Desculpas

...Adam...

Desculpas! Eu odeio pedir desculpas, e também odeio quem fica se desculpando. E agora eu tô me odiando por ter feito tanta merda, ao ponto de ter que me desculpar por falta de responsabilidade emocional.

Inferno!

E pra variar acordei preocupado com o Daniel, aliás com a missão, eu sabia que hoje a noite eles iriam colocar o plano em prática e esse plano envolvia explosões e tiroteio, então qualquer vacilo eles podem até morrer.

Fui pra escola tentando afastar a maldita ideia de ligar pro Daniel. Esse idiota ainda atormentava meus pensamentos.

Assim que cheguei vi a Juliana, estava sentada na escadaria com algumas meninas, com as quais inclusive eu já tinha ficado.

Respirei fundo, tomei coragem e fui até lá.

— Oiê Adam! — Antes que eu falasse algo, elas se viraram pra mim e falaram ao mesmo tempo, todas sorridentes.

— Bom dia meninas! — Dei um mine sorriso pra elas, e me virei diretamente para a Ju. — Posso falar com você em particular?

— Claro Adam! — Ela respondeu sorrindo.

Assim que ela se levantou, me dei conta de que a tratei mal na frente dos meus amigos, então deveria pedir desculpas na frente das amigas dela.

— Aliás, deixa eu falar aqui mesmo. — Olhei nos olhos dela. — Ju, eu fui um idiota com você, te tratei como se você não tivesse sentimentos. E me sinto um idiota por fazer algo assim com uma garota incrível como você. Você é linda e inteligente, eu deveria ter te valorizado. Então espero que possa me desculpar.

Ela me olhava tão admirada e emocionada, me senti como se tivesse a pedido em casamento. Olhei ao redor e as garotas estavam nos olhando impressionadas.

— E-eu, claro Adam. Eu te desculpo sim. — Ela respondeu emocionada e nervosa. Acho que ela entendeu errado esse meu pedido de desculpa. — Então quando vamos sair? — É, com certeza ela entendeu errado. Droga!

E agora? Eu não podia dispensar ela na frente das amigas, após ter pedido desculpa por ter feito exatamente isso na frente dos meus amigos.

Eu deveria ter conversado com ela em particular.

— Vamos jantar, amanhã depois do treino. — Disse isso e saí andando. — Te pego na sua casa.

Merda! Mas tudo bem, amanhã eu dou um jeito de falar que só manter uma amizade com ela. Por isso odeio pedidos de desculpas. Nunca resolvem nada.

A aula até passou rápido e consegui me concentrar dessa vez. Depois das aulas tivemos treino até às 20hrs. Assim que o treino acabou, minha cabeça me levou até o Daniel, ele e o Benj deveriam estar se preparando para sair bem nesse momento. Mas eu não quero passar a noite pensando nisso, então olhei para os meus amigos.

— O que vão fazer agora? — Me aproximei do Marlos e do Leroy.

— Pra casa, dormir! — Marlos deu de ombros.

— Eu ia encontrar a Daya.— Leroy falou coçando a cabeça. — Mas não tô a fim, a gente só briga quando se encontra. — Leroy namorava a Daya, fazia uns 3 anos, mas eles sempre brigam, não entendo como esse namoro sobrevive. — Se quiserem, digo pra ela que tinha que terminar o trabalho e vamos lá pra casa.

— Eu topo! — Falei.

— Beleza, bora jogar então. — Marlos falou concordando.

Ficamos até uma da manhã jogando na casa do Leroy. Então voltei pra casa.

No dia seguinte, na escola, fui até a Dandara pra saber da missão do Daniel.

— Por que quer saber do Daniel, se tem um encontro hoje com a Juli? — Dandara cruzou os braços e me olhou como se fosse a minha mãe me dando bronca.

— Qual foi Dandara! Esqueceu quem eu sou? — Falei ofendido. — Quero saber da missão, não do Daniel. E meu encontro não é da sua conta.

— Ok, chefinho! — Ela falou em tom de deboche. — A missão foi um sucesso. Daniel e Benj estão muito bem, e já estão a caminho de Codrinal. Posso ajudar o senhor em algo mais?

— Vai a merda Dandara. — Saí andando irritado com ela. Mas ao menos deu tudo certo lá em Brésalen.

À noite, saí do treino e fui direto para a casa da Ju. Eu realmente não queria estar tendo esse encontro hoje. Mas lá estava eu, tocando a campainha da casa dela. A Ju estava linda em um vestido rosa bem justo.

Quando a vi, confesso que pensei em passar a noite com ela. Talvez isso me ajudasse a parar com essa coisa com o Daniel. Mas logo em seguida deletei esse pensamento, afinal foi exatamente isso que fiz da outra vez e só acabei magoando a menina.

Fomos jantar num restaurante bem jovial aqui de Codrinal, até que foi divertido, conversamos sobre a escola, faculdade, gostos pessoais, descobri que além de linda e inteligente a Ju é muito divertida, ela sorri com facilidade, que nem o Daniel. Aff, lá vou eu pensando nele novamente.

Quando acabou o jantar, a levei de volta pra casa, assim que chegamos eu resolvi deixar claro que nossa relação não iria passar disso.

— Ju, muito obrigado por essa noite, eu me diverti muito. Você é mesmo muito legal! — Fui sincero.

— Obrigada, eu também gostei muito de hoje. Podemos sair mais vezes. — Ela falou e vi aquela tal expectativa nos olhos dela.

— Podemos sim, mas como amigos! — O sorriso dela se dissipou. — Eu não estou preparado para um relacionamento agora. E não quero te usar e te magoar outra vez. Então isso é tudo que posso te oferecer. Mas, eu vou entender se não quiser mais contato comigo.

— Não, imagina, eu gosto de você e ser sua amiga vai ser legal! — Ela voltou a sorrir, sem expectativa dessa vez.

— Maravilha! Mais uma vez, obrigado Ju. — Sorri e a abracei.

Engraçado que eu fiquei feliz em ter a Ju como amiga. Acho aquelas desculpas até que não foram inúteis.

Cheguei em casa me sentindo bem. Estava mais leve. Já era madrugada e fui até a cozinha pegar um copo d'água. Fiquei um tempo lá parado pensando em tudo que conversei com a Ju e meu pensamento me levou outra vez até o Daniel, será que ele já estava de volta?

E então ele entrou na cozinha, me deixando completamente sem graça.

Olhei pra ele e senti que o meu olhar estava com aquela expectativa. Droga!

— E aí cara! — Falei tentando me recompor.

— E aí! — Daniel falou desviando seu olhar. Acho que ele ainda deve estar chateado pela nossa última discussão.

— Como foi lá? — É, eu já havia perguntado para a Dandara, mas eu não sabia mais sobre o que falar.

— Foi muito bom. Fizemos um estrago e deixamos lá pra polícia quebrar a cabeça investigando. — Ele falou de costas pra mim, enquanto fazia um sanduíche. — Mas não se preocupe, eles não vão descobrir nada, pois o serviço foi perfeito, sem rastros.

— Maravilha!

— Até mais! — Ele pegou o sanduíche e um copo de suco e saiu da cozinha.

Achei bem estranho esse comportamento dele, o Daniel comum, teria dado um jeito de me beijar arriscando sermos pegos aqui na cozinha. Mas hoje ele mal olhou pra mim.

Mas, foda-se, é bom que ele se comporte assim e pare com essa viadagem toda.

É, é melhor assim!

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