CAPÍTULO 5

Após ficar um bom tempo pensando o que poderia ter acontecido com os cães latindo, comecei a lembrar quando saí de Florianópolis e vi aquela maldita capa preta e ter jogado dentro do porta mala. Em seguida, coisas estranhas começam acontecer. O episódio da mulher de branco! Me perguntei diversas vezes, o que tem haver com essa capa preta?

O lugar onde meus tios moravam era uma aldeia com menos de 500 pessoas. Faltava muito para ser uma cidadezinha do interior. Na verdade era uma colônia com a maioria de imigrantes italianos, poloneses, e alemães. A cidade mais próxima ficava em torno de meia hora de carro. E era um município com 5 mil habitantes. E pouca coisa acontecia. As coisas mais misteriosas aconteceram na aldeia onde meus tios moravam.

E nesta aldeia aconteceram muitas coisas estranhas, e sobrenaturais. Embora eu seja um ateu convicto que preciso ver para crer. Mas que na minha infância eu já presenciei coisas misteriosas que até hoje tento buscar uma explicação lógica. Essa mania de não acreditar em nada do que falam talvez seja mais uma razão de eu me defender das minhas próprias fraquezas, a ponto de não entrar em pânico.

Quando adolescente sofri muito por causa dessas visões estranhas que eu tinha de ver coisas que outras pessoas não viam. E quando meu tio, ou outra pessoa mais antiga que conhece bem aldeia, contava uma história sobrenatural, eram motivos de gargalhadas. E ninguém levava a sério do que meu tio contava, mas gostavam de ouvir. E hoje voltando para a minha terra as coisas começam a fazer sentido.

Eu fui embora acreditando que eu era esquizofrênico. Por ver coisas de outro mundo, cenas que aconteceram a mais de cem anos atrás. E que nesta aldeia de fato havia uma maldição de uma capa preta. E quem usava tinha poderes para bem e para o mal. Dependia do caráter da pessoa que usava. Se caísse em mãos erradas, coisas terríveis aconteciam. A pessoa que usava essa capa demonstrava sua personalidade. E quando lembrei dessa história, de imediato fui abrir a porta do porta mala do meu carro. E de fato a capa preta estava intacta como eu havia colocado.

Retirei com todo cuidado que estava num saco plástico de compra, parecia que estava nova recém saído de uma loja. Eu ri de mim mesmo acreditando nas histórias que meu tio contou. O problema é que eu subestimei a lógica. Na hora dominado pela curiosidade não me dei conta que exatamente em plena noite de lua cheia vesti aquela capa preta.

O mais estranho é que o número da capa era perfeito para o meu corpo não sendo grande, e nem pequeno. E isso me deixou espantado. Porque eu tenho tanta dificuldade em encontrar roupa para mim quando vou a uma loja. E aquela capa caiu em mim como uma luva. Com ela no meu corpo entrei no carro e adormeci, e sem explicação quando eu a vesti senti um sono profundo que acabei dormindo dentro do carro. Eu estava muito cansado ainda da viagem com tantos episódios estranhos que aconteceram durante a minha viagem. E quando tentei dormir um pouco eram os cães que não deixavam, e sem contar as histórias que meu tio contou.

Bom, aí imagina que adormeci profundamente. De fato apaguei para dormir a noite toda e o dia inteiro. Bom se meu corpo dormiu com certeza a minha alma não, ou espírito. Seja lá o que for. Agora estou fazendo maior esforço para tentar lembrar o que de fato aconteceu. A noite foi sinistra pelos relatos dos meus tios. Fiquei me perguntando: será mesmo que alguma coisa aconteceu? Ou tudo era história do meu tio? Não era apenas história e sim de fato aconteceu.

Havia animais mortos pelos campos, e nas fazendas. Assim como galinhas, cães, e gatos estraçalhados, bois, e vacas, feridos. As galinhas estavam abertas. Da barriga foi tirado os miúdos dentro delas deixando elas com as penas, e cabeças eram arrancadas. Perguntei para o meu tio Pedro o que poderia ser?

— Meu sobrinho deve ser algum lobisomem!

— Lobisomem?

— Sim, meu sobrinho.

— Não, tio Pedro, aí é demais, eu não acredito que seja, deve ter algum animal selvagem.

— Não é não, eu sei que é difícil acreditar, mas infelizmente há muito tempo que esse animal desgraçado anda fazendo estragos por aqui.

— O que o meu tio Pedro falou me deixou preocupado. Afinal eu duvidei da palavra dele. E eu o conheço bem, ele não é de mentir.

O problema é comigo mesmo. De ser ateu, e realista demais. É só ver para crer. Eu preciso ter mais cuidado, se não vou acabar magoando meu tio. E se existe uma coisa que eu não quero, é magoar os meus tios, que são as pessoas que eu sempre amei e sempre vou amar. Não é justo eu jogar para cima deles a minha frustração sobre a minha incredulidade. Os meus tios merecem todo o meu respeito e dedicação, levei tempo para perceber o quanto eles foram e sempre serão importantes na minha vida. Agora está bem claro, até quando eu vou ficar aqui ainda não sei. Estou até pensando que aqui é o meu lugar, para dizer a verdade, eu nunca quis sair deste lugar.

O fato de eu ter ido para cidade grande foi uma decisão covarde da minha parte, de não saber ter enfrentado os meus problemas pessoais. Sim, eu fui um covarde de não ter lutado pelo amor de Nadia tudo por causa desse maldito orgulho. Mas agora não adianta chorar pelo leite derramado, passado é passado. O que eu tenho que fazer nesse momento é desvendar os mistérios dessa pequena cidade? Tem alguma coisa que me diz que eu não vim aqui por acaso, deve haver alguma razão? E tudo tem a ver com aquela capa preta que esconde muitos mistérios. E não foi à toa que ela apareceu na minha vida.

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