Nosso chefe não aceita um não como resposta

Pov's Natalie Ferraz. 

A apartamento.

20:45 PM

Não paro de balançar as pernas, estando inquieta.  De vez em quando olho para entrada da porta, com medo que alguém invada o apartamento para me matar. 

É tão ruim a solidão, o medo e a angústia. Os cômodos são tão grandes e vazios. Sinto falta das meninas correndo pela casa, da gritaria que elas faziam, do quanto elas adoravam me chamar de mamãe. 

De repente, desperto dando um sobressalto do sofá com as batidas na porta. Meu olhar de desespero fica em alerta, a respiração fica mais acelerada.  Minha vontade é de correr pro quarto e me esconder, mais as batidas insistentes ecoam mais altas ao ponto de querer derrubar a porta.

Me recomponho e respiro muito fundo, antes de ir checar quem é. 

Espio no olho mágico, avistando dois sujeitos mal-encarados. 

A tensão aumenta em meu corpo e resolvo colocar o revólver atrás de mim, para  quando eu abrir esta porta...

– É a senhorita Natalie?— um deles pergunta.

— Sim.— confirmo, muito nervosa.— O que seria?

— O meu chefe mandou entregar isso a senhorita.

Estende um buquê de flores vermelhas, junto há um cartão. Não posso acreditar que esteja jogando tão sujo!

— Obrigada.— recebo, apenas com uma das mãos, porque a outra seguro a arma. — Diga ao seu patrão que adorei. 

— O meu chefe está lhe convidando para um jantar.  Ele pediu para que nos acompanhe.

— Eu lamento, mas não vou poder ir. Estou um pouco  indisposta.— recuso.— Deixa para uma próxima vez.

— Nosso chefe não aceita um não como resposta.— um dos capangas ergue a camiseta, mostrando a arma que há na cintura.

—Certo. Eu só vou pegar  o meu casaco, só um instante. 

Me direciono até a sala de estar, aproveitando o trajeto para esconder o revólver dentro da bolsa. Procuro pelo meu celular, mas não o encontro. 

Os olhares dos homens seguem para cada movimento que faço. E para não levantar mais suspeitas, resolvo ir com eles.

Deus me proteja!

Tranco o apartamento, deixando até a chave cair no chão por causa do nervosismo. Será que Ryan vai ter mesmo coragem de mandar me matar? 

Sou coagida para fora do condomínio. 

Entro no veículo preto. Não faço a menor ideia para onde estão me levando. Não consigo enxergar nada o caminho inteiro, eles exigiram que eu colocasse um tampão em meus olhos. Penso em gritar por socorro, mas ninguém vai me ouvir.

Neste momento eu só tenho Deus comigo.

(((((.......))))

Desço, sendo guiada. 

A sensação que tenho é de está sendo levada para morte. 

— Por favor, não façam nada comigo!— imploro.— Eu juro que eu desapareço, eu não vou mais incomodar o patrão de vocês.  Podem avisar para ele!

E logo o tampão é retirado do meu rosto e tenho a visão do mar, ficando surpresa por está dentro de um iate de luxo. 

Avisto Ryan fumando cigarro, tranquilamente. E logo acena com o dedo, para que os seus capangas nos deixe a sós.

— Como tem coragem de fazer isso comigo?— o questiono brava.— Tantos anos juntos, pra quê? Para você se tornar isso.

Aponto o dedo, mostrando a  sua aparência mudada, o seu comportamento de uma pessoa extremamente tóxica.

— Já acabou o showzinho?

Lhe defiro um tapa estalado no rosto, por ser tão descarado. O estalo é tão forte, que chega arder a minha mão.

— Como eu pude amar um monstro como você, Ryan?— expresso o meu nojo ao olhá-lo no fundo dos olhos.— Você mandou me matar.

— De onde tirou esse absurdo?— franze o cenho, confuso, se fazendo de desentendido.

— Ninguém me contou, eu mesma ouvi você dando ordens para aquele advogado. 

— Anda invadindo a minha casa, sem autorização Natalie?

— Não importa, seu merda!— lhe xingo.— O que importa é que eu sei que você não tem caráter. Você se casou com aquela mulher por dinheiro! Fale que é mentira, fale! — o desafio, estando totalmente descontrolada.— Eu não sou burra! Talvez um pouco trouxa por ainda dar moral para você.  Mas sabe o que sinto, é ódio! Muito ódio de ter perdido anos da minha vida ao lado de um traidor. Eu te odeio, Ryan!

Cuspo em seus pés. 

O silêncio paira entre nós dois, o clima fica pesado e de imediato abaixa a cabeça. Não sei se seja culpa ou remorso... mais acabo notando uma coisa de diferente. 

Suas orbes azuis que antes estavam frias, estão arrependidas. Trocamos olhares por alguns instantes e sem ao menos esperar cola os nossos lábios. Selamos um beijo mergulhado de tensão, não há uma sintonia ou sequer química. Por mais que eu relute, é mais forte do que eu. Trato de cortar bruscamente, lhe enfiando outro tapa.

— Nunca mais encoste em mim! — o empurro.— Eu quero ir embora.—com lágrimas nos olhos, exijo.— E mais uma coisa: se você não devolver os meus filhos em 24 horas, eu vou até a polícia e te denuncio.— ameaço. 

— Não seja por isso.– saca o seu celular.— Ligue! PODE LIGAR. — desafia-me. Fico tentada a pegar aparelho. — Mas se você fizer isso, nunca mais saberá o paradeiro dos nossos filhos.— soa friamente.

 Entreolho com nojo para sua cara.

— CADÊ OS MEUS FILHOS?— novamente parto para cima dele, empurrando-o.

— Posso te informar o endereço, quem sabe, mais primeiro terá que jantar comigo.

Reviro os olhos ao vê-lo apontando para mesa a luz de velas na beirada do iate. O sarcasmo do próprio, me tira do sério, pois fica claro o quanto está jogando comigo.

Penso em tirar o revólver da bolsa e acaba com isso logo. Todavia.... não posso matá-lo. 

  — Eu sei que não foi você.— seu comentário chama  a minha atenção.— Foi o pai de Melissa que armou aquele circo. O velho não gosta de mim.

— Por que está me contando essas coisas?

— Porque eu quero que você o seduza.

— Está ficando louco? — me indigno com a proposta — Jamais vou fazer isso! 

— Sendo assim, você nunca saberá o paradeiro dos nossos filhos.  Porque nem eu mesmo sei.

— Está me dizendo que essa Máfia sequestrou os nossos filhos, Ryan? É por esse motivo que você trabalha para eles?

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