CAPÍTULO 6

Na aldeia que meu tio mora é um lugar privilegiado pela natureza, porque tem mata Atlântica, e muitas Cachoeiras com enormes cascatas de águas cristalinas. É um lugar abençoado por Deus. Embora coisas estranhas aconteçam, mas como tem aquele ditado, o paraíso também é invadido por demônios, mas deixando de lado a questão religiosa, e vamos aos fatos.

A montanha é alta e não faço ideia quantos metros tem de altura. Quando eu estava dormindo dentro do carro, algo me chamou atenção sobre o topo de uma montanha. Alguém estava acima dela usando uma capa preta. E lá de cima ele ficava observando toda aldeia. Não deu para desvendar quem poderia ser. Era um ser muito poderoso que tinha poder sobrenatural. Não faço a mínima ideia de quem pode ser. Ou era demônio, ou Arcanjo, a sensação que eu tive era um arcanjo poderoso jogando raios sobre as nuvens fazendo sair relâmpagos, e trovões. E nesse momento eu acordei.

Essa cena não sai da minha cabeça, aquele ser poderoso sobre a montanha cuidando de toda aldeia, como se ele fosse o dono da pequena cidade. Após ter descansado bastante, eu fui caminhar um pouco pela pequena cidade. E comecei a ouvir alguns relatos a respeito do que o meu tio Pedro falou sobre os animais mortos. Porque era um assunto corriqueiro, e não se falava outra coisa na pequena cidade.

E logo eu que não acreditava em histórias sobrenaturais! Estava tão curioso em desvendar os mistérios daquela aldeia onde eu nasci, e cresci. Uma coisa é ouvir histórias sobrenaturais quando se é criança, outra quando se é adulto. Depois que eu deixei a minha a terra, e vim para a cidade grande, me tornei um ateu convicto. Mas agora estou curioso em desvendar todas as histórias que eu já ouvi quando criança, e que agora depois de adulto tudo indica que continua acontecendo.

Parece loucura, eu sendo materialista nato esteja mergulhado nessa missão de desvendar algo que jamais me passou pela cabeça. Ser um caçador de vampiros, bruxas, e lobisomens. Alguma coisa está errada! A pergunta é. "O que?" E para começar eu acredito que seja aquela maldita capa preta. Desde que eu parei o carro para pegar aquela capa que as coisas estranhas começam acontecer. E partindo desse princípio que eu preciso investigar.

Como eu estou de férias, tenho que aproveitar. Isso se eu não mudar de ideia e ficar mais tempo aqui, até porque estou bem financeiramente. Juntei minhas economias e posso até pedir demissão por telefone. Vai ser um baque para meu chefe que não admita que eu saia da empresa. Mas ele vai me entender, assim eu espero. Eu tenho muita coisa para fazer nessa aldeia. Deixei amigos, e alguém especial. Um suspiro….

Nádia! Oh Nádia se você soubesse o quanto te amei e odiei, mas a culpa é minha por não ter lutado por você. Mas também do que adiantaria? Hoje você está morta! E de que forma você morreu. Hoje pensando bem, por mais doloroso que as coisas aconteçam de forma misteriosa, Deus sabe o que faz. Porque vejamos, eu amava ela mais que tudo nessa vida. Você imagina viver com aquela pessoa na sua cabeça 24 horas por dia?

Tudo que eu respirava estava na minha mente como uma pedra em meu caminho. Onde eu ia estava lá, tudo o que eu fazia, era pensando nela. Mesmo ela acompanhada eu não deixava de admirar ela como uma Deusa pintada num quadro por um famoso pintor, eu almoçava, e jantava pensando nela, ia dormir pensava nela, e quando eu dormia sonhava com ela.

E para meu desespero eu acordava pensando no sonho que eu tinha sonhado com ela, e passava o dia pensando como eu faria para conquistar o seu amor. Meu Deus como eu amava. Eu me anulei por causa dela, e deixei de fazer as coisas que eu gostava pensando nela, eu não vivia para mim, e sim tudo que eu fazia era em benefício dela.

Quis ser cantor por causa dela. Esqueci de mim. E a minha vida estava ligada a ela, mesmo sabendo que eu não tinha nenhuma chance, mas não deixava de sonhar. E como seria a minha vida com ela. Para mim, era como se no mundo não existisse nenhuma mulher. Era como se ela fosse a Eva no paraíso, e eu o Adão. Porque as mulheres em volta eram pequenas demais diante de sua beleza. Eu me odiava por amar tanto quando eu sabia que não tinha chance com ela. Coloquei ela no mais alto degrau do pedestal. E quando eu tive a chance com ela eu fugia como o diabo foge da cruz.

Me chamavam de louco por eu rejeitar, mas eu também fui rejeitado. E essa dor da rejeição virou um sentimento vingativo, eu queria que ela sofresse assim como eu sofri. Mas odiava quando ela desistia de mim, e ficava com outro, e eu novamente correria atrás dela para conquistar, e fazia ela largar do cara e voltava para mim. Mesmo assim eu me sentia pequeno para ela, e continuava fugindo dela. Até que ela se cansou e resolveu casar-se. E quando eu a vi dentro do carro do futuro noivo beijando-a. Vi o mundo desmoronando na minha cabeça. Então a partir daquele momento tirei o meu time de campo. E segui levando a minha vida voltado a mim mesmo. Porque eu tinha me anulado. Tudo que eu fazia era em função dela.

Mesmo noiva quando nos encontrávamos os olhos dela percorriam sobre mim. Ela tentava disfarçar, mas não conseguia, ela lutava bravamente contra seus sentimentos, afinal ela noivou com o homem que fazia gosto dos pais dela. Ele era rico bem sucedido, enquanto eu era pobre sem ter nada a oferecer a ela, somente o meu amor, e era esse o amor que ela queria, mas o seu orgulho, e seu medo de contrariar seu pai. Fez nós se separar. Casou-se com ele, foram felizes nas riquezas, mas não no amor, ele o tratava como rainha, mas seus olhos brilhavam quando lembrava de mim.

Tinham três filhos, mas uma fatalidade aconteceu. Ela teve um ataque cardíaco e morreu dormindo ao lado do seu esposo, que quando acordou viu ela do seu lado gelada sem vida. Hoje eu me pergunto: imagina se tivesse acontecido comigo? Certamente eu morreria também. Posso ser ateu em não acreditar em coisas sobrenaturais, mas acredito desesperadamente em Deus. Porque ele não permitiu que eu passasse pelo que o marido dela o Rico passou? Coisas da vida que são inexplicáveis. E eu só posso dizer. "Deus existe!"