^^^“ A vida é muito curta para arrependimentos.”^^^
^^^~ Bruno Mars^^^
♔ ELENA CROMWELL
Encaro-me diante do espelho em formato oval no canto do quarto, observando com perplexidade a imagem que se reflete perante à mim. Enquanto Charla finaliza os últimos retoques no meu cabelo, seu sorriso genuíno irradia a certeza de que fizera um bom trabalho, enquanto se afasta alguns passos e me observa de cima a baixo. No entanto, uma onda de incredulidade me invade. Não consigo me reconhecer na figura que vejo diante de mim. Os cabelos presos com mechas soltas meticulosamente posicionadas em cada lado, meus olhos brilham e ganham um tipo de vida que há tempos não possuía, os lábios cobertos por um bálsamo que dá uma certa coloração fraca entre rosado e avermelhado, me deixando com um aspecto encantador.
— Está tão graciosa. – Charla suspira, transbordando orgulho.
Meus olhos vagam até o pano macio que forra o meu corpo. O vestido de coloração azul entre o perolado, serve-me como uma luva, me levando a questionar sobre o momento em que Charla conseguiu as minhas medidas exatas. No entanto, mesmo sentindo-me radiante e vestida verdadeiramente como uma princesa, sinto-me atordoada e sobrecarregada por uma mistura tumultuada de emoções. Como é possível que esta seja eu mesma? Esta é a verdadeira mulher que habita dentro de mim, esperando para ser descoberta? Tudo parece confuso ao mesmo tempo que luto contra esse turbilhão de emoções conflituosas como ondas intensas em minha mente.
— Eu... – Procuro as palavras certas para descrever, enquanto giro levemente, deixando meu corpo se moldar no vestido. — Nunca me senti tão diferente...
— Talvez seja porque não utiliza maquiagem. – Charla diz. — Temo ter uma noção do que presentear-te em vossa próxima primavera.
Rio.
— Antes que eu me esqueça. – Ela bate na própria testa, se virando e pegando uma caixa que não havia percebido antes, tirando uma par de saltos não tão grandes, mas brilhosos o suficiente para me questionar sobre o material que são feitos. — São para você.
— Pelos santos! – Exclamo. — Não poderia aceitar algo tão... Perfeito.
Com a ajuda de Charla, permito que a mesma ajude-me a sentar, enquanto observo vossa gentileza ao abaixar-se para colocar os saltos em meus pés. Seu cuidado é evidentes em cada movimento, e não posso deixar de notar a beleza do par de saltos, que parecem tão delicadas e elegantes, atraindo a minha visão para os mesmos. Eles são verdadeiras obras de arte, tão belos que poderiam ser comparados a cristais, embora não sejam exatamente transparentes. Cada detalhe é meticulosamente trabalhado, e a maneira como brilham ao chamuscar das luzes dos candelabros com graciosidade, é simplesmente fascinante.
— Foram feitos especialmente para o seu tamanho. Bom, tudo foi.
— C-como pagou por tudo?
— Eu mesma fiz. – Há orgulho em sua voz.
Surpresa com a revelação, pisco rapidamente, tentando processar vossas palavras.
— Tens tanto talento, Charla. Por que não contou à mim antes?
— Porque não entenderia se lhe dissesse. – Ela se levanta após colocar ambos saltos em meus pés. — Saia pelos fundos, há uma carruagem à esperando perto da entrada da floresta, onde será levada pela estrada de Willow Way.
— M-mas...
— Use isto como forma de convite para vossa entrada no palácio de Durham. Eles não irão a questionar.
Ao receber o pequeno papel das mãos de Charla, noto imediatamente sua aparência elegante e sofisticada. O papel se assemelha a um convite ornamentado, de espessura grossa, adornado com detalhes dourados que adicionam um toque de elegância e refinamento. Cada detalhe parece meticulosamente trabalhado, transmitindo uma sensação de importância e exclusividade. Enquanto examino mais de perto o convite, percebo os delicados detalhes em volta.
Segurando o convite em minhas mãos, sinto uma mistura de emoções, desde excitação até um leve nervosismo.
— Charla...
— Volte antes da meia-noite, é o tempo que consigo atrasar Margot e Meredith.
Ela começa a me empurrar pelo quarto, com certa delicadeza, mas há pressa nos seus movimentos, me guiando até à porta.
— Quando chegar ao palácio, vista isso para que ninguém à reconheça. – Ela me entrega uma máscara da cor do vestido.
— Espera! – Digo, finalmente tomando a vossa atenção. — Obrigada...
Charla, com ternura no sorriso que põe nos lábios, me olha graciosamente.
— Faça dessa, a melhor noite de sua vida. E não se esqueça de que nunca é tarde para escolher ser feliz.
Com a porta do meu quarto fechada logo após, encontro-me diante de um dilema impertinente. Seria moralmente incorreto invadir um dos palácios da família real? As possíveis consequências de minhas ações passam por minha mente, alimentando meu medo e incerteza. Será que serei presa? Condenada? Esses pensamentos provocam um turbilhão de emoções dentro de mim, deixando-me vacilante e indecisa. No entanto, à medida que pondero sobre minhas opções, uma sensação de urgência começa a crescer dentro de mim. A ideia de ser livre por apenas uma noite, de escapar da insanidade de Margot, do controle do meu pai, das maldades de Meredith e até mesmo do meu noivado, é irresistível. É como se um fogo ardente se acendesse dentro de mim, impulsionando-me para a liberdade que tanto almejo.
Seguro firmemente a barra do meu longo vestido e, sem hesitação, corro para fora da residência Cromwell, evitando até mesmo ser vista por Anna ou outro criado. Deixo para trás todas as preocupações que prendiam-me, concentrando apenas na promessa de uma noite de liberdade, por mim.
Na minha mão direita, seguro a máscara que Charla deu-me, enquanto na esquerda, o colar que Anna presenteou-me. Não importa o que o futuro reserve para mim, decidi que não me acanharei mais. Esta noite, esta única oportunidade de ser verdadeiramente livre, e é por este motivo que não olho para trás, tampouco vacilo com os meus passos, embora esteja tremendo com o medo e a ansiedade que me corroem como lâminas afiadas.
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Atualizado até capítulo 48
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