Adrian
Enquanto a brisa noturna sopra friamente na varanda, respiro fundo, contemplando a escuridão à minha frente. Enquanto o nome de Ana ecoa na minha mente. Qual é o significado dessa ligação tão forte entre nós?
Depois do que fiz na biblioteca e quase me transformar, foi impossível retornar para a aula. Refletindo sobre isso, a lua surgiu entre as nuvens, banhando-me com seu brilho prateado. Sorri ao tirar a camisa e os sapatos, permanecendo apenas de calça, entregando-me novamente ao que tanto gosto.
Corro até o final da varanda, pronto para deixar emergir o lobo que existe em mim. A sensação familiar começa a se espalhar pelo meu corpo, os músculos se contorcendo, a pele se transformando, uma energia selvagem tomando conta.
Com um grunhido baixo e profundo, sinto minhas feições mudando, meu corpo crescendo e se enchendo de pelo. Uma pelagem amarronzada começa a cobrir meu ser, as garras afiadas rompendo da ponta dos meus dedos enquanto o uivo ansioso ecoa na noite.
O mundo ao meu redor diminui, meu olhar se aguça, captando cada som, cada cheiro. A força e a liberdade tomam conta de mim, e num momento fugaz, me dissolvo na figura majestosa de um grande lobo amarronzado, pronto para explorar a noite selvagem.
De repente, ouço o estalar de um pequeno galho seco se quebrando, como se alguém tivesse pisado nele. Minhas orelhas atentas se inclinam, tentando determinar a direção do som. E assim, escuto o bater de um coração rápido, quase frenético. Sua respiração está descompassada e seu doce aroma característico é trazido pela brisa até minhas narinas.
Ao fechar os olhos e aspirar rapidamente o ar, confirmo: é realmente ela. Tudo indica que testemunhou toda a minha transformação. Ao abrir os olhos, fixo-os na vegetação à frente da minha casa. Um arbusto treme de maneira estranha. Parece que acabei de encontrar minha pequena espiã.
Sem demora, corro velozmente em sua direção. Dou um pulo alto, assustando-a ainda mais. Ela cai para trás enquanto eu a encurralo no chão. O pulsar do seu coração está tão acelerado que por um momento temo o que pode acontecer.
Sua respiração está ofegante, como se tivesse corrido uma maratona, enquanto meus olhos de lobo, amarelados, parecem brilhar na escuridão da noite, enquanto a encaro.
Seus olhos estão esbugalhados, visivelmente pálida. Pequena tola, achou mesmo que poderia se esconder com essa blusa preta de capuz? Certamente não esperava uma surpresa avassaladora como essa.
Então, quase num sussurro, ela diz:
— Você... Professor?... Adrian!?
Sua cabeça tomba e seu corpo se entrega à escuridão, desmaiando. Rapidamente, retorno à minha forma humana e a pego no colo, dirigindo-me com ela para minha casa. Enquanto entro em casa, acomodo-a confortavelmente sob o sofá. Um pouco preocupado, coloco dois dedos em seu pulso para verificar sua pulsação.
Agora, resta-me apenas esperar que ela acorde e ver sua reação. Enquanto a observo, passo delicadamente a ponta dos meus dedos sobre seu rosto. Meus instintos se aguçam quando a eletricidade desse singelo toque em sua pele tem um efeito imediato em mim. Rapidamente me afasto.
E então, lentamente, ela começou a despertar. Mantive-me alerta enquanto a vi levar a mão à cabeça, olhar ao redor e se sentar rapidamente. Quando seus olhos se fixaram em mim, demonstravam puro medo.
Num gesto rápido, ela avançou em direção a um jarro na mesinha de centro da minha sala, apontando-o para mim:
— Fique longe de mim! O que você é!? Meu Deus, eu vi, você se transformou naquilo... Como!? Isso é impossível!
Respirei profundamente antes de responder:
— É uma história longa, Ana. Sou um lobisomem, um homem que se transforma em lobo.
Ela estava perplexa, incapaz de acreditar. O choque de descobrir que sou um lobisomem a deixou atônita.
Com os olhos arregalados, ela gaguejou:
— Isso... Isso não pode ser real. Lobisomens não existem, isso é coisa de histórias, lendas, filmes...
Senti a tensão no ar, a incredulidade estampada em seu rosto. Tentei explicar, buscando acalmá-la:
— Eu sei que é difícil de entender, Ana. Mas é a verdade. Como deve ter percebido, não é algo que costumo compartilhar facilmente. Minha natureza é... complexa.
Ela recuou, com uma expressão mista de medo e fascinação.
— Então... as histórias... elas são reais? Eu... estou segura?
Compreendi sua preocupação e tentei ser reconfortante:
— Sim, as histórias são parte da realidade. Mas você não precisa ter medo. Não farei mal a você, Ana. Isso eu posso prometer.
Ela permaneceu em silêncio, tentando assimilar toda a informação nova e extraordinária que acabara de descobrir sobre mim. Ela me encarou fixamente antes de recolocar o jarro na mesinha e dizer apenas:
— Por favor, pode se afastar? Preciso ir para casa.
Afastei-me, cedendo espaço, mas antes que eu pudesse dizer algo, ela saiu quase correndo da minha casa. Suspirei profundamente, caindo sentado no sofá e passando a mão pelos cabelos. Encostado no encosto, joguei a cabeça para trás, fitando o teto.
A possibilidade de ela contar e as repercussões que isso pode causar inundaram minha mente. Se ela contar para os amigos, será como uma bola de neve gigante. Talvez devesse me preparar, arrumar minhas malas e ir embora imediatamente.
As coisas parecem não ter mudado muito desde antigamente. O medo pode incitar um instinto de ataque em pessoas diante do desconhecido, buscando apenas a própria sobrevivência.
Se a doce Ana contar, terei que desaparecer e recomeçar do zero, apagando completamente meus rastros. Ser um lobo é surreal e fascinante, mas em momentos como esse, se torna aterrorizante.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
teti andrade
ela investigou e descobriu agora Ana tem que aguardar o segredo de Adrian ainda que ela tenha medo dele kkkkk
2025-03-01
0
Valdercina Rodrigues
Ela não pode contar para ninguém
2025-02-28
0
Maria Izabel
Vai ser uma paixão avassaladora ansiosa para ver se Ana vai aceitar essa ligação entre eles
2024-07-19
1