Capítulo 1: Era uma vez...

^^^“ Metade do mundo não consegue entender os prazeres da outra metade.”^^^

^^^~ Jane Austen^^^

...| 01/1840 Rotherham |...

♔ ELENA CROMWELL

Algumas pessoas acreditam que as nossas almas possam ser profanadas. Um simples gesto, ou uma possível decisão, qualquer coisa que leve-nos à pecar. Quando criança, eu me questionava sobre “O que é o pecado?” e por muito tempo, eu havia me aprisionado neste ponto de interrogação, no qual, tornara-se o meu tormento interno.

Agora...

Neste momento...

Eu me deleito com o pecado...

E...

Eu percebo...

Que eu sou uma pecadora.

A barra do meu longo vestido é levantada com força, toques seguidos por apertos fortes em minha pele coberta pela meia fina que percorre até acima dos meus joelhos. Jogo a cabeça para trás quando sua língua molhada explora a pele quente do meu pescoço, provando-me, guardando em sua mente cada parte do meu corpo. O intenso desejo entre as minhas pernas só aumenta, sinto o calor do inferno envolvendo-me, seria pelas minhas ações? Ou pelo demônio que deixo conduzir as suas mãos para cima do meu corpo?

Céus...

Cada vez mais para cima...

Sua respiração tão pesada quanto a minha, soprando na minha pele úmida e deixando os meus pelos eriçados. Aperto os meus dedos nos seus ombros largos, forrados por suas vestes explicitamente caras. Sem importar-me, cravo as minhas unhas medianas, tirando um gemido baixo e rouco dos seus lábios cheios, que sobem pelo meu pescoço e se prendem no meu maxilar.

— Diga-me o seu nome... – Sua voz baixa e encarregada de excitação corre pelos meus ouvidos e se transforma em uma combustão para o meu interior se apertar, me causando um sentimento insuportável, onde desejo cada vez mais ceder à ele.

Balanço negativamente a cabeça, enquanto suas mãos firmes seguram a minha bunda e me puxa com mais força em cima do móvel - Deixando que os nossos corpos quentes se colidem de uma forma deliciosamente tentadora - A música tilintada pelas rabecas e violinos aumenta o ritmo das melodias, as cordas poderiam ser arrancadas com a velocidade que são manuseadas - Mas pelo labor do tempo, pensar num minueto é a última coisa que almejo no momento. -

Um gemido escapa pelos meus lábios sujos com o fel amargo do que sei que estarei lúcida no dia seguinte. Mas no momento em que ele se aproxima da minha boca entreaberta, viro o rosto, afundando mais ainda as minhas unhas nos seus ombros rígidos.

Nenhuma palavra é solta por nós dois, apenas arfadas e gemidos baixos. Me sinto extremamente vulgar, como se as minhas ações fossem conduzidas pelo homem que está entre as minhas pernas abertas, não consigo pensar em mais nada, e sei, que depois desta noite... Meu pai há de condenar-me.

^^^Dias antes...^^^

Abro os olhos enquanto lampejos do sol da manhã atravessam a janela do meu quarto. Os gritos irritantemente insuportáveis de Margot - Minha madrasta - e suas batidas incansáveis à porta, me fazem gemer em frustração.

É domingo. Enquanto todos dormem ou descansam de suas semanas extenuantes, eu me levanto cedo e arrumo toda residência Cromwell.

— Se você não levantar desta cama, eu mandarei que a removam dos seus aposentos! – Outro grito me faz sufocar no furor que aquece o meu rosto.

— Estou despertada, minha senhora. – Na tentativa de abranda-la, apenas entrego.

Um silêncio é seguido de seus passos se chocando contra o chão de madeira polida, onde o clique dos seus saltos altos batem com força enquanto escuto a mais velha se afastar.

E só neste momento, me permito respirar.

...❦...

Enxugo o filete de suor que insiste rolar pela minha testa, enquanto volto a esfregar com mais força o chão. Passei a tarde limpando todo o grande salão de festas, assim como limpei as janelas, bati a poeira das grandes e pesadas cortinas, arrumei os aposentos do meu pai, Margot e minha irmã. É claro que, eu já cansei de chorar, me esconder em qualquer canto da residência e amaldiçoar os santos por permitirem que a minha vida se transforme num conto de terror. No entanto, eu já entendi que isso só pioraria o meu vigor, e é algo que a minha mãe - Onde a mesma já veio a falecer. - Jamais almejaria para mim.

Levanto-me, enquanto retiro o toucado de alfinete que Margot me entregara, assim diz ela, que é melhor parecer com um dos criados do que esfregar o chão com uma veste nobre. Todos os meus vestidos benfazejos, foram dados à Meredith, enquanto minhas jóias foram vendidas e nenhum centavo me fora entregue. Não tenho a consciência de como cheguei nessas condições, mas desde que mamãe se fora, sou tratada como uma desconhecida nesta casa, não só como na família, também.

Papai se tornou distante, e essa distância só aumentou depois que apresentou a bela loira mais velha, com os seios fartos e quase pulando do decote grande em seu busto, o rosto sempre pintado com cores fortes e chamativas, seus lábios cercando dentadas esbranquiçadas em fileiras retas e organizadas, assim como o vermelho sangue que circula e abraça os lábios finos. Eu admirava a forma como a elegância lhe servia como uma luva, os vestidos sempre impecáveis e os penteados nos fios loiros como se fossem feitos especialmente para ela, assim como Meredith, no qual, é algumas primaveras mais velha que eu, seus cabelos claros e os olhos pairando no rubi - Assim como a sua mãe - Meredith era a cara e o focinho de quem lhe pôs ao mundo, no entanto, ainda me restam dúvidas sobre quem é o seu outro genitor, ele morreu? Assim como a minha mãe?

— O que há de fazer parada em meio ao brilho do salão? – Citando o diabo...

Olho para trás num pequeno susto e meu rosto sobe, para focar nos círios bem pretos de Meredith, que se abana com um leque branco, combinando com as suas vestes de cor verde floresta. Seu cabelo está preso no alto com um coque trançado e um grande volume no topo da cabeça, os fios entrelaçados em cachos spaniel que caem ao lado de cada extremidade das têmporas. Seu olhar se mantém metódico em mim, com pitadas enjoadas, a julgar pela forma como torce o nariz fino e os lábios.

— Chegue para lá com estas vestes imundas, não queira sujar -me com a vossa... – Antes que Meredith termine seu discurso tanto quanto furioso, a corto.

— Por esmo que lhe toquei, e seja como visto, estou organizando o que me fora passado... Por quais motivos que os santos lhe trouxeram?

Abanando a sua mão coberta por uma luva branca que segue até o final de seu antebraço, Meredith gesticula de forma medonha.

— Não que seja de vossa conta, mas tenho que recolher as cartas com o arauto.

Franzo o cenho enquanto aperto forte o esfregão entre os dedos, sentindo as farpas do cabo roçarem na minha pele.

— Isto não é serviço dos... Engulo seco ao lembrar que sou quase um deles... — Criados?

— Estás demasiada curiosa, Amélia.

Mais uma vez, o meu nome é como espinhos na sua garganta, ao ponto de Meredith o pronunciar errado, depois de anos morando juntas e eu me sinto como uma completa desconhecida.

— Minha senhorita Cromwell. – A voz de Anna - Uma das poucas criadas da casa e a mais anosa. - soa atrás de ambas, onde viramos juntamente com curiosidade. — O arauto já retornou de viagem.

Assim, Anna se retira do salão, e o sentimento de vazio por não ser mais reconhecida pelo meu título, algo que eu não costumava me importar muito, agora, é algo que me faz muita falta.

— Com licença, Amélia... E não fique triste. – Ela para de andar antes de seguir o seu caminho, enquanto vira o seu pescoço para o lado e de soslaio me fita de cima a baixo. — Talvez alguma carta seja direcionada à você... Ou não... – Com uma risada estridente, a loira se retira do salão, andando elegantemente com o clique dos saltos ecoando contra o piso recém limpo por mim.

Suspiro, deixando o cabo do esfregão cair enquanto mordo o lábio inferior, lutando contra a vontade de praguejar os mais absurdos dos insultos já pensados por alguém.

♔ Notas:

• Essa versão do livro está censurada (*) por causa da própria plataforma, no qual, não permite escrever abertamente sobre temas sensíveis (Como linguagem s*xual).

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Capítulos
1 Notas da autora
2 Agradecimentos/ Epígrafe
3 Prólogo
4 Capítulo 1: Era uma vez...
5 Capítulo 2: O canto da maledicência
6 Capítulo 3: Entre os laços do rancor
7 Capítulo 4: O amargor das palavras
8 Capítulo 5: Cinzas do passado
9 Capítulo 6: A impetuosidade de amar
10 Capítulo 7: Uma marca indelével
11 Capítulo 8: Outro lado da moeda
12 Capítulo 9: O canto da serpente
13 Capítulo 10: Motivações
14 Capítulo 11: O inesperado
15 Capítulo 12: O céu, a lua, a figueira e você...
16 Capítulo 13: Cada segundo...
17 Capítulo 14: O lorde Albertin
18 Capítulo 15: Décima oitava primavera
19 Capítulo 16: O destino é real
20 Capítulo 17: O caminho para a liberdade efêmera
21 Capítulo 18: O palácio real
22 Capítulo 19: Minueto
23 Capítulo 20: Deleitando-se com o fel
24 Capítulo 21: Decisão inusitada
25 Capítulo 22: Um dia após o outro
26 Capítulo 23: Agraciada a primeira vista
27 Capítulo 24: A visita do duque
28 Capítulo 25: O amigo do duque
29 Capítulo 26: Sentimentos vazios e arrependimentos
30 Capítulo 27: Pensamentos insanos, ações proibidas
31 Capítulo 28: Noite entre lua e cinzas
32 Capítulo 29: O duque do inverno
33 Capítulo 30: Promessas e arrependimentos
34 Capítulo 31: As fases da hipocrisia
35 Capítulo 32: Inocente pesadelo
36 Capítulo 33: A sorte entre abutres
37 Capítulo 34: A partida
38 Capítulo 35: Campos desconhecidos
39 Capítulo 36: Segredos sujos
40 Capítulo 37: Inseguranças
41 Capítulo 38: A primeira noite
42 Capítulo 39: A perversidade transvestida
43 Capítulo 40: Um pedido de desculpas
44 Capítulo 41: Aprender é ainda mais difícil do que descobrir
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Notas da autora
2
Agradecimentos/ Epígrafe
3
Prólogo
4
Capítulo 1: Era uma vez...
5
Capítulo 2: O canto da maledicência
6
Capítulo 3: Entre os laços do rancor
7
Capítulo 4: O amargor das palavras
8
Capítulo 5: Cinzas do passado
9
Capítulo 6: A impetuosidade de amar
10
Capítulo 7: Uma marca indelével
11
Capítulo 8: Outro lado da moeda
12
Capítulo 9: O canto da serpente
13
Capítulo 10: Motivações
14
Capítulo 11: O inesperado
15
Capítulo 12: O céu, a lua, a figueira e você...
16
Capítulo 13: Cada segundo...
17
Capítulo 14: O lorde Albertin
18
Capítulo 15: Décima oitava primavera
19
Capítulo 16: O destino é real
20
Capítulo 17: O caminho para a liberdade efêmera
21
Capítulo 18: O palácio real
22
Capítulo 19: Minueto
23
Capítulo 20: Deleitando-se com o fel
24
Capítulo 21: Decisão inusitada
25
Capítulo 22: Um dia após o outro
26
Capítulo 23: Agraciada a primeira vista
27
Capítulo 24: A visita do duque
28
Capítulo 25: O amigo do duque
29
Capítulo 26: Sentimentos vazios e arrependimentos
30
Capítulo 27: Pensamentos insanos, ações proibidas
31
Capítulo 28: Noite entre lua e cinzas
32
Capítulo 29: O duque do inverno
33
Capítulo 30: Promessas e arrependimentos
34
Capítulo 31: As fases da hipocrisia
35
Capítulo 32: Inocente pesadelo
36
Capítulo 33: A sorte entre abutres
37
Capítulo 34: A partida
38
Capítulo 35: Campos desconhecidos
39
Capítulo 36: Segredos sujos
40
Capítulo 37: Inseguranças
41
Capítulo 38: A primeira noite
42
Capítulo 39: A perversidade transvestida
43
Capítulo 40: Um pedido de desculpas
44
Capítulo 41: Aprender é ainda mais difícil do que descobrir

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