Capítulo 3. Dane-se

— Com pesadelos de novo? Nina perguntou parada na porta do quarto — Vai se arrumar e vem tomar café, Nina falou.

Bocejei e me espreguiçei, coloquei os pés no chão e suspeitei de cansaço.

— Rápido o Fredy está aqui, Nina falou batendo as palmas para que eu me apressasse.

— O quê? Eu me recompôs na hora — O que o Fredy está fazendo aqui tão cedo? Perguntei com a testa franzida e um semblante surpreso.

— Eu sei lá, eu que te mandei namorar com o vizinho? Nina falou erguendo a sobrancelha esquerda — Se apresse, não quero ter que dar encima do seu namorado, Nina falou brincando.

— Faz isso e eu te mato, gritei para Nina quando ela saia.

A Nina é muito brincalhona, ela também namora mas o namorado dela não mora tão perto da nossa casa quanto o meu, o namorado mora perto da faculdade onde ela estudava, a Nina se formou em direitos e eu estou me formando em artes plásticas, ela praticamente virou minha mãe vive me dando ordens e dizendo o que tenho que fazer o tempo todo

Depois daquele dia trágico que nos marcou, nós duas voltamos a morar no orfanato e fizemos uma promessa de nunca nos separar e viver juntas quando fôssemos maiores e aqui estamos, cumprimos a nossa promessa e estamos morando na mesma casa, a alguns quilómetros da casa tem uma floresta, segundo os moradores dali é proibido entrar naquela floresta pois acontecem coisas muito estranhas lá, eu e a Nina não acreditamos muito nesta história mas bom, eles vivem lá a mais tempo que a gente né, vai que eles têm razão.

Me levantei da cama e fui pra varanda, me dirigi até o banheiro, escovei os dentes e tomem um banho gelado pra tirar aquele sono que ainda me restava, era fim de semana por isso não tinha que me preocupar em acordar cedo mas ainda assim estava com sono, acontece que na noite passada dormi muito tarde por causa do Fredy, estavamos na casa dele e vocês já podem imaginar o que estávamos fazendo, coisa de namorados.

Depois do banho coloquei uma toalha e voltei para o meu quarto, na verdade a casa onde eu e a Nina vivíamos era a mesma casa onde vivíamos com a Bridget e com o Jonas, como eles nos adotaram e no tornamos legalmente filhas deles nós herdamos tudo o que era deles inclusive a casa e as contas bancárias.

Como eu estava para sair depois do café eu decidi não usar short, coloquei uma valsa jeans uma blusa de alsa branca, um casaco jeans e um par de tênis banco e desci para tomar café. Quando cheguei na sala encontrei a Nina se namoriscando com o Heidi, o namorado dela, ela não me falou que ele também estava aqui em casa.

— Oi amor, Freddy falou assim que me viu chamando a atenção do casal ao lado dele.

— Oi cunhada, Heidi falou quando me notou parada na porta entre a varanda e a sala.

Nina estava sentada no colo dele mas quando ouviu ele chamando o meu nome ela se sentou na cadeira ao lado da dele.

— Bom dia! Cumprimentei caminhando até eles.

Com exceção de Nina, Freddy e Heidi me Cumprimentaram de volta, me sentei ao lado do Freddy e dei um beijo nele.

— Oh Nina, onde está a Lina? Perguntei olhando debaixo da mesa.

Lina era minha cadela, quando fiz 18 anos adotei uma cadela e dei a ela o nome da Lina, ela é uma caniche de pelos brancos é muito fofa.

— Ela está na minha casa, Freddy falou, a Lina adora ir na casa do Freddy eu me pergunto o que ela vê lá.

Depois disso nós tomamos o café, quando terminamos todos saímos da casa, a Nina e o Heidi saíram pra se divertir um pouco, eu saí para trabalhar, eu costumo ir na praça da cidade pra fazer retrato de quem se interessa pela arte e recebo dinheiro em troca, hoje eu vou apenas entregar alguns retratos que fiz no fim de semana passado e se encontrar clientes vou pintar, mas não tenho intenção de fazer nada hoje.

O Freddy me levou no carro, ele não tinha nada para fazer por isso decidiu me levar, quando chegamos já havia um cliente me esperando no lugar onde eu costumo ficar, pedi desculpas pelo e entreguei o retrato que fiz da filha dele, depois começaram a chegar mais clientes e eu finalmente terminei de entregar todos os retratos, o Freddy já tinha ido embora fazia algum tempo, eu estava sozinha.

Tinha restado apenas um retrato que era da Rose, a Rose é minha colega de faculdade, ela adora implicar comigo desde o primeiro ano da faculdade, pra ser sincera eu nem sei por que aceitei fazer um retrato dela, mas bom, o que está feito está feito. E lá vem ela com a submissa dela, a Virgínia, elas são umas víboras.

— Olá vadia como vai, Rose falou olhando pra mim com desdém.

Revirei os olhos e olhei para ela com aborrecimento.

— Se eu sou a vadia você é a vaca, aqui está o seu... eu falava quando de repente Rose puxou o meu cabelo com muita agressividade que eu até deixei o retrato dela cair.

— O que foi que você falou sua vadia? Rose falou enquanto agarrava o meu cabelo com muita força.

— Me solta, falei segurando na mão dela para tentar me soltar.

Vi Rose levando um soco na cara e na hora soltou o meu cabelo, ergui a cabeça e vi que era Nina, ela parecia muito brava.

— Eu já não te falei pra não encostar nela? Nina falou muito irritada.

— Deixa pra lá Nina vamos embora, falei agarrando o braço da Nina.

— Você tem muita sorte que a Gaia não gosta de briga viu, porque senão eu ia arrancar essa tua carinha, Nina falou enquanto eu puxava ela pra gente ir embora.

Eu e a Nina fomos embora, quando chegamos em casa a Nina parecia muito brava comigo, não falou nada desde que chegamos, eu acho que ela tá irritada por eu não ter me defendido de novo, eu não gosto de briga quando é que ela vai entender isso?

— Tá chateada comigo? Perguntei fazendo cara de cachorro abandonado.

— Nem vem com essa carinha Gaia, e sim eu tó muito chateada com você, Nina falou num tom que fez transparecer o quão irritada ela estava.

— Não faz isso comigo vai, você melhor do que ninguém que eu não gosto de brigar, falei desfazendo a carinha.

— Dane-se, eu sei que você nunca faz nada para manter a graciosidade que a Lina nos ensinou, mas você está se esquecendo que a Lina não tá mais aqui, agora somos só você e eu, você tem que começar a se defender eu posso ficar cuidando de você o tempo todo como se fosse sua babá, Nina falou alterada.

— Não fala assim comigo Nina, assim parece que você está me faltando com respeito, falei.

— Dane-se, já tá mais do que hora de você parar de agir como se fosse uma princesa, Nina falou, realmente ela estava muito irritada eu nunca vi a Nina.

— Olha aqui, se você e o Heidi brigaram eu não tenho nada haver viu, para de falar assim comigo como se eu fosse a sua filha adolescente que tá abusando da liberdade, falei mudando meu semblante.

— A mim você responde, mas se for a Rose você perde a coragem né? Que bonito, Nina falou.

— Pra mim chega, eu tenho que aguentar isso, falei e saí pra fora.

Quando abri a porta e na hora que eu saí a minha cadela também saiu, mas ela foi na mesma direção que eu, eu estava indo para a casa do Freddy e a minha cadela estava indo na direção da floresta, chamei por ela mas ela continuou correndo, fui atrás dela com medo que ela se perdesse na floresta pois já estava escurecendo, quando entramos na floresta senti um forte arrepio por todo o meu corpo e o meu peito apertou, eu tinha um pressentimento ruim sobre aquele lugar mas precisava encontrar a minha Lina, não pudia arriscar perdê-la.

Finalmente encontrei a Lina mas algo estava errado, ela estava olhando para uma árvore a uma certa distância e não parava de latir, fiquei muito aliviada por ter encontrado ela e me aproximei para pegá-la e voltar para casa.

— Lina, finalmente te achei, ficou maluca bebê? A mamãe ia morrer de preocupação se você se perdesse, fiz cócegas nela mas ela parecia se importar mais com o que estava por trás daquela árvore do que com os meus carinhos.

De repente um cheiro forte de sangue inundou o meu nariz, olhei para o mesmo lugar que a minha cadela, ainda não estava entendo por que ela estava latindo tanto para lá, olhei com mais atenção e percebi dois pontos vermelhos que mais pareciam ser olhos de um animal feroz e esfomeado porque pirilampos eu tenho certeza que não eram, não existe pirilampo assim em lugar nenhum mundo.

— O que é aquilo?

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