14

    A sala escura no cinema, me deu um pouco de esperança, escolhemos um filme de ação e tínhamos pipocas para acompanhar, cadeiras lado a lado, e um lugar bom na sala de cinema. No filme havia um começo bem emblemático, ele realmente estava bem centrado, seja qual fosse sua proposta, e o filme até que era interessante, mas tinha algo me incomodando.

      Cruzei as pernas e dei uma leve mordida no lábio inferior enquanto cruzava também os braços, estava de fato impaciente, bufei baixo para que Julian não ouvisse, talvez essa impaciência viesse daí, ele não se importar em me manter perto, abaixei a cabeça, e de repente senti sua mão destra em minha perna, enquanto acariciava levemente, fiz suposições cedo demais.

— Você está com frio? — Sussurrou

     A sala tinha uma temperatura considerável, mas eu só havia notado a temperatura porque Julian me perguntou se eu estava com frio, assim notei também minhas mãos que tinham a temperatura de cubos de gelo. Antes que eu pudesse responder, colocou seu casaco sobre minhas pernas, agradeci e cobri meus ombros. Mesmo com o tempo, Julian não havia perdido seu espírito jovem apaixonante, e eu desconfio, que foi isso que deixou ele perdido em meio a infidelidade, apertei o casaco em meu corpo.

...6 anos antes...

— Você gostaria de sair comigo? — O cara da biblioteca me perguntou.

 De alguma forma esse rapaz sempre estava perambulando por aqui, mesmo que não trabalhasse, estudasse ou mesmo pegasse um livro para viajar para outro mundo, sempre estava me importunando por aqui.

    Depois da sua pergunta os manuscritos começaram a pesar de mais nos meus braços, notando isso, pegou as anotações e livros das minhas mãos para carregar.

       Me senti pressionada por um momento, um namoro não era algo presente em meus planos, isso atrapalharia qualquer facetas de planos futuros, peguei meus livros de volta.

— Desculpe, mas ando muito ocupada não haveria tempo para nós encontrarmos. — Acenei a cabeça pronta para ir embora.

— Calma! Eu poderia ajudar-te no que você precisasse. — Se ofereceu.

     Ele era realmente um cara chato, eu não precisava de ajuda de ninguém, as coisas estavam indo bem do jeito que estavam, mesmo que a situação fosse difícil.

— Não, obrigada! — saí de lá.

       Saindo da biblioteca, me concentrei em equilibrar os livros até em casa, que não poderia ser considerada minha, já que eu vivia ali de favor, a forma de compensar todo esse favor seria publicando um livro, o senhorio da casa, gostava da minha escrita, dizia que era limpa e talvez a frente do tempo, eu apenas ria, estava lutando loucamente para arrumar dinheiro para poder sair da casa, não que fosse um lugar ruim de morar, muito pelo contrário, mas na vida a gente não pode esperar que tudo seja de graça. Melissa, filha do senhorio, fazia questão de transformar os meus simples dias em um inferno, então eu aguardava ansiosamente para deixar o local.

        Faltava virar apenas uma rua para chegar em casa, mas o dito cujo estava na minha frente, eu nem sei se esse cara é normal, eu saí de lá antes, comi poderia, me senti surpreendida, mas o ignorei prontamente.

— Você não pode me ignorar para sempre! — Exclamou convencido.

— Talvez, mas enquanto der, estarei ignorando. — Dobrei um pouco da esquina.

— Eu posso te ajudar a sair da casa do seu José. — Disse atrás de mim.

     Eu parei de andar e virei para poder lhe encarar.

...     Momento atual....

     Mesmo que ele estivesse sempre a minha disposição quando eu precisasse de ajuda, eu nunca pedi, eu nunca precisei na verdade, e talvez esse tenha sido um dos motivos do nosso casamento, essa dependência, por isso que foi tudo muito fácil. Olhando para o lado, pude ver sua mandíbula travada prestando atenção ao final do filme, mas eu só conseguia lembrar do dia da chuva.

...      6 anos antes...

     Havia acabado de me mudar para um apartamento que Julian havia emprestado, ele disse que contanto que eu pagasse certas parcelas o apartamento poderia ser meu, os dias dentro dali eram pacíficos, então eu só precisava-me preocupar em estudar e trabalhar.

— Por que você estuda tanto? — estava parado no batente da porta da cozinha.

— Ah, eu pretendo publicar um livro. — respondi.

— Mas, precisa de tanto estudo para isso? Não é só você escrever o que sente? — Parecia que eu o incomodava.

— É um estudo, mesmo que eu possa escrever de coração, ter uma base, ambiente, análise de cotidiano é muito importante para uma construção. — Argumentei.

   Ele pareceu entender, e sentou no sofá. Eu continuava estudando assiduamente, minha cabeça chegava a doer. Ele levantou tempos depois para preparar um lanche e um tempo depois alguém bateu, ele foi atender e disse para que eu ficasse de olho nos ovos na frigideira. Ele saiu do apartamento para falar com a pessoa, em busca de perguntar o que ele ia fazer com aquilo fui até a porta para lhe perguntar.

— Você pode esperar alguns dias mais? — Julian perguntou.

— Você sabe que isso não vai ser barato, de qualquer forma, consegue o que você quer dessa garota, porque a pesar de eu estar recebendo dinheiro, a coisas estão feias para mim. — respondeu.

— Só mais um pouco e ela vai depender completamente de mim. — Falou.

    Voltei para onde eu estava sentada, eu estava em choque, esperei ele entrar e ir para cozinha para que eu pudesse sair.

Do lado de fora, a chuva era fina porem pesada, não sabia para onde ir, então apenas comecei a andar, nunca que a vida seria justa comigo, eu sabia que não podia confiar cegamente em alguém assim. Eu acreditei puramente em seus sentimentos e suas palavras.

Eu já tinha andando por todas as ruas que eu conhecia, não sabia que horas eram, eu esperava apenas que ele fosse embora, para que eu pudesse me mudar, a chuva continuava forte, trovões e raios, e eu embaixo dos pingos gelados e grossos. Depois de muitos andar, voltei para o prédio, e lá estava ele, com o maxilar travado e uma expressão que eu nunca tinha visto, talvez raiva, talvez preocupação.

— Por que você saiu assim? — Gritou — Está tarde, é perigoso andar na rua sozinha, não quero que isso se repita. — Ele estava extremamente raivoso.

— Eu não preciso... — Eu disse baixo.

— O que?

— Não preciso, não preciso dessa sua falsa preocupação, essa sua casa de mentira, não preciso da sua ajuda, eu nunca pedi a sua ajuda! — Gritei mais alto.

Olhando para sua expressão depois de eu soltar essas palavras, eu saberia exatamente que não era isso que ele queria ouvir, ele se aproximou e segurou em meus ombros.

— Você pode até não precisar, isso não omite o fato de você ter aceitado essa ajuda, se você sair daqui, você vai para onde? — Me perguntou lentamente. — Você não tem nada, você pode viver na mentira de que você vai conseguir publicar o livro, ou você pode literalmente viver uma vida de rainha comigo, onde você não vai ter que se preocupar com o que comer amanhã.

Eu estava muito assustada, no entanto, só lhe dei um empurrão e fui para dentro.

... Momento atual...

Julian era a pessoa que mais me assustava no mundo, desde antes de s gente namorar, ele parecia sempre muito gentil, mas quando a paciência esgotava ele fazia questão de deixar claro e mostrar sua verdadeira face, mentiroso, manipulador, e é triste perceber isso anos depois do casamento.

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Comments

Maria Andrade

Maria Andrade

autora não demore atualizar

2024-02-11

4

Maria Andrade

Maria Andrade

Natalia larga logo esse escroto enquanto e tempo e corre prós braços da Yasmin 😍

2024-02-11

0

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