Capítulo 2. Uma tragédia

Depois que fomos morar com o Jonas e a Bridget muitas coisas mudaram, como por exemplo eu e a Nina agora estamos estudando numa escola de verdade, quer dizer, não é que a escola lá do orfanato não fosse de verdade né mas é que todos os professores eram na verdade professoras, não tinhamos professores eram só as freiras que nos davam aulas. O Jonas costumava levar eu e a Nina de carro para escola todo santo dia, a Bridget era mais ocupada que o Jonas ela só ia nos buscar na escola, nos levava poucas vezes, quem levava mais era o Jonas, eu e a Nina estávamos adorando a vida que estamos tendo a Lina realmente tinha razão, estavamos sendo tratadas como rainhas, o Jonas e a Bridget estavam sendo os melhores pais que eu e a Nina nunca tivemos.

A Lina ia visitar a gente todos os dias desde o dia em que o Jonas e a prima dela Bridget adotaram eu e a Nina, ela brincava com a gente no pouco tempo que tinha livre, eu e a Nina ficávamos contando as horas para vê-la, ela vinha todos os dias, mas um dia ela não veio, e no outro, e outro depois desse, durante uma semana ela não foi na casa da Bridget pra nos ver, eu e a Nina já começamos a achar estranho desde o terceiro dia que ela não foi ver a gente, estavamos muito preocupadas pedimos para o Jonas e para a Bridget nos levarem até ao orfanato para podermos ver a Lina.

Nós praticamente imploramos para eles, mas não tão difícil assim convencê-los a nos levarem até lá, pouca gente resiste ao olhar de cachorro abandono e felizmente para mim eles eram da lista dos que não resistiram, eu e a Nina conseguimos convencê-los graças a imitação perfeita do olhar de cachorrinho abandonado que a Lina nos ensinou, a Lina era o amor em carne e pessoa.

Era num sábado, tinha reunião dos encarregados, a Bridget e o Jonas prometeram nos levar para ver a Lina assim que a reunião terminasse, eu e a Nina não víamos a hora de poder ver a Lina, estavamos muito ansiosas e animadas eu quase nem conseguia respirar de tão empolgada que estava, não via a hora daquela reunião terminar logo.

A reunião durou quase a manhã toda, e quando já passava do meio dia terminou, a Bridget e o Jonas cumpriram o que tinham prometido e nos levaram para ver a Lina no orfanato, eu e a Nina começamos a cantar uma canção que a Lina nos ensinou para manter a alegria viva:

Faça chuva ou faça sol, seja de dia ou de noite, nos bons momentos ou ruins a alegria sempre vai, viver em mim, porque eu sou uma menina sonhadora, eu posso, eu posso viver dos meus sonhos, eu posso eu posso, ser feliz, se sonhar, e acreditar, e repete, eu e a Nina adorávamos está canção assim como os meninos lá do orfanato, a música soava melhor quando era a Lina quem cantava ela tinha a voz de um anjo e costumava cantar para a gente todas as noites antes de dormir, todos os dias era uma canção diferente, e eu amava, se fosse possível uma criança desejar nunca crescer e o desejo de realizar eu desejaria exatamente isso e passaria o resto da minha vida ouvindo as canções da Lina.

Quando chegamos no orfanato eu já estava com a ansiedade de ver a Lina a flor da pele, estava tão ansiosa que quase não consegui esperar o Jonas parar o carro, mas por questão de segurança eu esperei, ele parou o carro e eu nem esperei ele vir abrir a porta eu mesma abri e desci bem rápido.

— Gaia vai com calma se não você ainda pode se machucar, Bridget falou quando me viu pulando ansiosa e correndo para ver a Lina.

Depois que a Bridget falou eu me controlei, esperei ela, a Nina e o Jonas chegarem até onde eu estava para podermos entrar todos juntos, foi quando percebi que a madre superiora estava vindo até nós, mas ela não estava a madre superiora rabugenta que gosta de parecer má mas nunca foi, ela parecia meio triste e abalada e os olhos dela estavam vermelhos como se ela tivesse chorado a poucos minutos.

— Boa tarde Bridget, boa tarde Bridget e boa tarde meninas tive muitas saudades de vocês, a madre superiora falou com um sorriso bem curto no rosto.

— Boa tarde madre superiora, respondemos.

— Desculpa termos vindo aqui a essa hora madre superiora, mas é que as meninas insistiram muito para vir, elas queriam ver a Lina, falando nela onde ela está? Faz uma semana que ela não vai lá em casa ver as meninas, Bridget falou.

A madre superiora abaixou a cabeça, fechou os olhos como e apertou o nariz de leve com os dedos, era como se ela estivesse se contendo para não chorar, eu podia ser uma garota de apenas seis anos mas eu tinha conhecimentos amplos sobre segurar emoções graças a Lina, então eu sabia que a madre superiora estava se contendo só não sabia o porquê.

— Madre superiora, está tudo bem com a senhora? Bridget perguntou ao ver o estado da madre.

— A Lina foi transferida para Nova Jersey já faz uma semana, a madre superiora falou assim que se recompôs e ergueu a cabeça.

— Mas como assim ela foi transferida? Por que ela não me avisou? E por que ela foi sem se despedir? Isso não faz sentido, Lina falou triste, ela e a Lina era tão próximas quanto duas irmãs de sangue e era inacreditável que Lina tivesse sido transferida e não tivesse dito nada para ela aquela notícias partiu o coração da Bridget.

— A Lina foi embora? Perguntei num tom de quem ia chorar.

— Ela não vai mais voltar? Nina perguntou no mesmo tom que eu.

— Se acalmem meninas a Lina vai voltar sim, não é mesmo madre superiora? Bridget falou.

Quando a Bridget disse aquilo conseguimos o total da madre superiora, os olhos dela deixaram escorrer algumas lágrimas sem que ela perceber, aquilo me preocupou muito, eu tinha o pressentimento que o que a madre superiora ia dizer não era coisa boa.

— Na verdade, Bridget.... eu lamento muito informar desta maneira na frente das crianças mas uma hora ou outra elas vão saber que a Lina.... a madre não consegui terminar a frase e dominada por suas lágrimas.

— Madre superiora não me assuste, o que foi que aconteceu com a minha prima? Bridget perguntou bem preocupada quase que despertada.

— Como eu já disse anteriormente, a Lina foi transferida para Nova Jersey, mas desde que ela se foi não recebemos nenhuma notícia dela, não até hoje, a madre superiora do orfanato de Nova Jersey ligou para mim alguns minutos antes de vocês virem para cá, eu soube por ela que a Lina ainda não chegou em nova Jersey, a madre superiora falava mas Bridget atrapalhou.

— Se ela pegou um vôo para Nova Jersey a uma semana como ela pode ainda não ter chegado lá? O que foi que aconteceu? Onde ela Está? Bridget perguntou com lágrimas escorrendo dos seus olhos.

— A madre superiora de Nova Jersey me perguntou que dia a Lina pegou o vôo para lá, e quando eu disse que foi a uma semana ela me disse que no mesmo dia em que a Lina viajou houve um avião com destino para Nova Jersey que perdeu o controle e acabou caindo, e era o mesmo vôo que a Lina pegou, a madre superiora falou e e se desabou a meio do que falava.

As pernas da Bridget perderam as forças e ela caiu de joelhos no chão e começou a chorar descontroladamente assim como eu e a Nina, naquele momento o céu que estava mais do que limpíssimo com o sol erradicando começou a escurecer, a dor que eu estava sentindo era tão grande que eu nem sei explicar, era como se eu tivesse perdido a minha própria mãe e a Lina era quase isso pra mim, era como uma mãe, parecia que o céu havia se compadecido com a minha dor porquê do nada começou a chover e em poucos minutos já se ouvia o som de trovoadas no céu, o dia que irradiava com a luz do sol agora estava sendo iluminado pelos relâmpagos.

— Amor levanta, nós temos que entrar está chovendo muito, Jonas falou para Bridget chorando também.

Jonas levantou Bridget do chão e colocou de pé, a madre superiora tentou falar comigo e com a Nina para entrarmos por causa da chuva mas eu me recusava, eu ficava gritando que queria voltar pra casa, ao contrário de mim a Nina era muito forte tanto fisicamente quanto emocionalmente o que fazia todo o sentido já que ela era dois anos mais velha que eu, e ao contrário de mim ela entendia a madre superiora e também estava tentando me convencer a entrar mas eu continuava me recusando a entrar, então o Jonas decidiu que deveríamos voltar para casa, entramos no carro abalados com a morte da Lina e mesmo assim o Jonas arriscou em dirigir na estrada húmida e coberta de névoa causada pela intensa chuva que caía.

Dava para ouvir as trovoadas no céu como se elas estivessem nos seguindo, o Jonas estava com muita dificuldade de enxergar devido o nevoeiro que cobria estrada toda, aconteceu tudo tão rápido, um relâmpago caiu bem na nossa frente, o Jonas virou o volante com uma velocidade que fez o carro virar, o carro girou várias vezes até que finalmente parou bem na frente de um precipício, e então eu me lembrei que a Lina havia me dado uma caixa antes dela sumir, eu estava com a cabeça as mil não conseguia nem mais respirar direito mas eu conseguir me lembrar, a Lina me falou pra nunca abrir aquela caixa a não ser que ela me pedisse ou que ela não estivesse mais aqui, eu nunca achei era disso que ela se referia.

Eu perdi a consciência e no mesmo instante me despertei toda suada e com o peito acelerado, estava tendo um pesadelo, um pesadelo com o passado, uma coisa é certa, eu nunca vou me perdoar por aquele dia, eu ainda me culpo muito mesmo depois de já terem se passado tantos anos, se não fosse por minha causa a Bridget e o Jonas ainda estariam vivos, toda vez que vejo a cicatriz enorme nas costas da Nina me afogo ainda mais no sentimento de culpa, depois daquele dia eu e a Nina ficamos marcadas, não só pelo acontecimento mas também pelas cicatrizes que carregamos agora, a Nina tem uma bem grande das costas até no quadril e eu fiquei com uma na parte posterior do meu tornozelo, eu nunca consegui esquecer aquele dia, duas tragédias em uma só.

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