Na Trilha Do Lobo
Ana
Corri em direção à escola debaixo de uma chuva torrencial, sentindo os pingos frios salpicarem meu rosto. Enquanto o trovão ribombava nos céus, eu tentava me abrigar sob a marquise da entrada. Um relâmpago iluminou a rua vazia, revelando a silhueta de um homem se aproximando.
Seus passos eram firmes, desafiando a tempestade, enquanto segurava um enorme guarda-chuva preto para se proteger. Num instante de distração, quase nos chocamos, e, ao erguer o olhar, perdi-me por um segundo naqueles olhos castanhos que pareciam quase dourados. Um lampejo de reconhecimento passou por seu olhar, mas desapareceu rapidamente.
— Desculpe-me. — murmurei, vendo-o seguir em direção à escola.
No entanto, ele nada disse, nem ao menos se desculpou. Tirei uma blusa da mochila e a coloquei sobre minha cabeça enquanto corria para dentro da escola, pois provavelmente seria a última a chegar.
Com a blusa ainda úmida sobre os meus ombros, entrei apressadamente na sala de aula. Todos os olhares dos alunos se voltaram para mim, e meu coração deu um salto ao notar o homem que, poucos minutos antes, havia passado por mim na chuva. Ele estava ali, ereto e imponente na frente da turma, e rapidamente seu olhar encontrou o meu:
Adrian Blackwood.
Seu nome estava escrito em letras garrafais no quadro, destacando-se em meio à sala silenciosa. A surpresa da descoberta acelerou meu coração. Rapidamente, dirigi-me aos meus amigos João e Amanda, sentados próximos à janela.
Amanda cochichou para mim:
— Amiga, você viu como o novo professor de história é um gato?
Um arrepio percorreu minha espinha ao ouvir sua observação. Eu sabia que aquela atração magnética que senti minutos atrás não era apenas um capricho. Adrian Blackwood não era apenas um rosto bonito, mas um enigma que começava a tomar forma diante dos meus olhos.
Enquanto me acomodava, dei uma rápida olhada na direção de Adrian Blackwood. Ele usava um sobretudo preto, com golas altas ao redor do pescoço, conferindo-lhe um ar enigmático. Seu cabelo liso, um tanto desalinhado, acrescentava um charme peculiar à sua imagem. Calculava que ele tivesse por volta dos 27 anos.
Meus olhos permaneceram nele enquanto Adrian se dirigia à mesa e se sentava, pegando uma planilha para começar a chamada. Seu foco estava totalmente na tarefa. E então, ouço o momento em que ele chama meu nome.
— Ana Monteiro — sua voz ecoou pela sala, firme e clara.
Instintivamente, ergui os olhos para encontrá-lo. Adrian finalmente levantou o olhar e, por um breve instante, nossos olhos se encontraram. Uma faísca de reconhecimento mútuo parecia reluzir em nosso contato visual rápido.
— Presente! — respondi, um pouco mais alto do que pretendia. A sensação de conexão fugaz ainda pairava em minha mente.
Seus olhos castanhos, fixaram-se nos meus. Havia algo ali, algo que transcendia a simples chamada de um nome na lista. Pude perceber um sutil sorriso formando-se nos lábios de Adrian, um gesto fugaz de entendimento antes que ele continuasse a chamada.
Durante esse breve intervalo entre nossos olhares, uma onda de perguntas invadiu meus pensamentos. Seria possível que Adrian também tivesse sentido essa estranha conexão? Ou seria apenas minha imaginação, uma resposta involuntária a um rosto novo e intrigante?
Antes que eu pudesse refletir mais sobre o assunto, a aula prosseguiu como se nada tivesse acontecido. Adrian mergulhou no conteúdo programático, enquanto eu, tentando desviar minha atenção para os estudos, me esforcei para acompanhar o ritmo.
A sensação de desconcerto permanecia, um misto de curiosidade e perplexidade. Ele então se levantou e disse:
— Como a aula está programada, vocês sabem como proceder, mas irei passar essa redação para ser feita em casa. Na próxima aula, vocês me trazem.
Sua voz ecoou pela sala, forte e envolvente, causando arrepios involuntários em mim. Perguntava-me se todas as meninas ali presentes sentiam a mesma aura hipnotizante emanando dele.
Ele começou a distribuir as folhas, avançando pela sala lentamente. A cada passo que se aproximava da minha carteira, um nervosismo antecipado me consumia. Sentia meus batimentos cardíacos acelerarem, incapazes de passar despercebidos.
Quando finalmente chegou à minha mesa, um breve silêncio se estabeleceu entre nós. Seus olhos encontraram os meus por um instante, como se algo extraordinário estivesse prestes a acontecer. Por um breve momento, jurei ter visto um lampejo dourado nos olhos dele, um brilho reluzente.
Assim, ele prosseguiu distribuindo as folhas, avançando para o próximo aluno. Não conseguia desviar meu olhar; uma energia inexplicável parecia pulsar entre nós.
A sensação de familiaridade persistia, misturada com a expectativa de descobrir algo maior. Enquanto ele percorria a sala distribuindo as tarefas, uma inquietação crescente preenchia meu peito.
O que estaria acontecendo? Seria uma conexão real ou apenas fruto da minha imaginação? A presença deste novo professor deixava um rastro de mistério e um convite implícito para explorar mais sobre ele.
Com a redação em mãos, a sensação de desconcerto se intensificava. O impacto da presença dele na sala de aula era tangível, e de alguma forma, eu sabia que este não seria o fim dos nossos encontros inesperados e das sensações inexplicáveis.
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Atualizado até capítulo 105
Comments
Renata rodrigues
começando a ler 05/02/24. primeira estória de fantasia
2024-03-06
7
Maria Jose de Oliveira
ola Fabiana Dantas onde você estava. Tô passada dificilmente nos separamos com uma escrita tão clara e perfeita. Você consegue colocar o leitor dentro da história. Iniciei a leitura agora e pelo visto vou maratonar. Já estou esperando pelo próximo kkkkkkkkk
2024-05-24
2
New Biana
minha segunda história de fantasia e amei já o primeiro capítulo 🥰
2024-04-03
6