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    Haviam passado alguns dias desde que eu me despedi de Yasmin na chuva, ao chegar em casa naquele dia, Julian não estava, apenas me deitei na cama, eu senti o exato vazio naquele dia, não por não ter meu marido ao meu lado, e sim por sentir tudo isso, sentir tudo isso por outra pessoa, uma pessoa que eu jurei amor eterno, naquela noite eu chorei até dormir.

     Terminei de arrumar a mesa do café, preenchendo a caneca de Julian com café, ele apareceu logo após, bem vestido, trajava um terno azul, e uma gravata preta, cheirava bem, com o seu perfume fraco, me deu um beijo e se sentou a mesa.

— Bruno me falou, que você ajudou Yasmin a comprar uns belos quadros. — Comentou enquanto bebia o café.

— Não é, na verdade foi tudo escolha dela, ela tem um senso artístico muito bom. — Comentei disfarçando.

— Você podia comprar uns dois para sala, sabe sempre que eu olho para a parede esquerda parece que falta algo.

— Concordo, acho que a gente devia pintar as paredes de amarelo, vai clarear mais a sala. — Eu já pensava nisso a vários meses.

— Tudo bem, vou cuidar disso e a gente pode pintar no final de semana.

      Julian era uma pessoa convincente demais para mim, ele sempre estava cedendo, mesmo que não agisse como meu marido em diversas situações, ele cedia nos momentos restantes.

****************

— Vamos no cinema? — Yasmin me perguntou com um sorriso de orelha a orelha.

— Eu estou um pouco desanimada — Comentei, em tal momento nos estávamos em um café próximo de casa.

— Então, vamos se animar. — Sorriu mais uma vez. — Esse rostinho aqui não é um incentivo para você resolver seus problemas?

      Gargalhei, essa mulher era realmente algo inexplicável, no final, não sobrou muito, eu acabei no cinema junto dela, eu nem conseguia prestar atenção no filme, meu rosto virado para ela, meus olhos captavam todas as suas expressões.

— Eu sou tão interessante quanto o filme? — Perguntou se virando para mim.

— Você não faz ideia! — Respondi e dei um pequeno beijo nela.

    Ela ficou envergonhada e virou a atenção para o filme, porém relaxou na cadeira e pegou minha mão, e juntou com a sua. Finalmente relaxei e pude prestar a atenção no filme, ao final da sessão ela estava deitada sobre o meu ombro, e quando acabou o filme nos encaminhamos para fora da sala, era bem triste termos que nos separar depois de um dia tão bom, sorri para ela, e soltamos nossas mãos, e assim sem se despedir cada uma seguiu seu rumo.

     Parada no sinal, esperando ele abrir para eu poder seguir até em casa, vi duas mulheres de mãos dadas atravessando a rua, de alguns dias para cá eu havia começado a desejar não ser casada com Julian e sim com Yasmin, vê lá ao acordar, ao dormir, durante o almoço e jantar, ter o prazer de ouvi-la sempre cantarolar músicas da rádio, ver sempre seu rosto concentrado em uma pintura, a destreza de suas mãos ao preparar alguma coisa, eu comecei a desejar ser a pessoa que Yasmin quer, a pessoa que divide com ela a cama, e tem todos os pensamentos dela para si.

    Ouvi uma buzina atrás do meu carro e vi que o sinal havia aberto, e segui dirigindo até em casa, ao chegar, Julian já estava em casa, então entrei.

— Boa noite meu bem! — Veio e me comprimentou com um beijo.

    Retribui, Julian era carinhoso, um homem com quem muitas mulheres sonhavam em ter, mas eu sabia que Julian escondia algo, o jeito de me tocar, de se preocupar e de falar comigo estava diferente. Eu estava triste, tomei um banho e deitei na cama, Julian havia me deixado quieta, mas eu fiquei tão triste que não me restava forças.

Será que amar alguém é tão doloroso assim?

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