Capítulo 8: Outro lado da moeda

^^^“ Nunca esquecerei o som daquela noite.”^^^

^^^~ Pearl Jam - Last Kiss^^^

♔ JAMES WINDSOR

Enquanto observo pela janela, sou cercado pelo som ensurdecedor dos tiros das armas de caça ecoando pela floresta próxima. Em meio a esse tumulto sonoro, minha mente se perde numa série de pensamentos densos e complexos. Uma maldita nuvem vaga sobre o peso das responsabilidades que carrego.

Cada estrondo das armas ressalta a efemeridade da existência e me faz questionar o significado de minhas escolhas e ações. No entanto, antes que a minha mente se encontre nublada ainda mais esses pensamentos, a porta é aberta, fazendo-me virar e deixar o copo servido com whisky em cima da mesa de madeira envernizada.

— Não é habitual seu, estar aqui antes de ser convocado. – Parecendo surpreso, Robert entra no escritório e fecha a porta atrás de si, enquanto caminha em minha direção.

— E qual seria o meu habitual? – Indago com uma sobrancelha arqueada, olhando fixamente para o homem mais velho.

Robert para alguns metros de mim, enquanto avalia-me com julgar nos olhos.

— F*der com p*tas e acabar com o meu estoque de whisky? – Sua tentativa de ironia não passa despercebido.

Me afasto, enquanto ele se senta em sua cadeira e eu continuo contemplando a vista dos campos verdes, sendo tomados pela paisagem de inverno. Embora já tenha visitado algumas vezes, a Inglaterra é tão diferente das pinturas que recebia há algum tempo.

— Linguajar chulo não combina com um homem velho como você.

Uma risada nasal escapa do mesmo, enquanto, ainda, me mantenho de costas, evitando a todo custo o seu olhar.

— Fico feliz que tenha se adiantado em vir. Estava questionando-me se a Inglaterra seria um bom lugar para começarmos do início.

— Início? – Me viro, caminhando calmamente até a sua mesa e o fitando escrevendo em algum documento. — Não sejas metódico, nunca houvera um início nisso.

— Sei bem o que pensas de mim, James. No entanto, não posso deixar de bancar os nossos caprichos se não fizer o que faço.

Ele levanta a cabeça, me encontrando parado em sua frente. Seus olhos, alternando entre azul e castanho, os cabelos já grisalhos penteados para trás, e a barba recém feita, cortada pouco antes de estar abaixo do maxilar. Noto as suas vestes, um casaco pardessus marrom que forra todo o seu corpo em conjunto com a calça mais escura.

— Não preciso bancar capricho algum, trabalho por tudo que tenho conquistado e saiba que nada provém de você. – Rebato.

— Pois bem... Por que não consumou um matrimônio, no entanto?

Suas palavras me pegam de surpresa, enquanto nossos olhos se afiam um no outro, onde sinto a vontade impetuosa de tirar esse sorriso de sua feição.

— Vinte e nove primaveras. Ano que vem, já terás trinta e é o único Windsor que não ousa comprometer-se.

Um suspiro me escapa, enquanto pego o meu copo novamente e começo a enche-lo com mais whisky.

— Não irei casar-me. – Apenas entrego.

— Pode ter quantas p*tas quiser em cada noite, não me importo. – Robert diz com a tonalidade da voz mais séria. — Mas as línguas falam sobre a nossa família, sobre o nosso legado.

— Para o inferno com o seu legado, pai! – Digo com furor, colocando o copo com mais força em cima da superfície plana do pequeno bar com algumas garrafas de vidro que armazenam bebidas variadas.

— Você não é mais um adolescente, James. Você é o meu primogênito, e portanto, exijo que se case, ou perderá todos os direitos que um duque possuí.

— Estás ameaçando-me? – Um sorriso amargo toma conta dos meus lábios. — Típico de Robert Mountbean-Windsor. Não fostes capaz de controlar-me como fizera com todos em sua volta. O que foi? Isso dói-lhe?

Vejo seu rosto ganhar uma tonalidade avermelhada, enquanto ele tenta fingir que não se importa.

— Se eu estou aqui, em Durham, foi por decisão própria, Robert. Não preciso de um centavo que venha de você, e saiba que eu não darei continuidade a esta linhagem construída a base de mentiras, manipulações e traições. Não me casarei, não terei filhos. Até que eu morra.

Outro sorriso amargo me faz sentir o sabor do meu próprio fel, amargo, dolorido, porém, com o aroma fétido da vingança.

— Esteja ciente disso...

Caminho até à porta do seu escritório, e antes de sair, me viro novamente.

— Esse whisky não é europeu, o enganaram.

Saio sem esperar uma resposta de Robert.

Capítulos
1 Notas da autora
2 Agradecimentos/ Epígrafe
3 Prólogo
4 Capítulo 1: Era uma vez...
5 Capítulo 2: O canto da maledicência
6 Capítulo 3: Entre os laços do rancor
7 Capítulo 4: O amargor das palavras
8 Capítulo 5: Cinzas do passado
9 Capítulo 6: A impetuosidade de amar
10 Capítulo 7: Uma marca indelével
11 Capítulo 8: Outro lado da moeda
12 Capítulo 9: O canto da serpente
13 Capítulo 10: Motivações
14 Capítulo 11: O inesperado
15 Capítulo 12: O céu, a lua, a figueira e você...
16 Capítulo 13: Cada segundo...
17 Capítulo 14: O lorde Albertin
18 Capítulo 15: Décima oitava primavera
19 Capítulo 16: O destino é real
20 Capítulo 17: O caminho para a liberdade efêmera
21 Capítulo 18: O palácio real
22 Capítulo 19: Minueto
23 Capítulo 20: Deleitando-se com o fel
24 Capítulo 21: Decisão inusitada
25 Capítulo 22: Um dia após o outro
26 Capítulo 23: Agraciada a primeira vista
27 Capítulo 24: A visita do duque
28 Capítulo 25: O amigo do duque
29 Capítulo 26: Sentimentos vazios e arrependimentos
30 Capítulo 27: Pensamentos insanos, ações proibidas
31 Capítulo 28: Noite entre lua e cinzas
32 Capítulo 29: O duque do inverno
33 Capítulo 30: Promessas e arrependimentos
34 Capítulo 31: As fases da hipocrisia
35 Capítulo 32: Inocente pesadelo
36 Capítulo 33: A sorte entre abutres
37 Capítulo 34: A partida
38 Capítulo 35: Campos desconhecidos
39 Capítulo 36: Segredos sujos
40 Capítulo 37: Inseguranças
41 Capítulo 38: A primeira noite
42 Capítulo 39: A perversidade transvestida
43 Capítulo 40: Um pedido de desculpas
44 Capítulo 41: Aprender é ainda mais difícil do que descobrir
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Notas da autora
2
Agradecimentos/ Epígrafe
3
Prólogo
4
Capítulo 1: Era uma vez...
5
Capítulo 2: O canto da maledicência
6
Capítulo 3: Entre os laços do rancor
7
Capítulo 4: O amargor das palavras
8
Capítulo 5: Cinzas do passado
9
Capítulo 6: A impetuosidade de amar
10
Capítulo 7: Uma marca indelével
11
Capítulo 8: Outro lado da moeda
12
Capítulo 9: O canto da serpente
13
Capítulo 10: Motivações
14
Capítulo 11: O inesperado
15
Capítulo 12: O céu, a lua, a figueira e você...
16
Capítulo 13: Cada segundo...
17
Capítulo 14: O lorde Albertin
18
Capítulo 15: Décima oitava primavera
19
Capítulo 16: O destino é real
20
Capítulo 17: O caminho para a liberdade efêmera
21
Capítulo 18: O palácio real
22
Capítulo 19: Minueto
23
Capítulo 20: Deleitando-se com o fel
24
Capítulo 21: Decisão inusitada
25
Capítulo 22: Um dia após o outro
26
Capítulo 23: Agraciada a primeira vista
27
Capítulo 24: A visita do duque
28
Capítulo 25: O amigo do duque
29
Capítulo 26: Sentimentos vazios e arrependimentos
30
Capítulo 27: Pensamentos insanos, ações proibidas
31
Capítulo 28: Noite entre lua e cinzas
32
Capítulo 29: O duque do inverno
33
Capítulo 30: Promessas e arrependimentos
34
Capítulo 31: As fases da hipocrisia
35
Capítulo 32: Inocente pesadelo
36
Capítulo 33: A sorte entre abutres
37
Capítulo 34: A partida
38
Capítulo 35: Campos desconhecidos
39
Capítulo 36: Segredos sujos
40
Capítulo 37: Inseguranças
41
Capítulo 38: A primeira noite
42
Capítulo 39: A perversidade transvestida
43
Capítulo 40: Um pedido de desculpas
44
Capítulo 41: Aprender é ainda mais difícil do que descobrir

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