Há uma cidade vizinha que meus tios costumam falar que tem um casarão assombrado que ninguém consegue entrar nele porque aparecem muitos fantasmas de outro mundo. E as histórias são contadas a todos que vão lá. O dono do casarão tentou alugar, mas ninguém conseguiu morar, sequer uma noite. E muitos já desafiaram os fantasmas, mas acabaram saindo correndo de lá. Muita gente ri da situação. Outras acreditam que isso só atrapalha o desenvolvimento e o crescimento da cidade.
Porque ninguém quer investir numa cidade cercada de mistérios e de lendas. E esse é o meu desafio, desvendar mais um mistério, quer dizer muitos. E não só nessa cidade em que meus tios estão morando. Por alguma razão é essa minha missão de desvendar casos sobrenaturais. Há muito trabalho daqui para frente, caçar vampiros, lobisomens, e bruxas e o tal saci pererê. Aos poucos eu vou descobrindo os mistérios que essa capa preta esconde. O que posso dizer é que ela contém poderes sobrenaturais, o problema é que ainda não descobri a quem ela pertenceu. A noite estou tendo pesadelos e toda vez que tenho acaba acontecendo casos semelhantes, essa noite que passou sonhei que uma mulher estava prestes a ser enforcada por um padre da cidade.
Ela estava sendo acusada de bruxaria, e magia negra por causa daquele casarão mal assombrado. Falando em bruxas, ainda tenho que desvendar o mistério de muitas bruxas que foram queimadas pela inquisição, mas antes disso eu preciso resolver esse caso do casarão assombrado. E para dizer a verdade, eu estou me sentindo bem melhor depois que eu aceitei o meu destino. Sentia que estava faltando alguma coisa na minha vida.
Depois que aconteceu com Nádia a minha vida se tornou um inferno astral, eu não tinha paz, eu tinha a necessidade em fazer algo para me acalmar. Tinha sérios problemas de ansiedade aguda. Não conseguia ter sossego. Noites mal dormidas, me sentia sufocado, herdei o mesmo problema do meu falecido pai, sentia uma dor profunda nas minhas costas perto do pescoço, minha respiração era ofegante, e minha cura era ir em busca do meu destino. E acredito agora que era isso que estava faltando na minha vida.
E não é falta de alguém na minha vida que estava fazendo eu me sentir assim angustiado, às vezes deprimido. E nem a necessidade de viver uma paixão. É claro que para a maioria das pessoas às vezes uma paixão cura a ansiedade, mas vai depender das escolhas que fizer. A primeira coisa que é preciso fazer, é se curar da doença da alma que afeta milhões de pessoas por esse mundo afora. Era isso que precisava acontecer para amenizar a minha ansiedade e a minha inquietação de procurar respostas para tantas perguntas na minha mente. Coisas que eu questionava muitas vezes, porque determinadas coisas aconteciam comigo.
Ao voltar para minha terra, finalmente acredito que encontrei uma forma de acalmar meu coração agitado. E pior de tudo que por mais assustadoras que sejam as coisas eu não tenho medo de nada. Tudo para mim virou um desafio, aliás eu amo desafios, principalmente quando são novos. Então eu estou preparado para enfrentar esse desafio que surgiu na minha vida de desvendar os mistérios daquele casarão mal assombrado, vou passar a noite lá, quero ver o que esconde de tão sinistro que todos tem medo de passar por perto.
Estou pronto para seguir a viagem, não leva duas horas para chegar até lá, e quero ver de perto. Já falei para os meus tios que estou levando a sério sobre as histórias que eles me contaram, e para dizer a verdade até estou me sentindo aliviado. Eu temia que meus tios ficassem magoados por eu não acreditar nas histórias que eles me contavam. Porque agora eles são a minha única família que eu tenho nesse fim de mundo. E para dizer a verdade eu nem pretendo mais voltar para a capital. Estou pensando seriamente em vender tudo o que me pertence na cidade grande e morar perto dos meus tios definitivamente.
Eu confesso que eu estava ansioso para pegar estrada e seguir até a tal cidade com três mil habitantes onde havia aquele casarão, desta vez eu já sabia que durante a viagem se acontecesse alguma coisa, era por que eu estava com a capa preta dentro do porta mala. A única coisa que eu não podia cair numa cilada de algum fantasma. E não confundir fantasia com a realidade. De qualquer forma eu estava preparado para o pior. E para complicar, bastou eu sair da cidade que havia uma mata virgem com árvores enormes após sair da cidade de onde meus tios moravam. Meus tios me alertaram dos perigos que a estrada oferecia para quem saia da cidade. Falei para meu tio.
— Que venha os fantasmas que eu não tenho mais medo deles. — Meu tio riu, mas me alertou.
— Cuidado não ria, eles podem ser mais que fantasmas!
— Como assim meu tio?
— Eles podem ser demônios que fugiram do inferno, e não se sabe porque, talvez sua missão é levar eles de volta.
— Bom, eu acredito em tudo o que o senhor está me falando a respeito sobre fantasmas, mas falar em demônios eu nunca ouvi falar!
— É, pode acreditar, lembre-se, eles são espíritos invisíveis que podem possuir pessoas e ninguém sabem.
— Como assim? Meu tio?
— Já ouviu falar de pessoas que eram normais de fazer algo que nunca fizeram, e acabam fazendo, e quando não se lembram, e alegam inocência?
— Pior que eu já vi pessoas lúcidas que nunca cometeram um crime, e acabam assassinando sem saber porquê. Esposo que mata esposa e filhos e depois se mata. Já ouvi muitos casos assim, que é difícil acreditar.
— Pois é. Algumas pessoas não sabem porque fazem, e se torturam por remorso e se perguntam o que levaram a fazer determinadas coisas. E passam a vida toda lamentando, perdem a memória, e ficam confusas.
— E porque isso acontece meu tio?
— Porque elas estão desprotegidas espiritualmente pelo fato delas se apegarem nas coisas materiais abrindo uma porta para os demônios entrarem. É igual uma casa abandonada em que os ladrões invadem e roubam tudo de valioso.
— Entendi onde o senhor quer chegar, e tudo faz sentido
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Atualizado até capítulo 51
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