com a cabeça.
— Se quiser, minha amizade está disponível, nada além disso.
— Ok! Tudo começa na amizade.
— Você não desiste mesmo, não é?
— De forma alguma moça...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 40
Comments
Betania Souza
Tratamento são só paliativos,para amenizar as dores, a ansiedade,a depressão,que vem junto com a fibromialgia!!!!
2025-02-28
2
Betania Souza
Sou portadora dessa desgraça de doença, só vivo com dor e cansada!!!!
2025-02-28
1
Celiirani Buosi
Eu acho que teve livro do Lucas,não lembro o nome.
2025-03-17
1