Capítulo 07

Após mais uma manhã na faculdade, estou indo para a Adams trabalhar. Minha tia e Christopher pagam um salário muito bom para seus engenheiros. Eu não sou nem formada ainda, vou trabalhar só meio período e vou receber 6.500 reais.

Esse dinheiro vai para a conta das ONGs da minha mãe, tenho meus gastos todos cobertos pelos meus pais, então nada mais justo do que oferecer para quem precisa.

Saio de dentro da faculdade e Lucas e mais duas sombras me esperam do lado de fora. Hoje Lucas está mais sério do que de costume.

A "conversadeira" que existe em mim não consegue ficar calada e precisa saber o que houve com ele.

— Está tudo bem Lucas?

— Sim, senhorita Laura.

— E essa cara? Está muito sério hoje.

— Nada que a senhorita deva se incomodar, coisas pessoais, não vou encher a senhorita com meus problemas.

— Mas eu perguntei e se quiser falar, eu estou aqui para ouvir. — ele respira fundo.

Eu sempre converso com os seguranças, mas tenho uma ligação especial com Lucas, tipo coisa de outras vidas e não é nada amoroso, é de amizade, o considero um amigo.

— Lembra que falei que estava construindo uma casa para minha namorada e para mim?

— Sim.

— Pois ela decidiu que não quer mais casar comigo, me deu um pé e já está com outro.

— Sério?!

— Sim! Eu acho que ela até já estava com ele pela velocidade que ela já assumiu outro relacionamento.

— Eu não consigo entender o porquê as pessoas traem! É só terminar antes de trair, você não é obrigado a ficar com ninguém.

— Exatamente.

— Eu sei bem o que está passando, até porque você presenciou uma situação que eu não gosto nem de lembrar.

— Nunca fui com a cara daquele moleque.

— Nem meu pai.

— Nossos pais sempre têm razão.

— Então... Aprendi da forma mais difícil.

— O que resta é seguir em frente.

— Exatamente.

Ando até meu carro e antes que eu entre alguém beija meu ombro, olho rápido e vejo ser Jonathan.

— Não me toque! — digo e Lucas o puxa para trás e se coloca na minha frente.

— Não encosta em mim cara! — Jonathan diz para Lucas.

— E você não encoste nela!

— E você pensa que é o quê? O dono dela? pensa que eu não vejo vocês dois de papinho? Você gosta mesmo de um pobre não é Laura?! Primeiro aquele pé rapado que trabalha para sua tia e agora o segurança?

— Me poupe, Jonathan! Vamos Lucas.

Entro em meu carro e Lucas do carro da segurança e nós saímos.

Jonathan resolveu ressurgir do inferno para me atormentar, é como minha avó diz mesmo: "quando o diabo não vem, manda o secretário."

É cada um que me aparece!

Jonathan no começo parecia ser tão doce, meigo, atencioso e de bom coração, se preocupava em ajudar as pessoas. Meu pai nunca foi com a cara dele, a princípio eu achava que eram ciúmes, pois se meu pai pudesse nos colocava em uma redoma, mas acabei percebendo da forma mais chula e cruel que meu pai sempre teve razão.

Hoje faça chuva ou faça sol, o que o meu pai diz para mim é lei.

Alguns minutos depois estaciono meu carro no estacionamento da Adams e subo direto para a sala da minha tia para dar um beijo nela e parabenizar pela nova gravidez.

As pessoas da minha família amam ter filhos, nunca vi. Só faltam nós agora da segunda geração começarmos a ter filhos.

Pela ordem natural o primeiro tem que ser o Ruan, já que é o mais velho, mas aquele ali não fica com ninguém, difícil ver ele com alguma mulher.

Temos um grupo só dos primos e é a maior zoação, a da vez sou eu, estão pegando no meu pé por causa do Gabriel.

Todos já estão cansados de saber que eu não quero me envolver com ninguém, Deus me livre de me apaixonar outra vez e quebrar a cara.

— Pode entrar. — tia Bella diz quando bato na porta.

— Bom dia tia.

— Bom dia Lalá.

— Como a senhora está?

— Bem meu amor e você?

— Bem também. Parabéns pela gravidez.

— Obrigada amor.

— Tio Raul está muito feliz?

— Você nem faz ideia do quanto, já está com mil e um projetos para o quarto.

— Eu sabia que logo vocês teriam mais filhos, todos os homens querem bater a marca do meu pai.

— Se vierem dois dessa vez, nós superamos eles, já que meus anjinhos também contam.

— Contam, sim, tia.

— Semana que vem irei fazer o ultrassom.

— Tem que vir pelo menos uns três pra fechar com chave de ouro.

— Eu fico doida de vez! Eu deixo tudo sob seu comando se isso acontecer.

— Eu ficarei honrada. Vou indo, tia, tenho muito trabalho a fazer.

— Tudo bem meu amor, bom trabalho, seu chefe vive te elogiando. — sorrio.

— Meu chefe é muito galanteador isso sim!

— Ele gosta de você.

— E eu dele, como chefe, ele é ótimo.

— Você entendeu Lalá, já está passando da hora de se permitir meu amor.

— Deus me livre, tia. — dou um beijo nela e saio.

Vou direto para a sala em que eu trabalho e logo de cara uma loira estonteante está muito próxima do chefinho e os dois sorriem e se olham com muita cumplicidade.

— Quem é ela? — pergunto para Ben.

— Larissa.

— E quem é?

— Trabalha no software, eles dois já tiveram um lance, nada sério, mas já ficaram.

— Ah! Então ele é simpático assim com todas!

— Não! Com todas não, só com as que despertam o interesse dele, tipo ela, você...

— E muitas outras, não é?

— Muitas não, só ela e você mesmo.

— Que fique arrastando asa pra ela então! Eu corro as léguas de homem assim... Como dizia a rainha da sofrência: "prato disputado demais, a gente deixa pra quem tá passando fome." — digo e Ben sorri.

— Você é muito engraçada Laura!

— É sério Ben! Deus me livre de disputar homem com ninguém.

— Você está certa! Só pra você saber, eu sou livre viu, nada de ex, peguete, nada de nada. — sorrio e nego com a cabeça.

— Bom pra você, relacionamento na maioria das vezes só dá dor de cabeça, por causa dos chifres.

— Eu sou um rapaz de família Laura, não tenho dinheiro com a sua, mas somos honestos.

— As pessoas sempre falam do dinheiro da minha família, mas não sabem como vivemos, somos pessoas bem simples, meu pai soube passar valores para nós que vai muito além de ter dinheiro.

— Estou brincando Laura.

— Eu sei, não estou falando de você, estou falando no geral. Ou acha que não percebo que metade das pessoas que trabalham aqui não gostam de mim e me olham torto? O sobrenome da minha família sempre pesa, as pessoas acham que sou metida, patricinha e coisas desse tipo.

— Eu sei que você não é! — sorrio para ele.

— Por isso você é meu único colega daqui.

— Podemos ser bem mais se você quiser.

— Eita, que hoje você está afiado!

— Só pra você saber. — ele diz e eu nego com a cabeça e sorrio para ele e acabo mordendo o lábio inferior, isso é mania, nem é para sensualizar.

Percebo que a conversa do chefinho com a loira parou e que ela já nem está mais na sala e que ele está olhando para mim e para Ben com cara de poucos amigos.

— Os dois já terminaram o papo? — Gabriel pergunta.

— Já! — Ben e eu respondemos juntos.

Ben vai para a sua mesa e eu vou junto com ele, já que essa semana estou trabalhando com ele, cada semana eu ajudo algum dos engenheiros.

— Você trabalha comigo hoje moça bonita. — Gabriel diz.

— Mas essa semana sou assistente do Ben, está no cronograma.

— Quem faz o cronograma?

— O senhor.

— Então...

— Ok chefinho, como o senhor quiser. — digo pegando minhas coisas e o seguindo para a sala dele.

Aceno para Ben, que acena de volta para mim e ancara Gabriel, que o encara de volta.

— Senhor?! — ele pergunta quando entramos em sua sala.

— Quem é o chefe?

— Eu.

— Então é senhor sim e ainda é mais velho.

— Atrevida. — ele sussurra e eu sorrio.

— O que deseja que eu faça chefinho? — ele olha para mim e nega com a cabeça e sorri de lado.

— Isso é uma provocação? Porque se for está surtindo efeito.

— Não! Só gostaria de saber o que o senhor deseja de mim.

— Seu pai sabe que você é atrevida assim?

— Sabe! Ele sabe tudo sobre mim, como eu sou, o que faço, conto tudo pra ele, ele e minha mãe são meus melhores amigos.

Se ele me acha atrevida, imagina só o que ele não acharia se conhecesse Luíza e Cecília, aquelas sim são um poço de atrevimento.

— Tudo mesmo?

— Sim.

— Então se por acaso eu te beijar você vai contar pro seu pai.

— Sim, mas o senhor não vai me beijar! Primeiro porque é inadequado, já que é meu chefe e estamos trabalhando e segundo porque eu não quero te beijar.

— E fora daqui? Me beijaria?

— Não, o que nos leva ao nosso segundo ponto, eu não quero te beijar e nem me envolvo com quem tem rolo com outras pessoas e nem com ninguém na verdade.

— Como assim?

— A loira lá, vi os olhares, não sou burra.

— Ah! Não temos nada.

— Mas já tiveram?

— Já, mas nada sério.

— Isso é mais um ponto contra você, não vamos ter nada, ainda mais que ela trabalha aqui ao lado.

— Nós vamos ter sim, e não vai ser só um lance... Eu vou ser seu namorado.

— Sério? O senhor é tão confiante.

— Sou e não costumo desistir fácil do que eu quero.

— Hum... Deveria tentar com a loira, ela parece gostar de você.

— Está com ciúmes?

— Eu? Óbvio que não, não tenho ciúme nem do meu pai, ciúme é uma palavra que não existe no meu dicionário.

— Sei... Sabe porque não tento com a loira?

— Eu preciso mesmo saber?

— Precisa.

— Então diga.

— Porque nós já ficamos juntos e eu não senti por ela o que sinto por você e isso tudo sem nunca ter encostado um dedo em você. — o encaro incrédula com o que ele acabou de falar. — E além de tudo, eu prefiro as morenas. — ele diz e pisca para mim.

— O que tenho que fazer hoje?

— O que aconteceu com você? O gato comeu sua língua? Não vai dizer nada?

— Já falei que é inadequado, você é meu chefe e também eu não quero me relacionar com ninguém.

— Eu sou diferente daquele cara.

— Isso é o que todos falam quando estão na caçada.

— Caçada?

— É! Todo homem gosta da caçada e diz muitas coisas para iludir, mas eu não sou boba.

— Eu não estou te caçando, estou te conquistando. É diferente!

— Me conquistando? Acha que é o primeiro que tenta?

— Não me importo se sou o primeiro ou não! Você só precisa saber que mais cedo ou mais tarde, será minha. Eu não costumo desistir, moça.

— É Laura!

— Eu sei... E você já sabe que eu sei. — ele sorri e pisca para mim.

— O que eu tenho que fazer chefinho?

— Poderia começar saindo comigo hoje à noite para jantar.

— Meu pai gosta de jantar com a família inteira reunida.

— Depois do jantar então?

— Não! — ele sorri. — Vou falar com sua chefe e dizer que está me assediando. — ele sorri outra vez.

— Você pega pesado, hein?

— O senhor também.

— Só tenho vinte e oito, nem sou tão velho para me chamar de senhor.

— Questão de respeito, o SENHOR é meu chefe.

— Atrevida. — sorrio.

— Vamos trabalhar?

— Vamos!

Ele me indica o que fazer e logo deixando os flertes de lado. Gabriel é muito sério e concentrado quando está trabalhando.

— Pode entrar. — Gabriel diz quando alguém bate na porta.

— Gab? — a loira entra na sala.

— Oi Lari.

— Nós vamos para aquele barzinho de sempre, é aniversário da Kiara, quer vir também?

— Não, vai ficar para a próxima, eu já tenho compromisso. — dá para ver a loira perder o brilho.

— Sério? Traga seu compromisso também.

— Ela não curte muito essas coisas. — faço minha melhor cara de paisagem.

— Você está namorando?

— Ainda não, mas logo estarei. — ele diz e olha para mim e eu faço minha melhor cara de paisagem.

— Vocês estão juntos?!

— Não. — respondo na hora.

— Mas logo estaremos. — Gabriel diz.

— Entendi, se quiserem vir, estão convidados. — ela diz e sai da sala.

— Com que direito diz para as pessoas que estamos juntos?!

— Com o mesmo direito que disse para o seu ex.

— É diferente.

— Não, não é! Você estava com ciúmes dela, agora ela não será mais problema para nós dois.

— Você é inacreditável!

— Que horas costumam jantar na sua casa?

— Às 20:00.

— Te pego às 21:00 então.

— O quê?

— Esteja pronta. — ele diz e sai da sala.

Foco Laura!

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Comments

Rose Gandarillas

Rose Gandarillas

Aliás os homens dessa família são todos assim. Só baixam a guarda pães duas donas!!🤭🤭🤭🤭

2025-03-11

2

Maria Do Socorro Bezerra

Maria Do Socorro Bezerra

Gabriel é insistente? Sim. Mas um homem de atitude e que sabe o que quer não desisti com os obstáculos que aparecer.

2025-02-05

2

Rose Gandarillas

Rose Gandarillas

Bom lê história boa! Prende leitor, somente com palavras sabe transmitir emoção.

2025-03-11

1

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