Capítulo 04

Após nos acomodarmos em nossos respectivos quartos, cada um tem o seu, e sempre há colchões reservas para colocar as crianças, e as gêmeas e os gêmeos dividem os quartos quando estamos aqui.

— Vamos Laura! O papai fez uma fogueira na praia e vai assar marshmallows e a mamãe fez chocolate quente. — Davi me convida e eu sorrio para o meu moreninho.

Todos os meus irmãos são muito apegados a mim. E não é por eu ser a mais velha, pois não sou a mais velha sozinha, tem minhas duas gêmeas. Eu fui a primeira das trigêmeas a nascer, mas isso não faz de mim a mais velha, enfim... Meus irmãos mais novos são muito apegados a mim, pelo fato de que sempre gostei de cuidar deles, até de Cecília e Clara, que são mais novas que eu, apenas quatro anos eu cuidava e foi assim desde que eu era muito pequena, sempre cuidei das minhas outras duas gêmeas, que no caso têm a mesma idade que eu.

— Será que os pais da Rubi vem? — sorrio para ele.

— Papai os convidou?

— Sim.

— Gosta da Rubi, Davi?

— Sim, ela é minha melhor amiga.

— E a Safi não é sua amiga também?

— Claro! Ela é também, mas Rubi é minha preferida.

— Sei... — digo e bagunço o cabelo dele.

— Laura!

— Gosta dela, não é?

— Laura, não! Eu só tenho onze anos.

— Não gosta dela?

— Gosto, ela é minha amiga.

— Sim, isso mesmo que estou falando, gosta dela, porque é sua amiga.

— Vamos logo. — ele me puxa pela mão.

— Vamos meu moreninho lindo. — o abraço e o beijo-lhe. — Te amo Davizinho.

— Também te amo Lalá.

Saímos abraçados do quarto e vamos à praia, onde meu pai fez a fogueira. Estão todos sentados em volta, menos as crianças da tia Bella e da tia Liz que já estão dormindo.

Já passa das 23:00 horas, aos finais de semana, minha mãe deixa o Davi, Noah, Clara e Cecília dormirem mais tarde, pois não tem aula.

— Onde estão seus irmãos papai? Eles não vêm? — pergunto.

— Só amanhã.

— Nossos primos vem também? — olho para Luíza que fecha a cara, e eu sei bem porquê.

— Não sei filha, eu convidei a todos. E qual é a daquele carinha que te emprestou a camiseta? — meu pai pergunta e só então me dou conta que ainda estou usando a camiseta dele.

— Nada papai, o conheci hoje quando fui ajudar a tia Bella com um projeto.

— Ele é um gato! — Luíza diz e meu pai olha sério para ela.

— Sossega esse faixo menina! — meu pai diz e ela sorri.

— Papai eu não sou cega, o carinha lá é bem bonito, pena que a Laura não quer mais ficar com ninguém.

— Não quero mesmo! — digo.

— Pois deveria, você é tão bonita Lalá. — tia Liz, diz.

— Muito bonita! — tia Bella completa.

— Do quê adianta tanta beleza se ela não me impediu de ser traída?

— Lalá, isso diz muito mais sobre ele do que sobre você. — minha mãe diz. — Nem todos os homens são iguais.

— Os únicos homens que valem a pena são os da família e eu não posso ficar com nenhum deles. — digo.

— Laura, você precisa sair e conhecer novas pessoas. — minha mãe diz.

— Pois eu digo que ela está bem assim, se eu pudesse homem nenhum tocaria nas minhas princesas. — meu pai diz.

— Você é um ciumento Caio Alencar! — minha mãe diz.

— Sou! Mas disso você já sabe.

— Aqui Lalá, a mamãe trouxe outro celular para você. — minha mãe diz.

— Obrigada mamãe. — digo a abraçando.

— Não vai mais sair sem segurança viu sua teimosa.

— Tudo bem mamãe.

Coloco minha conta no celular e recupero todos os meus dados e já bloqueei o outro aparelho.

Meu pai assa os marshmallows e nós comemos e também bebemos o chocolate quente que minha mãe fez.

Faz muito anos que nós fazemos isso, desde quando éramos crianças para ser exata. Meus pais nos traziam uma vez por mês para cá. Aqui nós nos sentíamos livres, pois sempre fomos muito presas e cercadas de seguranças.

Ficar aqui nos dava a sensação de liberdade, de poder correr livremente, pois apesar de nossa casa ser muito grande, nada se compara com uma casa que fica de frente para o mar e ainda tem um quintal gigante, onde se pode correr e subir em árvores e comer frutas diretamente do pé, não tem coisa melhor que isso.

Ser filhos desses dois é uma dádiva, mas também muito complicado, são advogados, muito ricos, minha mãe muito conhecida nas redes sociais. Então querendo ou não sempre fomos um pouco assediados pelos paparazzis, mãe nossos pais nunca gostaram de nos expor.

Vivemos nossa vida inteira cercadas por seguranças, até para ir à escola cada uma tinha dois seguranças que ficavam o tempo todo conosco. Só não era mais estranho, pois a maioria das pessoas que estudavam em nossa escola também tinham seguranças.

Hoje em dia já saio sem segurança, até porque meu carro é seguro e eu não vou a lugares que me esponha tanto. Meu pai não gosta da ideia e eu tenho consciência que não devo fazer isso, mas é meio constrangedor ter um homem de preto atrás de você o tempo inteiro.

Meus quatro irmãs mais novos até reclamam, mas meu pai deixa os seguranças com eles 24/7.

Minhas gêmeas e eu já vamos à faculdade sem que os seguranças fiquem em nossa cola lá dentro, mas sempre ficam do lado de fora e cobrindo todo o perímetro e caso vejam algo suspeito eles intervém na hora.

Hoje sai sem que os seguranças me vissem, eu sei que foi um erro, pois poderia ter acontecido algo comigo, mas ainda bem que deu tudo certo no final.

Olho parte da minha família ao redor dessa fogueira, digo parte, pois ainda faltam meus tios, irmãos do meu pai com suas esposas, tia Beatriz com seu esposo, meus primos, filhos deles e meus avós.

Espero que todos venham amanhã, pois reunião boa é quando estão todos aqui.

Tiro o celular do bolso da calça e tiro uma foto de todos e posto em minha rede social, com a legenda: "Há coisas que o dinheiro não compra."

Logo recebo um direct de Jonathan, meu ex cretino.

"*Saudades de você pr*incesa."

Ignoro sua mensagem e logo chega outra.

"Estou aqui na praia também, vamos nos ver?"

Bloqueio o celular e guardo de novo no bolso. Se meu pai sonha que ele falou comigo, o mundo cai ainda hoje.

Lembro que assim que terminamos ele foi até minha casa, e queria entrar, ficou fazendo escândalo no portão e meu pai foi lá e o colocou para correr, por pouco meu pai não bateu nele, só não bateu por causa da minha mãe, ela é a única que consegue parar meu pai.

Meu celular vibra outra vez e eu pego para olhar se é outra mensagem dele e por sorte não é.

Há uma solicitação de amizade, de nada mais, nada menos que Gabriel Castro, o nerd bonitão que trabalha para tia Bella e que a partir de segunda será meu chefe.

Abro o perfil dele e dou uma olhada, ele malha, faz crossfit, anda de bicicleta e luta box.

Olho se não há mensão de alguma mulher e as únicas que vejo são sua mãe, a irmã e a sobrinha.

Há algumas fotos no trabalho, montando computadores e algumas com dois cachorros.

É meio inacreditável que um homem assim não tenha namorada.

Aceito a sua solicitação e no mesmo instante chega uma mensagem dele.

"Já conseguiu outro celular moça?"

"É Laura! E sim, já consegui outro celular."

"Está fazendo o quê?"

"Sentada de frente para o mar, perto de uma fogueira, comendo marshmallows assados e bebendo chocolate quente."

"Hum, que inveja, estou deitado na minha cama, olhando para o teto."

"Você falou que mora sozinho com sua mãe."

"Sim, meu pai morreu quando eu tinha dezoito, minha irmã é casada e mora com o marido em outra cidade."

"Ah! Sinto muito."

"Tudo bem, já passou."

"Ok."

"Não vi nenhuma foto sua com seu namorado."

"Eu não tenho namorado."

"Como pode uma mulher tão bonita não ter namorado?"

"Eu estou dando um tempo dos homens."

"Está curtindo mulheres no momento?"

"Não."

"Ah! Que bom."

"Por que a pergunta?"

"Curiosidade."

"Não curto ninguém, digamos que estou dando um tempo dos relacionamentos."

"Há quanto tempo você está dando um tempo."

"Há um ano já."

"Nossa! Tempo demais."

"E você? onde está sua namorada?"

"Não tenho."

"Ah!"

"Vou te deixar aproveitar sua família aí, boa noite moça."

"Boa noite... E chefinho, meu nome é Laura."

"Eu sei 😉"

Guardo o celular e volto minha atenção para o meu pai, que pegou seu violão e vai começar a cantar, ele canta super bem.

Meu pai começa a tocar Primeiros Erros do Capital Inicial, e nós todos cantamos junto com ele.

Eu acho que já disse que eu amo fazer parte dessa família, mas eu nunca me canso de dizer isso... Eu amo muito fazer parte dessa família!

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