Capítulo 18. O selo dos Deuses

        AARON NARRANDO

Normalmente eu sempre sei o que fazer, mas... ao ver a Gaia desmaiar bem na minha frente, pela primeira vez eu não soube como reagir, não soube o que fazer. Eu a segurei antes que ela caísse no chão, fiquei ali com ela nos meus braços tentando fazer ela acordar, mas o que quer que eu fizesse, todas as minhas tentativas para acordá-la foram em vão.

Chamei por ela várias vezes, dei alguns tapinhas nas bochechas dela, cheguei até a dar um meio pesado que fez a bochecha dela ficar vermelha e os meus dedos ficarem marcados nela, mas mesmo assim ela não acordou, o desespero começou a se hospedar em mim, eu realmente não sabia o que fazer, não podia pedir ajuda para ninguém na casa, é proibido para vampiros entrar no território dos cavaleiros e o mesmo se enquadra aos cavaleiros e ao nosso território, afinal somos inimigos, se algum deles soubesse que eu estou aqui a coisa ia ficar feia para o meu lado.

Fiquei completamente desesperado, eu não podia perder a minha alma gêmea justo agora que a encontrei, passei anos e anos esperando por ela, e agora que ela está aqui comigo ela simplesmente irá embora? Eu não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo com ela, eu só conseguia pensar que não queria perder ela, não agora.

 Por pouco achei que fosse perder a cabeça, porém a minha atenção se voltou para a porta que ronronou dando o aviso de que estava sendo aberta por alguém do lado de fora, pensei pensei em fugir mas não poderia simplesmente deixar a minha outra metade ali sem saber o que aconteceria com ela, então decidiu permanecer ali e esperar o que quer que fosse que estivesse para acontecer.

A porta se abriu e observei atentamente a figura que estava do lado de fora entrando, para a minha sorte era uma garota, e para a minha desgraça era a filha do General Varnnever. Não é que eu esteja com medo de entrar em um confronto com ela, mas é que tem mulheres bravas que nem leão, mulheres que fazem frente a um homem e saem sem um único arranhão, e ela é uma dessas, mas ela não é pariu para o príncipe dos vampiros, acontece que eu simplesmente não quero brigar.

Os meus instintos estavam alerta desde o momento em que eu ouvi a porta sendo aberta, estava na minha natureza vampírica. Quando ela entrou se assustou ao me ver e fez um reflexo rápido puxando a sua espada, apontou-a para mim em posição de ataque.

— Como... — Ela para de falar ao notar a Gaia desacordada nos meus braços — O que foi que você fez com ela seu sanguessuga maldito? — Ela perguntou exigindo uma explicação para mim.

— Eu não fiz nada com ela — Respondi um pouco irritado pelo jeito como ela me chamou, eu odeio ser chamado de sanguessuga, embora que eu seja mesmo um sanguessuga de certa forma.

— Seu mentiroso! — Ela disse quase em um grito — Você está com ela nos braços, desacordada, e ainda tem a coragem de dizer que não fez nada com ela? Você vai pagar por isso! — Ela disse vindo na minha direção para proferir um ataque, mas eu me desviei dele com facilidade, como disse, ela não é pariu para mim.

Ela continuou tentando proferir alguns ataques contra mim com a sua espada, mas eu me desviei deles da mesma forma, sem perder o foco do que realmente importava, a Gaia, eu a mantive nos meus braços o tempo todo.

— Pare com isso! — Falei depois de me teleportar um pouco longe dela para desviar de mais um da sua sexta tentativa de me ferir — Eu realmente adoraria brincar com você, mas esse não é um bom momento, a vida da Gaia pode estar em perigo.

— É claro que está, solte ela agora — Ela falou rígida como se estivesse me ameaçando e eu não gostei nenhum pouco.

— Mas é claro que eu não vou — Falei franzindo a testa — Você acha que o perigo sou eu?

— É claro, quem mais seria? Solte ela agora — Ela falou firme como se estivesse me ordenando.

— Sua tola — Falei a olhando de cima à baixo com desdém — Que tipo de ser seria capaz de machucar a sua alma gêmea? Seja mais inteligente ao menos uma vez em toda a sua existência miserável de mestiça — Soltei as últimas palavras com ela me olhando descrente e com a testa franzida.

— Ela é a sua alma gêmea? — Ela perguntou.

— Você é surda por acaso ou está apenas fingindo que não entendeu?

Ela não respondeu e ficou olhando para mim e para a Gaia por alguns instantes, ela estava relutante, mas lentamente abaixou a espada e a colocou de volta na sua cintura, respirou fundo e deu um suspiro. Me olhando fixamente ela me perguntou o que havia acontecido para que a Gaia ficasse inconsciente, sem hesitar eu contei a ela tudo o sei, absolutamente nada, estávamos conversando quando do nada ela desmaiou.

Ela desenhou um símbolo estranho no ar com os dedos e fechou os olhos, com as mãos unidas formando um triângulo ao contrário, parecia que ela estava fazendo uma invocação.

           WANDA NARRANDO

Eu e o Varnnever, na companhia de alguns guardas estávamos caminhando até o reino das bruxas, não podia simplesmente nos teleportar para lá porque a rainha delas enfeitiçou o seu reino para que fosse inacessível com uso de magia. Estava andando tranquilamente, quando ouvi a voz da Amara ressoar na minha cabeça.

— "Wanda! Eu sei que deve estar ocupada, mas a situação é muito urgente para deixar para depois, por favor venha o mais rápido que puder".

— Amara!? — Parei de caminhar e os outros também, inclusive o Varnnever que me olhou com curiosidade ao me ouvir dizer o nome da filha dele — O que aconteceu?

— "Não sei dizer ao certo, vai saber quando chegar. Mas... tente não se surpreender com o que verá, ah e por favor, não diga nada para o meu pai, venha sozinha. Estou no quarto da Gaia".

A conexão mental foi fechada, e logo o Varnnever me perguntou o que aconteceu e o que a Amara disse, eu menti dizendo que ela apenas queria conversar comigo, mandei todos continuarem o trajeto e abri um portal direto para o quarto da Gaia. Assim que cruzei o portal entendi tudo o que a Amara quis dizer.

— Então era a isso que se referia quando disse para eu não surpreender com o que verei, e é por isso que chamou a mim ao invés do seu pai — Falei olhando para o Aaron, o príncipe dos vampiros.

— Ao que parece a Gaia é a alma gêmea dele — Amara falou parecendo desconfortável com a ideia.

— Não temos tempo para conversas, a Gaia pode estar indo embora. Faça o que for, só trás ela devolta — Aaron falou desesperado.

Me aproximei da cama, ele estava segurando a mão da Gaia, mas eu pedi para ele se afastar e mesmo restante ele obedeceu. Comecei a examinar a Gaia com magia, mas estranhamente ela estava bem, não havia nada de errado com ela, então presumi que se tratava de uma magia muito poderosa.

Decidi entrar na mente dela, segurei a cabeça dela com as duas mãos e fechei os olhos invocando o feitiço em silêncio, estava perto de entrar na mente dela, mas senti algo muito poderoso, algo que vai além da minha compreensão e do meu poder, sem pensar duas vezes eu me afastei recuando para trás muito rápido, com medo, surpresa, pavor e inclusive curiosidade.

— O que foi? — Amara e Aaron perguntaram ao mesmo tempo.

— O selo dos deuses — Falei tão cheia de medo que quase cheguei a murmurar.

— O selo dos Deuses?! Mas isso é impossível! Por qual motivo os deuses iriam criar um selo nela? — Aaron perguntou franzindo a testa.

 — Qual dos deuses fez isso? E o quê exatamente ele selou? — Amara perguntou.

— Não faço ideia de qual foi o deus que criou esse selo, mas de uma coisa eu tenho certeza. Para ter sido um deus a criar este selo... deve ser algo muito, mais muito poderoso. Tanto que ele decidiu conter temendo o pior. Mas já que eu consegui sentir tão forte... quer dizer que o selo está se quebrando — Falei as últimas palavras com um arrepio de pavor percorrendo as minhas espinhas.

— Eu sei que isso é mais poderoso do que você, mas por favor tente fazer alguma coisa. Talvez se você entrar na mente dela consiga fazer ajudá-la de alguma forma — Aaron falou preocupado.

Mesmo temerosa e receosa, eu me aproximei novamente da Gaia e prossegui com o feitiço para entrar na mente dela, porém quando entrei, percebi que o lugar onde eu estava não era a mente da Gaia, era totalmente escuro, não via nada além de mim mesma. Me questionei onde eu estava e recebi uma resposta vindo do nada, a voz era feminina e majestosa, ressoou como um cântico doce e sereno, podia jurar que era uma deusa falando.

— Você está no esquecimento. Não deveria ter se intrometido feiticeira. Mas não se preocupe, eu a mandarei devolta — A voz falou, porém eu não sabia de onde vinha, parecia vir de todos os lugares.

— Quem é você? E o que quer com a Gaia? — Perguntei olhando para o nada.

— Quem eu sou ainda não é relevante por hora, mas você sabe o que eu sou — A voz me respondeu.

— Por quê me trouxe para cá?

— Porque você estava tentando interferir nos meus feitos. É assim que as coisas têm que ser, e não importa o que você tente fazer nada vai mudar. A Gaia toda a sua vida com esse selo, e já está mais do que na hora da verdade vir a tona, eu me arrependo por não ter feito nada esse tempo todo, mas tinha que seguir a ordem cronológica. Está chegando a hora da Gaia enfrentar o seu destino, e para isso ela precisará saber quem, e o quê ela é, e você feiticeira, vai estar lá para ajudá-la quando a hora chegar. Quanto ao selo, não precisa se preocupar, pois ele só se quebrará por completo na hora certa. Agora saia — A voz terminou de falar e eu fui arremessada contra a parede.

— Wanda! Amara gritou correndo até mim junto com o Aaron.

— Eu lamento. Mas isso não é assunto meu. Eu não posso fazer nada, já fui avisada.

As palavras daquela deusa, quem quer que ela fosse, ressoavam na minha cabeça, eu sabia que o dia em que a Gaia enfrentaria o seu destino estava perto, mas não tanto a ponto de um Deus decidir agir. Uma única pergunta pairava sobre a minha cabeça, o quê ela é? Se os próprios Deuses decidiram intervir, quer dizer que ela é realmente poderosa, mas o quanto?

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Comments

Paula Ferreira

Paula Ferreira

desculpa, mais eu concordo,já tá chato esses desmaios.

2024-04-10

0

Mari Muniz

Mari Muniz

Desmaiou de novo?? Vive desmaiando.

2024-03-19

1

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