Capítulo 15 — Primeiro dia de trabalho.

...Isadora Monteiro...

Acordei com os raios do sol invadindo o meu quarto, e claro, com o galo cantando como sempre. Levantei imediatamente para ir para a fazenda Monteiro, começar meu primeiro dia de trabalho.

Peguei minha toalha, escolhi uma roupa e a coloquei pronta em cima da cama. Sei que no trabalho os dias serão difíceis, tendo que conter meus desejos insanos por Miguel. Mas estou lá para retribuir o que ele fez pela nossa fazenda. Somente por isso, e nada mais.

Após tomar banho e fazer a higiene bucal, dirigi-me até a cozinha para tomar um belo café da manhã. Meu pai estava tão mudado, parecia outro. Ele já havia preparado o café, então me sentei e fiz companhia a ele.

— Bom dia, pai. Como passou a noite? — perguntei, sentando-me à mesa.

— Bom dia, Isa. A noite foi tranquila. E você? Como está se sentindo hoje? — respondeu ele, servindo uma xícara de café.

— Estou um pouco nervosa, mas ansiosa para começar a trabalhar na fazenda. — admite, pegando uma fatia de pão.

— Tenho certeza de que você sairá muito bem. Estou orgulhoso de você, minha filha. — disse ele, com um sorriso reconfortante. — Ouça, minha princesa, acho que não deve ser tão radical com Miguel. Ele é um bom rapaz e está de olho em você desde criança. — disse, olhando-me com carinho.

— Eu sei, papai, mas o que aconteceu comigo é tão recente. Tenho medo.

— Tudo bem, vá com calma se quiser. Mas saiba que estou aqui para apoiá-la. — disse pegando em minhas mãos.

Concordei com a cabeça e terminei de tomar meu café da manhã tranquilamente. Assim que terminei, saí de casa com a mamadeira de leite para dar à minha pequena Nina. Depois, fui diretamente para a fazenda Monteiro. Ao chegar lá, vi que a fazenda estava a todo vapor, com todos os trabalhadores em seus respectivos afazeres.

Parecia que Miguel estava certo sobre os trabalhadores retornarem às suas atividades.

Passei por todos eles, os cumprimentando animadamente com um " Bom dia" que também retribuíram. Caminhei até o final do quintal e atravessei a cerca que separava a fazenda Rodrigues dos Monteiros. Ao chegar na mansão, fui recebida pelo semblante sério de Leonora.

— Bom dia, Miguel está no escritório? — indaguei.

— Não, ele viajou a questão de negócios, mas me deixou aqui responsável por tudo, inclusive por você. Venha, vou mostrar como tudo funciona por aqui. — disse, olhando-me com desdém.

Segui-a até a cozinha, onde imediatamente comecei a fazer os trabalhos. Desde varrer a mansão inteira, limpar os móveis empoeirados, preparar a comida, enquanto Leonara apenas administrava tudo.

Acho que essa mulher não vai com a minha cara de jeito nenhum, mas não sei o que eu fiz para ela. Assim que terminei tudo, minhas pernas já não eram mais pernas, meu corpo parecia não existir mais. A mansão é enorme, e eu trabalhei nela o dia inteiro, enquanto ela estava apenas sentada, conversando ao celular e me dando ordens.

Após concluir todas as minhas tarefas, Leonara me entregou um papel deixado por Miguel, que provavelmente era um contrato de trabalho. Li atentamente cada cláusula e, no final, assinei. No contrato, ficava claro que eu deveria permanecer na mansão, pois ele poderia precisar de mim a qualquer momento do dia, da tarde ou da noite. Embora essa parte não tenha sido mencionada anteriormente, decidi ficar calada, pois me sentia em dívida com ele.

Depois de assinar, subi para o quarto que ele havia preparado para mim. Agradeci a Deus por ele não estar em casa naquela noite. Apenas eu e os seguranças permanecemos na mansão, já que Leonara não dormia no trabalho, ao contrário do que eu passaria a fazer.

Fui tomar meu banho, completamente exausta. Agradeci por sentir a água lavar meu corpo cansado do dia a dia. Depois de me vestir com um vestido simples que encontrei no guarda-roupa, peguei o telefone da mansão e liguei para meu pai. Expliquei a ele que, a partir daquele momento, passaria a dormir na mansão Rodrigues. Meu pai entendeu imediatamente, o que achei bastante estranho.

Após encerrar a ligação, subi novamente para o quarto e me deitei sobre a cama macia. Era mais confortável do que a minha, e eu aproveitei cada segundo desse conforto.

Acabei adormecendo rapidamente. No entanto, acabei tendo sonhos com Miguel. Sim, sonhos eróticos com aquele homem na madrugada, não era uma boa. Eu senti o êxtase em meu corpo como se aquele sonho fosse tão real. Senti suas mãos em meu corpo, apertando levemente por onde passava. Meu corpo reagia perfeitamente aos seus toques.

No entanto, acordei sobressaltada, com o coração acelerado e a respiração pesada. O sonho me deixou perturbada, mas ao mesmo tempo despertou desejos que eu não sabia que eram tão fortes.

Senti o cheiro de menta no quarto e percebi que Miguel estava ali, sentado na poltrona enquanto fumava um cigarro. Seus olhos encontraram os meus e um sorriso leve dançou em seus lábios. Eu me senti desarmada diante dele, incapaz de desviar o olhar ou ignorar a tensão naquele ambiente, ainda mais quando acabei de ter aquele sonho.

— Você já chegou de viagem? Foi tão rápido. — falei, observando-o levantar, jogar o cigarro fora, e se aproximar de mim.

Assim que ele parou diante de mim, ergueu meu queixo com a ponta dos dedos.

— Sentiu a minha falta? — Indagou.

— Ah não, por que sentiria? — me levantei, passando por ele, ainda sentindo meu corpo traidor queimar de desejo por seu toque, mesmo que fosse um gesto simples.

Ele me seguiu até a mesa que eu estava encostada, onde permaneci em silêncio, tentando ignorar sua presença. Porém, sua proximidade era perturbadora, despertando sensações que eu preferia não admitir.

— Você está evitando me olhar nos olhos, Isadora. Por quê? — sua voz soou grave, carregada de uma intensidade que me fez tremer interiormente.

— Não estou evitando nada. Apenas estou cansada e quero descansar. — respondi, mantendo o tom firme, mesmo que minha voz traísse minha verdadeira agitação.

— Tudo bem, vou sair para que descanse. Mas hoje assim que acordar, passe primeiro em meu escritório para conversarmos. Quero saber tudo que fez e sua experiência aqui. — Disse saindo da minha frente.

Assenti em silêncio, observando-o sair do quarto. Assim que a porta se fechou, deixei escapar um suspiro de alívio, mas ao mesmo tempo, uma sensação de antecipação pelo que viria pela manhã.

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