Eu não tenho marido

Pov's Natalie Ferraz.

9:30 AM

Washington D.C. 

Acordo, com a campainha tocando. A única pessoa que pode ser a essa hora da manhã é....

— Você?— meu tom sai num sussurro surpreso, ao vê a esposa de Ryan parada na minha frente.

— Não vai me convidar para entrar?

É tão cara de pau ao me deixar numa saia justa. Oh meu Deus... se ela descobre sobre os meus filhos, com certeza fará  a cabeça do outro para tomá-los de mim.

— Claro — permito, muito tensa.

A mulher com o seu salto alto fino, pisa bem fundo, checando cada canto do ambiente. É como se procurasse alguma coisa. Interrompo sua intenção, tossindo para chamar a sua atenção. 

— Como conseguiu o meu endereço?— questiono e ela me encara com sarcasmo. 

— Da mesma forma que você conseguiu o meu, com o Borges.— sua simpatia parece mais com deboche— Existe algum problema?

— Não, nenhum.

Olho em direção ao corredor que dá para os quartos, torcendo mentalmente para que os pequenos não acordem. 

— Tem alguém aí a mais com você?

Nota a minha inquietação, percebendo o meu desconforto. 

— O que veio fazer aqui?— sou direta ao perguntar.— Quer dizer, não é uma simples visita.

— Não é mesmo.— ela diz, tirando da bolsa algo.— Esse é convite para você comparecer a festa hoje à noite.

— Festa?—ecoô surpresa. — Eu acho que não vai dar. Eu tenho um outro compromisso.

— Desmarque o compromisso.— manda, como se tivesse autoridade para me dá ordens.— O meu pai estará na cidade e ele não gosta de ser contrariado. Ele vai amar conhecer quem é a nova sócia dos negócios. 

Engulo em seco, umedecendo os lábios. Era só o que faltava.... 

— Você tem direito a levar um acompanhante, pode levar o seu marido.— avisa, enquanto continuo parada.

— Eu não tenho marido.— respondo me sentindo humilhada e a mulher de cabelo escuro rir.

— Você não deve ter feito esse baby sozinha.— aponta com ironia para minha barriga.— Desculpe parecer intrometida, mas quem o pai do seu bebê?— seus olhos interrogam intrigados.

O silêncio ocorre. Fico tremendo inteira. Será que está suspeitando da minha ligação com Ryan? Saio do transe ao ouvir:

— Mamiiiii!— uma das crianças grita.

Paraliso por um milésimo de segundos, querendo me enfiar dentro de um buraco, para não ter que lidar com o olhar de desconfiança da indivídua que está alguns metros de distância. 

— Você tem outro filho?— sua fisionomia parece incerta, ao escutar a voz do meu garotinho acordando meio enjoado. 

— Tenho sim.

— Não vai checar como ele está?— sugere, por alto, provavelmente querendo me acompanhar até o quarto.

— Sim. —  me atrapalho um pouco.— Mas será que poderia ir embora?— peço, e a reação que tem é de arregalar um pouco os olhos.— Meu filho não  gosta de visitas. Pode ficar despreocupada, estarei hoje a noite lá.— confirmo a minha presença. 

— Ótimo, sendo assim eu vou indo. Tenho muita coisa para organizar antes do evento. — força um sorriso, após ser expulsa indiretamente por mim.— Até mais tarde, Natália.

— Meu nome é Natalie.— a corrijo, por errar de propósito. 

Assim que sai, leio a porcaria do convite. É um baile de máscaras. 

(((((((((.........))))

A noite.

Pov's Natalie 

08:30 PM

O dia passou tão rápido que nem aproveitei tanto os meus filhos. Mas isso terminará hoje. 

 Eu vou só me apresentar pro mafioso e ir embora, será apenas para não causar uma péssima impressão.

Deixei as crianças com uma babá, mas estou preocupada. A vida de bandidagem que Ryan está levando pode acabar afetando a vida dos nossos filhos, foi por isso que contratei dois seguranças para ficar montando guarda enquanto eu estiver fora.

A decoração do hotel de luxo está de tirar o fôlego. Tem um tapete vermelho na entrada  principal. Parece uma festa de gala; as mulheres usando vestidos chiques e longos, e os homens de ternos e gravatas. 

Nunca frequentei eventos como esses, e para ser sincera, eu estou odiando está aqui.

Tento procurar Ryan em meio aos convidados, há muita gente no salão.  Alguns dançam e outros estão nas mesas, conversando e aproveitando o coquetel. 

E como todos estão de máscaras, fica difícil conhecer quem é quem.

Pego uma taça  de água que é servida pelo garçom, encostada no canto da parede isolada.

Ryan entra de braços dados com a esposa, todos aplaudem, menos eu. O homem que viveu tantos anos comigo, se tornou alguém irreconhecível. 

Outro casal adentra mascarados, esses devem serem os chefões da Máfia. O homem que indica ser mais velho, desfila ao lado da acompanhante que usa o vestido mais bonito da festa.

Os quatros sobem no palco.

— É uma honra tê-los nesta noite! Fico muito lisonjeado com a presença de todos que dão vida a este trabalho. — discursa. — Quero passar a minha fala para o meu querido genro.

Nem parece que tentou matá-ló. Penso mentalmente, ao vê-los se cumprimentando. 

— Boa noite a todos!— o tom rouco do meu ex ecoa, causando-me um frio na barriga. 

Eu tento parar de ser trouxa, mas o meu coração  ainda bate por ele. Toda vez que o vejo, eu fico mexida.

— Tirem as máscaras. — a sua esposa pede.— Chegou a hora de revelar quem são vocês.

Os convidados vão fazendo isso, assim como os chefões. Mas tem uma coisa que me faz  não revelar a minha identidade. 

— Minha madrasta quer falar algumas palavras.— diz, repassando o microfone.

— Olá, pessoal! — reconheço a voz familiar e tomo um susto quando mostra o rosto. — Me chamo Caroline, eu fico muito contente em tê-los aqui conosco. Queremos que vocês desfrutem da festa!  Estamos felizes em estar em Washington, é bom está de volta.

Essa infeliz não tinha que está morta? Aquele advogado mentiu. 

Começo a tentar montar as peças do quebra-cabeça.  Por qual motivo, a ex primeira-dama quis me tirar daquele presídio?  Sendo que está viva.

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