Capítulo 15: Décima oitava primavera

^^^“ Não importa qual é a sua história, seja livre comigo.”^^^

^^^~ Selena Gomez^^^

♔ ELENA CROMWELL

— Feliz aniversário! – Os criados praticamente dizem como um lindo coral.

Forço um pequeno sorriso enquanto estendo as mãos, sentindo o peso do prato com o lindo e bem decorado bolo de morango. Este é o meu preferido, uma doce indulgência que sempre traz consigo lembranças reconfortantes de quando mamãe o fazia no meu aniversário. O bolo, adornado com morangos frescos e delicadas decorações, faz-me sentir grata por este pequeno momento que guardarei na memória e no coração. Seguro o prato com cuidado, apreciando o aroma tentador do bolo que paira no ar.

— Espero que goste, fizemos tarde da noite as pressas para que Margot não desconfiasse. – Anna toma a frente.

— Vocês lembraram. – Lacrimejo com a visão dos sorrisos genuínos em seus rostos.

— Como poderíamos esquecer? És tão maravilhosa conosco. – Charla diz, cruzando as mãos em frente ao peito.

— Não sabem como me alegro por tudo isso. De verdade.

— Faça um pedido, minha senhorita. – Clint diz, enquanto parece inquieto fitando o bolo de aparência encantadora.

Após ouvir aquelas palavras reconfortantes, aproximo meus lábios das velas do bolo e as assopro suavemente, deixando escapar um pedido silencioso. Enquanto as chamas se extinguem sob minha respiração, sinto uma sensação de calmaria tomar conta de mim.

— Nossa querida Elena, já é uma linda mulher. – Charla diz, deixando-me envergonhada por notar que, sim, atingi a maioridade neste dia.

— Só não invente de cavalgar sem cela ou beber álcool. – Anna alerta enquanto segura firmemente uma colher de pau, apontando para mim como forma de aviso, ou seria de ameaça?!

— Nunca seria capaz de contraria-la, Anna. – Rio.

Assim que deixo o bolo na bancada, os criados se servem e bebem chá para acompanhar o doce, enquanto se dispersam com conversas entre si ou se deliciando na sobremesa perfeita de Anna, uma de suas especialidades, fora a sua famosa torta de maçã com canela - Que vende muito na primavera, quando os pomares mais dão frutos. - que é simplesmente irresistível.

— Anna! – Surpresa por sua aproximação repentina, deixo escapar o quão feliz estou por passar este dia especial para mim, ao lado das pessoas que mais me entendem. Confesso que por um momento, cogitei a ideia de que ninguém se lembraria, assim como papai ao menos parabenizou-me.

— Perdoe-me por não ter feito algo que realmente mereça, minha menina. – Ela segura as minhas mãos com ternura, enquanto há farinha e massa grudadas em seu avental. — Gostaria de dar-lhe a maior festança que toda a Inglaterra já vira.

Sorrio.

— Mas, infelizmente, este é o pouco que consigo fazer. – Noto o brilho dos seus olhos azuis diminuírem a cada palavra.

— Está tudo bem, Anna. – A abraço, deixando esse gesto levar toda sua tristeza. E a minha também. — Vocês lembraram-se de mim, não sabem como isso significa imensamente para mim.

— Eu não pude deixar de escutar a conversa na sala de jantar. Não sabes como gostaria de fazer algo quanto a isso.

Balanço negativamente a cabeça.

— Sei do que Margot é capaz de fazer caso você se envolva. – Respiro fundo, tentando afastar as angustiantes lembranças de mais cedo. No entanto, não cito o que ocorreu quando Margot desferiu um tapa em meu rosto. — Almejar que sejas mandada embora, ou algo pior, é a única coisa que eu não quero.

Anna não sorri, embora as minhas palavras fossem uma pequena tentativa de reconforto.

— Eu sinto muito, muito, mesmo.

— Pelo quê? – Confusa, Indago.

— Por não conseguir dar-lhe uma vida melhor do que esta. – Lágrimas escorrem pelas suas bochechas.

Com o coração apertado, a envolvo com os meus braços e aperto Anna num gesto de demonstrar que a amo, independente de tudo.

— Jamais pediria algo além da sua presença e companhia, Anna.

— Oh, minha menina tão maravilhosa. – Com lágrimas rolando pelo seu rosto, Anna leva a mão até à minha bochecha e acaricia com ternura. — Sua... Mãe teria tanto orgulho da mulher que hoje se torna.

Assinto com a cabeça, lutando para conter as lágrimas que ameaçam escapar. Observo Anna se afastar e, de repente, ela enfia a mão no bolso do avental, retirando uma pequena caixinha de madeira adornada com um laço desfiado em cima, que a envolve com delicadeza. Meu coração acelera enquanto ela se aproxima, segurando a caixa com um sorriso gentil nos lábios.

— Quase havia me esquecido. – Ela me entrega. — Isto é para você, minha menina.

Com mãos trêmulas, desfaço o laço que adorna a caixa e abro-a lentamente. Meus olhos se iluminam ao ver a visão deslumbrante diante de mim, uma linda correntinha de ouro com um pingente na ponta, esculpido com um brasão e adornado com pedras brilhosas que parecem ser diamantes. Um suspiro escapa de meus lábios enquanto observo o pingente reluzir à luz natural atravessada pela janela. Cada detalhe parece meticulosamente trabalhado, irradiando uma aura de elegância e sofisticação. No entanto, é o que está gravado nas pequenas palavras grifadas em outro idioma na parte de trás, que desperta minha curiosidade.

— Do meu sangue dourado, forjado da minha espada. Sagrado sejas, benção da rainha. – Anna diz, atraindo o meu olhar.

— É lindo! – Boquiaberta com a jóia, digo.

— Estava guardando até a sua décima oitava primavera. É... Uma herança de família.

Anna pega o pingente da caixa, e com delicadeza, o coloca em meu pescoço, ficando atrás de mim.

— Herança de família? Eu não posso aceitar, Anna. – Tento contestar, mas ela continua colocando o pingente.

— Você é a minha família. Eu cuido de você desde antes saber quem era o rei da Inglaterra.

Rio com as suas palavras.

— Não recuse, ficaria tão magoada se o fizesse.

Com um peso na consciência de não aceitar o presente, apenas a deixo soltar os meus cabelos novamente e levo a mão ao pingente em meu pescoço.

— Você nunca diz muito sobre a sua família, Anna.

— Não há muito o que dizer, eu os perdi bem nova. Minha mãe morreu, como eu havia dito há um tempo atrás, e o meu pai... Bem, ele era um homem velho que adorava festas e ouro. – Ela ri baixo, rouca. — Mas, ainda sim, era um ótimo pai.

— O que aconteceu com ele? – Indago, curiosa.

— Eu não sei. – Ela responde, voltando a ficar na minha frente. — Assim como o meu irmão mais novo, não tive notícias mais.

Sinto que tocar neste assunto, lhe dói de alguma maneira.

— Talvez, poderíamos encontrá-los. – Coloco a mão em seu ombro, lhe oferecendo um certo conforto. — Não podemos perder as esperanças, é o que mamãe dizia.

Anna sorri.

— Seria impossível, minha menina. No entanto, agradeço os seus esforços para ver-me feliz.

— Minha senhorita, coma um pouco. – Charla aparece de repente, enquanto me oferece um pouco do bolo de morango. — Thomas está quase acabando com todo o doce, eu acabarei com este bastardo!

Ela vocifera e lança um olhar mortífero para o homem calvo e alto, onde se delicia com mais um pedaço de bolo. Anna e eu trocamos olhares enquanto caímos na gargalhada.

— Não há graça!

— Acho que ele faz isso para justamente irrita-la. – Digo.

— Sem chances.

— Ele claramente se agrada com a vossa presença. – Anna completa.

— Ah... Eu... – Charla bufa. — Vocês pensam demais, isso vai acabar expandindo as vossas cabeças como balões de água.

Ela gesticula com as mãos enquanto se afasta dramaticamente.

— Ela é completamente fora de si. – Comento, voltando a comer.

Capítulos
1 Notas da autora
2 Agradecimentos/ Epígrafe
3 Prólogo
4 Capítulo 1: Era uma vez...
5 Capítulo 2: O canto da maledicência
6 Capítulo 3: Entre os laços do rancor
7 Capítulo 4: O amargor das palavras
8 Capítulo 5: Cinzas do passado
9 Capítulo 6: A impetuosidade de amar
10 Capítulo 7: Uma marca indelével
11 Capítulo 8: Outro lado da moeda
12 Capítulo 9: O canto da serpente
13 Capítulo 10: Motivações
14 Capítulo 11: O inesperado
15 Capítulo 12: O céu, a lua, a figueira e você...
16 Capítulo 13: Cada segundo...
17 Capítulo 14: O lorde Albertin
18 Capítulo 15: Décima oitava primavera
19 Capítulo 16: O destino é real
20 Capítulo 17: O caminho para a liberdade efêmera
21 Capítulo 18: O palácio real
22 Capítulo 19: Minueto
23 Capítulo 20: Deleitando-se com o fel
24 Capítulo 21: Decisão inusitada
25 Capítulo 22: Um dia após o outro
26 Capítulo 23: Agraciada a primeira vista
27 Capítulo 24: A visita do duque
28 Capítulo 25: O amigo do duque
29 Capítulo 26: Sentimentos vazios e arrependimentos
30 Capítulo 27: Pensamentos insanos, ações proibidas
31 Capítulo 28: Noite entre lua e cinzas
32 Capítulo 29: O duque do inverno
33 Capítulo 30: Promessas e arrependimentos
34 Capítulo 31: As fases da hipocrisia
35 Capítulo 32: Inocente pesadelo
36 Capítulo 33: A sorte entre abutres
37 Capítulo 34: A partida
38 Capítulo 35: Campos desconhecidos
39 Capítulo 36: Segredos sujos
40 Capítulo 37: Inseguranças
41 Capítulo 38: A primeira noite
42 Capítulo 39: A perversidade transvestida
43 Capítulo 40: Um pedido de desculpas
44 Capítulo 41: Aprender é ainda mais difícil do que descobrir
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Notas da autora
2
Agradecimentos/ Epígrafe
3
Prólogo
4
Capítulo 1: Era uma vez...
5
Capítulo 2: O canto da maledicência
6
Capítulo 3: Entre os laços do rancor
7
Capítulo 4: O amargor das palavras
8
Capítulo 5: Cinzas do passado
9
Capítulo 6: A impetuosidade de amar
10
Capítulo 7: Uma marca indelével
11
Capítulo 8: Outro lado da moeda
12
Capítulo 9: O canto da serpente
13
Capítulo 10: Motivações
14
Capítulo 11: O inesperado
15
Capítulo 12: O céu, a lua, a figueira e você...
16
Capítulo 13: Cada segundo...
17
Capítulo 14: O lorde Albertin
18
Capítulo 15: Décima oitava primavera
19
Capítulo 16: O destino é real
20
Capítulo 17: O caminho para a liberdade efêmera
21
Capítulo 18: O palácio real
22
Capítulo 19: Minueto
23
Capítulo 20: Deleitando-se com o fel
24
Capítulo 21: Decisão inusitada
25
Capítulo 22: Um dia após o outro
26
Capítulo 23: Agraciada a primeira vista
27
Capítulo 24: A visita do duque
28
Capítulo 25: O amigo do duque
29
Capítulo 26: Sentimentos vazios e arrependimentos
30
Capítulo 27: Pensamentos insanos, ações proibidas
31
Capítulo 28: Noite entre lua e cinzas
32
Capítulo 29: O duque do inverno
33
Capítulo 30: Promessas e arrependimentos
34
Capítulo 31: As fases da hipocrisia
35
Capítulo 32: Inocente pesadelo
36
Capítulo 33: A sorte entre abutres
37
Capítulo 34: A partida
38
Capítulo 35: Campos desconhecidos
39
Capítulo 36: Segredos sujos
40
Capítulo 37: Inseguranças
41
Capítulo 38: A primeira noite
42
Capítulo 39: A perversidade transvestida
43
Capítulo 40: Um pedido de desculpas
44
Capítulo 41: Aprender é ainda mais difícil do que descobrir

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