Capítulo 6: A impetuosidade de amar

^^^" Não importa onde eu esteja, não importa onde eu vá; Seu coração é o meu norte, e eu sempre vou achar o caminho de casa."^^^

^^^~ Margaret Atwood^^^

♔ ELENA CROMWELL

— Eu vou acabar com aquela megera!

Impeço Anna de sair pela porta, a fazendo fitar os meus olhos e ao menos tentar nada. Deixo o meu olhar cair e volto a esfregar as roupas imundas dentro do balde.

— Não há nada que possar ser feito para mudar o meu destino, Anna.

— Bobagem! Se ela quer uma união, por que não junta a Meredith com algum nobre que a paparica sempre?

Dou de ombros, enquanto deixo a brisa fresca do vento da tarde passar pelas janelas e abraçar o meu rosto.

— Você não pode casar-se com lorde Albertin.

— Não sou eu que o decido, Anna. - Digo, enxugando os olhos marejados com a extensão do braço seco. — Papai enviou o arauto com a carta de confirmação de sua resposta. A esta hora, ele já deve ter chegado nos campos de Albertin.

Anna se senta na cadeira de madeira, puxando um pouco a barra do seu vestido longo com um avental branco na frente. Removendo o toucado de alfinetes de sua cabeça esbranquiçada e deixando os fios rebeldes bagunçados.

— De qualquer forma... Papai está passando por um momento difícil.

— Isso é algo que ele mesmo deveria resolver, perdoe-me por falar de tal forma, mas sabes disto tanto quanto eu!

— Este casamento poderá tirar a minha família da ruína.

— E por que deverias pagar o preço pelo que não há de ser feito por vos? Ambas megeras gastam rios com vestes caras e bailes da alta sociedade, elas deveriam trabalhar e pagar cada centavo que sugaram de vosso pai!

Com um suspiro, eu me levanto, enxugando as mãos na saia do meu vestido de coloração azulada e coloco uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha.

— Hoje é dia de feira... Irei comprar algumas frutas com as moedas que guardo.

Anna assente.

— Não deixe que saibam desse dinheiro, minha menina. Margot estaria no seu quarto revirando até o caixão para encontrá-lo.

— São das minhas economias. Estou guardando para estudar no exterior, quero aprender italiano e francês para ser professora. - Sorrio, fitando os olhos brilhantes de Anna ao revelar o meu sonho.

Mas ao lembrar do futuro casamento, me questiono se esse sonho ainda é válido.

— Por esmo...

Me viro, pegando uma cesta talhada a mão e me retiro, caminhando até o estábulo.

— Boa tarde, Clint. - Cumprimento o cavalariço, que pegava as palhas no ombro e jogava para os três cavalos da propriedade.

— Ah, boa tarde minha senhorita! - Ele cumprimenta de volta e faz uma pequena reverência, mesmo que pela minha posição, não seja necessário.

Sorrio com a sua atitude. Clint possui duas primaveras a mais que eu, ele é alto e sua pele é bronzeada por ficar quase todos os dias no sol com os cavalos. Seus cabelos são pretos, encaracolados e os olhos são castanhos. Ele é charmoso, não é britânico, e tampouco possuí títulos, mas isso não me importa, o conheço desde novo e ele foi um dos poucos que recusou as investidas de Meredith, e sempre me tratou bem, diferente dos outros criados que foram mandados embora, faziam tudo para agradar ambas mulheres e sempre me desprezavam...

— Estás precisando de algo?

— Um cavalo. – Digo, me aproximando e tocando a crina de Dark, um cavalo preto com manchas brancas em cada casco.

— É-é c-claro que precisa de um cavalo, é por isso que veio até aqui. – Sorrio com o seu nervosismo.

Clint bate a mão no próprio rosto e pragueja baixo, mas eu acabo escutando.

— Seu idiota...

Ele se vira e logo começa a pegar a cela para forrar o animal.

— O mesmo de sempre?

Assinto com a cabeça, enquanto pego uma cenoura no comedouro e estendo para Dark comer.

— Como estão as coisas em vossa casa? – Clint indaga, parecendo um pouco preocupado.

— Nada melhor do que sempre... – Apenas entrego.

— Eu imagino, você costumava fugir para cá quando vossa madrasta batia-lhe.

Sinto um nó fechando-se na garganta ao lembrar-me das agressões.

— Mas você sempre dividia o pão da sua janta comigo... – Forço um sorriso quando Clint se aproxima para liberar o cavalo, mas estamos tão perto que sinto a sua respiração roçar a minha pele.

— Você soluçava enquanto comia... – Ele continua, não quebrando a proximidade.

— E você sempre cantava músicas péssimas para tentar me alegrar. – Meu sorriso cresce mais ainda quando lembro nitidamente das músicas, e mesmo não cantando neste exato momento, Clint ainda sim, consegue me fazer esquecer de todas as coisas ruins da minha vida.

Seu rosto se aproxima mais do meu, enquanto tudo parece sumir da minha mente. Ele irá me beijar? Eu nunca havia beijado antes, já li em muitos livros cenas descritas desses momentos, e sim, são mágicos, devem ser dados com pessoas que amamos, que são unidas a nós de corpo e alma... Mas, por que não consigo sentir nada neste momento?

A cada centímetro mais perto, aquela nuvem cinza ainda está encharcando os meus pensamentos, inundando e os matando aos poucos. E sem conseguir pensar em mais nada, acabo soltando.

— Eu estou noiva. – Digo.

Clint para de se aproximar e abruptamente se afasta, me olhando com os olhos arregalados e sem entender.

— C-como?

Vejo tristeza consumir a sua face, e os seus olhos, antes com vida, parecem se esvaziar aos poucos.

— O meu pai... Arranjou-me um casamento.

— B-bem... M-meus parabéns! Eu estou muito...

Clint esbarra na foice atrás de si e tropeça, mas neste momento, evita o meu olhar a qualquer custo.

— Ah, maldição. O seu cavalo está pronto, minha senhorita... – Sua voz parece arder ao dizer, como se ele lembrasse da sua posição e da minha.

Estendo a mão para dizer algo, conforta-lo, talvez? Mas nada sai, e seu rosto está abaixado, enquanto ele força outra reverência estúpida.

Eu só queria dizer que não preciso disso, não preciso de nada disso. Eu sou humana como ele, eu não ligo para posições ou aristocracia, eu só queria estudar, ler, me apaixonar...

E como outra vez, o destino parece selar os meus lábios e apenas abaixo a minha mão. Passando por ele e trazendo Dark pelas rédeas.

— Eu... Mmm... Obrigada, mais uma vez.

Apenas saio do estábulo, enquanto caminho pela pequena estrada em direção à saída da residência.

Capítulos
1 Notas da autora
2 Agradecimentos/ Epígrafe
3 Prólogo
4 Capítulo 1: Era uma vez...
5 Capítulo 2: O canto da maledicência
6 Capítulo 3: Entre os laços do rancor
7 Capítulo 4: O amargor das palavras
8 Capítulo 5: Cinzas do passado
9 Capítulo 6: A impetuosidade de amar
10 Capítulo 7: Uma marca indelével
11 Capítulo 8: Outro lado da moeda
12 Capítulo 9: O canto da serpente
13 Capítulo 10: Motivações
14 Capítulo 11: O inesperado
15 Capítulo 12: O céu, a lua, a figueira e você...
16 Capítulo 13: Cada segundo...
17 Capítulo 14: O lorde Albertin
18 Capítulo 15: Décima oitava primavera
19 Capítulo 16: O destino é real
20 Capítulo 17: O caminho para a liberdade efêmera
21 Capítulo 18: O palácio real
22 Capítulo 19: Minueto
23 Capítulo 20: Deleitando-se com o fel
24 Capítulo 21: Decisão inusitada
25 Capítulo 22: Um dia após o outro
26 Capítulo 23: Agraciada a primeira vista
27 Capítulo 24: A visita do duque
28 Capítulo 25: O amigo do duque
29 Capítulo 26: Sentimentos vazios e arrependimentos
30 Capítulo 27: Pensamentos insanos, ações proibidas
31 Capítulo 28: Noite entre lua e cinzas
32 Capítulo 29: O duque do inverno
33 Capítulo 30: Promessas e arrependimentos
34 Capítulo 31: As fases da hipocrisia
35 Capítulo 32: Inocente pesadelo
36 Capítulo 33: A sorte entre abutres
37 Capítulo 34: A partida
38 Capítulo 35: Campos desconhecidos
39 Capítulo 36: Segredos sujos
40 Capítulo 37: Inseguranças
41 Capítulo 38: A primeira noite
42 Capítulo 39: A perversidade transvestida
43 Capítulo 40: Um pedido de desculpas
44 Capítulo 41: Aprender é ainda mais difícil do que descobrir
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Notas da autora
2
Agradecimentos/ Epígrafe
3
Prólogo
4
Capítulo 1: Era uma vez...
5
Capítulo 2: O canto da maledicência
6
Capítulo 3: Entre os laços do rancor
7
Capítulo 4: O amargor das palavras
8
Capítulo 5: Cinzas do passado
9
Capítulo 6: A impetuosidade de amar
10
Capítulo 7: Uma marca indelével
11
Capítulo 8: Outro lado da moeda
12
Capítulo 9: O canto da serpente
13
Capítulo 10: Motivações
14
Capítulo 11: O inesperado
15
Capítulo 12: O céu, a lua, a figueira e você...
16
Capítulo 13: Cada segundo...
17
Capítulo 14: O lorde Albertin
18
Capítulo 15: Décima oitava primavera
19
Capítulo 16: O destino é real
20
Capítulo 17: O caminho para a liberdade efêmera
21
Capítulo 18: O palácio real
22
Capítulo 19: Minueto
23
Capítulo 20: Deleitando-se com o fel
24
Capítulo 21: Decisão inusitada
25
Capítulo 22: Um dia após o outro
26
Capítulo 23: Agraciada a primeira vista
27
Capítulo 24: A visita do duque
28
Capítulo 25: O amigo do duque
29
Capítulo 26: Sentimentos vazios e arrependimentos
30
Capítulo 27: Pensamentos insanos, ações proibidas
31
Capítulo 28: Noite entre lua e cinzas
32
Capítulo 29: O duque do inverno
33
Capítulo 30: Promessas e arrependimentos
34
Capítulo 31: As fases da hipocrisia
35
Capítulo 32: Inocente pesadelo
36
Capítulo 33: A sorte entre abutres
37
Capítulo 34: A partida
38
Capítulo 35: Campos desconhecidos
39
Capítulo 36: Segredos sujos
40
Capítulo 37: Inseguranças
41
Capítulo 38: A primeira noite
42
Capítulo 39: A perversidade transvestida
43
Capítulo 40: Um pedido de desculpas
44
Capítulo 41: Aprender é ainda mais difícil do que descobrir

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