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       Acordei tarde, era uma da tarde e Julian não estava mais em casa, escovei os dentes, lavei o rosto e fui comer algo leve para não agredir o estômago e bebi também um pouco de café com leite, sentei perto da janela para observar a rua, as pessoas iam e vinham seguindo seu rumo natural, fazia um tempo que não escrevia nada, me senti vazia, liguei o rádio e fui faxinar a casa.

       Comecei pelo banheiro, colocando as roupas para bater, limpando o box e o vaso e por último o chão, tirei as sujeitas do espelho e troquei as escovas de dentes por novas. Segui para cozinha, limpando a geladeira e seguindo uma ordem específica para limpar o resto e depois fui para o quarto, no quarto demorei um pouco mais, durante toda a limpeza até agora, eu havia decidido dedicar-me ao meu relacionamento, talvez fosse a hora das crianças, ou então eu deveria por um pouco de amor mais na relação, então limpei tudo milimetricamente, e organizei o armário, ao chegar no armário havia um blusão cinza com listras pequenas brancas, aquele blusão não existia no armário, o aproximei do nariz e havia um leve cheiro adocicado de perfume, perdi meus sentidos, meu estômago foi atingido com uma dor aguda, talvez fosse Renata que tivesse dado essa camisa a ele, mas eu sabia que não, Renata nunca daria uma camisa listrada para Julian, ela odiava roupas estampadas, fosse com flores, listras, círculos.

    Coloquei a camisa no mesmo lugar que estava e terminei de limpar a casa, eu me senti em silêncio e pela primeira vez em muito tempo eu me pus a escrever.

Yasmin

       Ainda estava abraçada a Bruno quando acordei, de alguma forma eu me sentia melancólica, Bruno é um marido perfeito, mas esse era o momento perfeito para que eu possa fazer dinheiro com alguns quadros, soltei Bruno e me levantei. As manhãs eram tão pouco movimentadas naquela casa, Bruno trabalhava a tarde e eu, bem, eu não fazia muitas coisas. Desde que conheci Natalia, comecei a movimentar as tardes, quando estava com ela dedicava todos os segundos para prestar a atenção nela, quando não passava horas pintando quadros dedicados a ela, eu até estava pensando em começar a vender com o meu nome, assinar de fato as minhas obras.

— Tudo bem? desde ontem você parece triste. — Bruno me perguntou.

— Estou bem, só estou um pouco pensativa, nada de mais. — respondi.

    Bruno era bastante atencioso comigo, sentou na cama e acariciou meu cabelo e levantou indo para o banheiro, eu sempre penso se é certo estar apaixonada por outra pessoa estando casada com Bruno, isso mexe com o meu caráter, mas eu nunca havia sentido o que sinto com Yasmin é como se ela fosse o sentimento.

— Bruno, eu acho que vou a praia pra espairecer um pouco e também me inspirar. — Disse isso já no café da manhã.

— Eu acho bom meu bem, porque você não chama Natália para te acompanhar. — Sugeriu.

     Eu achava isso uma ótima ideia, mas todo o problema era o que eu sentia, e eu sei que Natália sente o mesmo, e eu não sei se ela está disposta a lutar por isso, na verdade nem eu sei se estou.

— Acredito que ela esteja ocupada hoje, mas vou ver com ela. — Dei uma desculpa.

Fui arrumar uma bolsa para eu levar, coloquei um caderno e um lápis, se eu me inspirasse era bom ter um papel para rabiscar, Bruno saiu para o trabalho e eu fui me arrumar, não estava afim de usar biquíni, então me contentei com uma camisa e bermuda, e saí de casa.

Dirigindo alheia durante algum tempo, me deparei com a fachada da casa de Natália, quando notei simplesmente dirigi o mais rápido permitido indo até a praia, talvez ela fosse o polo positivo, estava me atraindo como um ímã, respirei fundo me concentrando no caminho.

Eu já havia terminado o quadro dela, mas eu queria mais pretextos para tê-la na minha frente, poder vê-la sempre que eu quisesse, sacudi a cabeça tentando a manter longe dos meus pensamentos, liguei o rádio, e lá estava a nossa música, desliguei o rádio. Estacionei na praia, e fui para a areia, senti nos meus pés, havia uma boa concentração de pessoas, e apenas me sentei para observa-las.

—Eu acho que você devia sim cortar o cabelo — Uma mulher idêntica a Natália falou para a outra que era igual também.

Fiquei de boca aberta.

—Olha o pastel! — Uma ambulante idêntica a Natália gritou.

Mas o que é isso? Como assim?

— Moça, você pode olhar minhas coisas? — Um homem igual a Natália!

Eu estava completamente chocada, me levantei desnorteada em direção ao mar e me joguei na primeira onda que veio.

...PORQUE NATÁLIA SIMPLESMENTE NÃO SAI DA MINHA CABEÇA?...

... ...

... ...

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Comments

Isabela Ramona

Isabela Ramona

continua, estar simplesmente perfeito

2024-01-13

4

Maria Do Carmo Andrade

Maria Do Carmo Andrade

porque vc está apaixonada 😻

2024-01-11

1

Ver todos

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