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    Os dias com Yasmin eram perfeitos, sempre estávamos juntas, café da manhã, almoço, jantar, café da tarde, dormir, acordar. Nós estamos muito unidas, compartilhavamos muitos momentos, Yasmin estava muito esforçada em cuidar de mim e do bebê, mesmo eu não estando habituada e interessada na gravidez.

— Vamos passar alguns dias no interior? — Me perguntou.

— Não sei, a gente ficaria aonde, eu não quero te dar despesas demais.

— Vamos, eu tenho uma casa lá. — Falou — Você não me dá despesas, eu tenho muito dinheiro para você gastar com o que quiser.

— Em quantos lugares você tem uma casa? — Perguntei. — E como assim, muito dinheiro para mim gastar?

— Bom, eu vivi por muitos lugares depois de casar com Bruno, costumo estar sempre mudando, em busca de novas perspectivas artísticas. — Contou-me — Natália, eu vivia sem muita perspectiva, Bruno não é a pessoa quem eu amo, a minha arte é movida aos meus sentimentos, se eu estiver melancólica é assim que elas vão sair e se eu tiver feliz, vai seguir o mesmo padrão. — Segurou minhas mãos. — Eu realmente te amo, todo esse dinheiro da minha arte, finalmente vai ter algum uso, eu realmente não me importo de gastar com você, porque como você é dona do meu coração, você é dona de tudo que é meu.

     Meus olhos marejaram, e as minhas bochechas arrepiaram, eu sabia o que Yasmin queria dizer com isso, mas eu não entendia o porquê é tão difícil para mim aceitar. Aceitar que os sentimentos dela, são como os meus, aceitar que a gente pode ser mais que uma que vem para a outra só quando precisa, porque não posso aceitar que o que eu sinto é o mesmo que Bruno sente por ela.

    Sorri, e assenti, eu não desejo me afastar de Yasmin, mas eu não sei lidar com o que eu sinto.

— Tudo bem, nós podemos ir ao interior, passar alguns dias. — Falei — Será bom, espairecer um pouco.

— Vamos precisar de alguma coisa? — perguntou — Se a gente precisar, eu compro rapidinho e a gente pode ir depois de amanhã.

— Eu não lembro de ir ao interior alguma vez, o que você acharia bom? — Eu queria que ela sentisse que eu estou interessada em ir.

— Bom, eu vou fazer uma lista, e vou na rua comprar, também é bom para exercitar criatividade, então, vou trazer de tudo um pouco. — Sorriu.

     Yasmin estava animada, ela escreveu rapidamente em um papel e se apressou para sair de casa, enquanto isso deixei de lado um pouco a tristeza. Mesmo que as coisas não fossem bem a muito tempo, Julian esteve comigo em diversos momentos, era estranho estar longe da pessoa que eu mais conhecia, conhecer de forma abstrata, pois nunca que sem influências, eu imaginaria a traição e um filho. Me peguei lacrimejando, Julian teria minhas lágrimas por um bom tempo.

      Fui até o telefone da casa, e liguei para o meu advogado.

— Alô? — Perguntou

— Olá Kevin, eu sei que o senhor está muito acostumado a me ajudar em relação as publicações, mas dessa vez poderia entrar com um pedido de divórcio?

— Natália, quase não reconheci. — Parou um pouco. — Eu te ajudo sim, vou entrar para já, me passe as informações necessárias.

— Pode deixar.

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        Yasmin chegou depois das seis da noite, o carro parecia lotado de coisas, estava toda atrapalhada com sacolas, corri para ajudar.

— Eu trouxe algumas roupas, chapéus, sandálias e umas outras coisas. — Sorriu desajeitada — De tudo um pouco, não vai faltar nada.

      Sorri com ela, eu preciso que Yasmin sinta, mesmo que eu não entenda o que eu sinto por ela, mesmo que eu não aceite, eu preciso que ela sinta que ela é amada.

       A ajudei com as escolas mas ela parecia estar preocupada com o fato de algumas estarem pesadas e machucar o bebê. No final, depois de jantar e eu observa-la beber um pouco de vinho na minha frente, eu estando com água na boca diante dessa cena, à-vi ligar o pequeno rádio na sala.

— Lembra, os primeiros momentos que a gente compartilhou juntas? — Me perguntou enquanto estendia a mão diante de uma música lenta.

Segurei sua mão — Me lembro, nem tem tanto tempo assim e você era muito tímida. — Começamos a dançar pela sala.

— Meu mundo era sem graça, você é tudo que eu preciso. — Me disse. — Eu quero inteiramente você, ainda sim, você não precisa me desejar dessa forma, contanto que me permita ser presente para você na sua vida, eu fico imensamente feliz. — rodopiamos ao som da música lenta.

— Yasmin, eu não consigo normalizar e aceitar o que eu sinto por você, tudo que me disse aquele dia é verdade, mas eu sinto que não existe nada mais certo que estar ao seu lado. — Beijei sua bochecha — Eu entrei com o pedido de divórcio, eu não quero estar me machucando e te machucando, eu aceito tudo que você quiser comigo mas eu preciso normalizar isso na minha cabeça.

— Essa sua confusão é comum e com o tempo você vai entender de onde vem isso tudo. — Explicou e em seguida sorriu. — Eu fico muito feliz que você esteja disposta a tentar.

Tomou meus lábios surpreendentemente, me envolvendo com seus braços e o seu amor, mesmo confusa, para mim, aquele era o melhor lugar do mundo.

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