Adrian
Enquanto saio de casa para dar aula, o sol brilha forte enquanto coloco meus óculos de sol. Dirigindo sob o céu ensolarado, reflito sobre as lembranças do dia anterior, especialmente os momentos com Ana.
Enquanto conduzo, questiono-me: por que tudo precisa ser tão complicado? Serei eu quem complica as coisas? Respiro fundo e me pego sonhando com uma vida mais simples, talvez até uma família. Cada vez é mais difícil resistir aos sentimentos que tenho por Ana.
Ao virar a esquina, avisto-a deixando seu irmãozinho na creche antes de seguir para a escola. Acelero um pouco o carro me aproximando dela. Ela parece me ver, mas continua concentrada no celular. Decido diminuir a velocidade e, abaixando o vidro, chamo por ela:
— Ana? Ei, Ana? Eu gostaria de explicar o que aconteceu ontem, eu...
Ela se vira para mim, com um olhar sério, e responde:
— É melhor o senhor olhar para frente, professor.
Encolho-me no banco do carro, passando a mão pelo cabelo, um pouco frustrado. Internamente, digo a mim mesmo que talvez seja melhor assim. Talvez nós não funcionássemos mesmo. Talvez seja minha sina, minha maldição, vagar sem rumo, sozinho, como um verdadeiro lobo solitário, sem sua prole e sua alcateia.
Com esses pensamentos, acelero o carro para chegar à escola rapidamente. Ao chegar à escola, estaciono o carro e tento aliviar a tensão do momento com Ana. Ao caminhar em direção à sala dos professores, concentro-me no planejamento das aulas do dia.
No entanto, mesmo tentando focar no trabalho, meus pensamentos continuam fixos na imagem de Ana, em suas palavras e na sensação de distância entre nós. Enquanto preparo os materiais para a primeira aula, luto para afastar esses pensamentos, mas eles persistem.
Durante as aulas, busco concentrar-me nos alunos e no conteúdo, mas ocasionalmente meu olhar se desvia para Ana. Infelizmente, ela evita o contato visual, procurando desculpas para conversar com amigos e evitar me olhar ou dar atenção.
Decido que é hora de esclarecer as coisas. Após as aulas, faço uma pausa antes de sair da escola. Respiro fundo, reunindo coragem para abordar Ana e esclarecer minha decisão de partir de SombraVale. Reconheço que estar aqui foi um erro, percebo que talvez não posso viver uma vida normal sendo quem sou. Talvez seja hora de me isolar completamente desta civilização.
Assim que entro no meu carro, avisto-a se despedindo dos amigos. Acelero por um momento e, em seguida, paro em um acostamento um pouco mais à frente, aguardando-a passar por aqui.
Quando avisto Ana se aproximando, chamo por ela e faço um gesto, indicando a necessidade de conversarmos. Apesar da hesitação inicial, ela acaba se aproximando do carro.
— Ana, podemos conversar? Por favor. — peço, esperando que ela me ouça.
Ela olha ao redor, um pouco desconfortável, mas concorda com um aceno. Com um gesto, a convido a entrar no carro para irmos a um lugar mais reservado, onde poderíamos falar mais tranquilamente.
Após hesitar por um momento, ela acaba entrando. O clima dentro do carro parece tenso enquanto dirijo até um local mais afastado, onde podemos ter mais privacidade. Assim que estaciono, olho para Ana, tentando encontrar as palavras certas para iniciar essa conversa difícil.
— Ana, sinto que precisamos esclarecer algumas coisas.
Ela concorda, mas sua expressão mostra uma mistura de curiosidade e apreensão.
— Eu sei que as coisas têm sido estranhas entre nós ultimamente, e não posso ignorar essa tensão — começo, tentando transmitir sinceridade em minhas palavras.
A conversa se desenrola aos poucos, cada um expressando seus sentimentos e pontos de vista sobre a situação. Apesar das emoções à flor da pele, ambas as partes tentam ser compreensivas e respeitosas.
Finalmente, então digo a ela:
— Tomei uma decisão. Irei embora de SombraVale. Não consigo mais permanecer nessa situação. Não posso mais fingir que você não me afeta, Ana. É extremamente difícil e doloroso ter você tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Você despertou algo realmente forte e intenso em mim, algo que vai além do desejo carnal. É algo profundo.
Ela me olha com os olhos arregalados e diz, angustiada:
— Não. Você não pode ir embora. Não depois de tudo o que existe entre nós. Não depois de descobrir que você é um lobo e que eu te amo.
As palavras dela ressoam no interior do carro, deixando-me atordoado. Nossos olhares se encontram, estou surpreso e perplexo diante da revelação inesperada.
— Ana, eu... — murmuro, sem conseguir encontrar palavras diante da intensidade do que ela acabara de dizer.
Seus olhos transmitem uma mistura de vulnerabilidade e determinação, como se estivesse revelando um segredo guardado a sete chaves.
— Eu te amo, independentemente de quem você seja. — confessa ela, sua voz carregada de emoção.
A revelação dela me deixa sem palavras. Meu coração bate mais forte, e um turbilhão de pensamentos invade minha mente. Eu também a amo, mas nossa situação parece tão complicada.
— Eu não quero te causar problemas, muito menos te colocar em perigo. — digo com a voz embargada, minha mente tentando processar a profundidade das palavras dela.
— Eu sei, mas isso não muda o que sinto. — responde ela, seu olhar buscando o meu em busca de compreensão.
Sinto um nó na garganta ao perceber a intensidade dos sentimentos que nos unem, uma mistura avassaladora de medo e desejo de protegê-la.
— Ana, eu...
Antes que eu termine de falar, sou interrompido quando ela solta o cinto de segurança e senta repentinamente em meu colo. Seus olhos brilham com lágrimas contidas, um misto de esperança e receio. Encostando sua testa na minha, ela diz:
— Por favor, fique. Podemos descobrir juntos o que isso significa para nós. Eu te amo, Adrian, te amo como nunca amei ninguém.
E então, as lágrimas inundam meus olhos. Olhando fixamente para ela, digo com toda a sinceridade:
— Eu te amo, Ana. Eu te amo desde aquele primeiro dia que nos esbarramos debaixo daquela chuva torrencial. Eu te amo tanto, mas tanto que palavras não saberiam descrever.
E então nos entregamos a um beijo ardente, sedento e esmagador. Era um misto de sentimentos. Enquanto nos beijávamos, um dos meus braços envolveu sua cintura, enquanto minha outra mão deslizava sobre suas costas.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Claudia Claudia
que situação difícil amor e medo como lidar com esses dois sentimentos sem causar um mal maior 😢😞
2025-01-30
0
teti andrade
eles disseram te amo que tudo kkkkk
2025-03-01
0
Kelren AlCris
Que lindos ❤️❤️
2024-11-26
0