^^^“...Um só passo falso acarreta uma série de desgraças...”^^^
^^^~ Orgulho e preconceito^^^
♔ ELENA CROMWELL
Me curvo sobre os joelhos e só neste momento me permito respirar. Está frio, tão frio que os meus dedos dos pés congelam sobre a neve branca e espessa.
— N-não... Não pode ser... – Deixo os meus joelhos atingirem o chão, que por sorte, está forrado pela branca e gelada neve, que ainda cai do céu.
As lágrimas rolam pelos meus olhos, deslizando pelas minhas bochechas enquanto minhas mãos apertam o pano da minha camisola sobre as minhas coxas. Isso tudo foi planejado por Margot? Desde o início, ela queria e sabia que havia de acontecer. Não consigo reprimir o grito que me fecha a garganta e me arranha como espinhos de uma rosa, amarga, vermelha como sangue, com o sabor de um fel feito especialmente para me matar aos poucos.
E quando levanto a cabeça, percebendo as árvores altas e as vinhas subindo pelas paredes, me dou conta de que estou no jardim, e de longe, Charla me observa, parada, sem esboçar reação.
— P-por que...? – Eu Indago, baixo, mas por algum motivo, a jovem anda calmamente em minha direção, parando alguns passos à distância.
— Você...
— Não! – A corto. — Você sabia? – Minha voz sai tão amarga quanto os meus pensamentos.
— Sim. – Charla apenas responde, com os seus cabelos loiros presos numa trança jogada por cima do ombros e a camisola cor creme que se estende até o meio das canelas.
Deixo o meu olhar cair novamente, enquanto as minhas lágrimas se misturam com a neve fofa em baixo de mim.
— Sessenta anos... – Praticamente sussurro, sentindo a bile subir. — Como amarei um homem com idade para ser meu avô? Como acordarei ao lado dele... E se ele me machucar? Eu nem o conheço e...
— O seu destino, não será traçado pelo seu pai e tampouco por aquela que dorme ao lado dele. – Charla diz, praticamente me cortando.
A olho novamente, nunca tendo a visto tão séria quanto agora, pois sempre está sorrindo e com alguma situação constrangedora de algum nobre para contar a Deus e o mundo.
Ela se aproxima devagar e me entrega um livro, a capa surrada, as folhas mofadas cheirando a velho, e o título que mal consigo ler. “ O candelabro fulgente.”
Estendo a mão e pego o livro, tocando a sua capa e sentindo as texturas estranhas do papel se desfazendo. Franzo o cenho, assim, olhando para cima novamente para questionar Charla sobre isso, mas para a minha surpresa, ela já não está mais lá.
Olho em volta, a procurando, mas a mesma não se encontra em lugar algum. Volto a minha atenção para o livro antigo, e com cuidado, o abro. Assim que passo os meus olhos pelas páginas, uma cotação me chama atenção.
— ... “A iniquidade seria efêmera? Tal qual como as minhas chamas, que durante o inverno mais frio de Hooklook, elas se esvaíram com os meus sentimentos por ti.” – Digo baixo, lendo a única citação que não fora tomada pelo bolor e atacada pelas traças.
Uma rasgada fria de vento é o suficiente para me fazer levantar, logo corro novamente para os meus aposentos e me sento na cama, enquanto olho pela janela, fitando os flocos de neve que caem do céu.
...❦...
Assim que alinho o cobertor na cama de Meredith, coloco os travesseiros e almofadas bordadas de volta ao seus lugares, enquanto me mantenho inclinada sobre a cama.
— Eu disse-lhe, ele cortejou-me e depois...
A porta do quarto se abre e Meredith, juntamente com outra jovem, da mesma idade, adentram o aposento, ambas notando a minha presença.
— O que estás a fazer no meu quarto? – Ela indaga, mesmo sabendo o motivo da minha presença.
— Estou limpando... – Respondo baixo, enquanto junto as mãos atrás do corpo e tento esconder as sapatilhas rasgadas de baixo da saia do meu vestido de tonalidade marrom, quase como estrume dos cavalos no estábulo.
— Deixas os criados a tratarem com pouco respeito? – A jovem, com nojo no semblante, indaga, olhando diretamente para mim, mesmo que as suas palavras sejam diretamente para Meredith.
— Eu não sou...
__ Não, isso é uma clara falta de respeito comigo. – Meredith me corta, enquanto se aproxima.
A jovem sorri, sob os lábios pintados tão pouco sutilmente como Meredith, os cabelos presos num coque escondido por um chapéu com rendas, babados e fitas, o vestido com a saia longa em coloração azul oceano a define como uma nobre, talvez, próxima dos campos Cromwell.
— Perdoem-me se as ofendi de alguma forma... Irei retirar-me. – Sem forças para praguejar ou discutir com Meredith, tento passar por elas, mas a voz de minha irmã me toma atenção.
— Espere.
Me viro, enquanto noto a mais velha se aproximando da cama e pegando as almofadas.
— Você não terminou o seu serviço, vira-lata.
Ela joga a almofada no chão. A garota ao lado coloca a mão na boca para tentar disfarçar o sorriso, enquanto observa toda a cena.
Com um suspiro, caminho até Meredith e me abaixo para pegar a almofada, mas no instante que vou me levantar, ela me para.
— Pegue com a boca, é assim que uma cadela vira-lata faz.
A risada nasal da jovem que presencia tudo só torna o momento prazeroso para Meredith, que me encara com uma sobrancelha arqueada enquanto espera que eu obedeça.
Os meus olhos marejam enquanto os segundos se passam, e eu não quebro o contato visual com a minha irmã.
— Temo que não adestraram essa cadela direito. Talvez ela precise de uma coleira.
Ambas riem, enquanto Meredith cruza os braços.
— Precisarei pedir novamente?
Sem alternativas, me abaixo e abro a boca, pegando a almofada entre os dentes e me levantando. Não consigo segurar a lágrima solitária que rola pela minha bochecha, e Meredith o percebe, mas a sua feição só se torna mais amarga.
— É assim que ela ficará para o lorde Albertin, em três meses.
— Não... Lorde Albertin? – A jovem mostra surpresa ao se virar para Meredith e perceber que ela não está mentindo. — O mesmo Albertin que possui cinco filhos?
— O mesmo velho barrigudo, que fede a bebidas e... – Meredith se aproxima lentamente, enquanto fala próxima ao meu ouvido. — Ama uma garota jovem e inocente.
Pego a almofada entre os dedos e sigo para colocá-la novamente no seu lugar, me segurando ao máximo para não desmoronar na frente de Meredith e a jovem que a acompanha.
— Mas não fico surpresa que Amélia irá se casar com ele... Ela fede tanto quanto ele.
Assim que me viro para retirar-me, Meredith diz:
— Pegue este lixo e jogue fora, você deixou cair no chão e pensas que usarei algo contaminado? Irei reclamar com o papai depois.
Ouvir ela o chamando assim me parte mais ainda o coração, pois há muito tempo ele deixou de ser um pai para mim e só se importa com Meredith e Margot, é como se eu realmente estivesse morta para eles.
Pego a almofada e finalmente me retiro do aposento sem ser interrompida, assim que a porta se fecha, me encosto na mesma e permito que as lágrimas desçam sem ser segura-las, enquanto abraço forte o tecido bordado contra o meu peito.
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Edinalva Batista
não entendi ela sendo filha legítima tratado como lixo pelo pai enquanto a filha bastarda da segunda mulher e tratada com princesa
2024-11-11
0
Ŕìťą Đę Ćąššîą
reaja mulher
2024-05-29
1
Ŕìťą Đę Ćąššîą
tadinha
2024-05-29
1