Esquecer

...Daniel...

Eu não sei que merda tá acontecendo na minha cabeça. Saí do quarto do Adam, ou melhor, fui expulso por ele, e me tranquei no meu quarto, eu quero entender o que aconteceu, ficamos nos beijando por um bom tempo, e tipo, foi bom demais. Eu acho que nunca me senti assim antes, nem com a Sophie.

Merda! A Sophie!

Caramba! Eu traí a Sophie. Minha nossa! Como vou olhar para ela agora. Ela é tão legal, divertida e gosta de mim, de verdade. E o pior é que eu nem sei mais se quero continuar com ela. Me sinto estranho.

Por um momento eu realmente pensei em ficar com o Adam. Eu pensei que estava gostando dele. Mas seria loucura, eu nunca havia me interessado por um homem antes. Tipo, pra mim isso seria super normal, afinal eu tenho dois pais, um inclusive é uma drag Queen. Mas nunca senti isso antes, e agora eu não paro de pensar no imbecil do Adam.

— Daniel, abre a porta! — O Aaron bate na minha porta e interrompe meu diálogo interior.

— Oi Aaron! — Abri a porta e ele entrou.

— Sua próxima missão. — Ele me entregou uma pasta. — Dessa vez você vai com o Benj, é uma missão grande, então vão trabalhar juntos. — Ele bateu no meu ombro e foi saindo. — Só garanta que o Benj não vai sair explodindo tudo.

Uma missão, e com a minha maior inspiração. Era disso que eu estava precisando para tirar o Adam e essa merda toda da minha cabeça.

Passei a noite estudando o computador e o local onde deveria consertá-lo. Na manhã seguinte levantei tarde, Adam e Dandara já haviam ido para a escola. Foi melhor assim, não queria ver o Adam logo cedo. Eu ainda não sabia como deveria me comportar perto dele.

Na escola eu me mantive o mais longe possível do Adam. O problema era que fazíamos praticamente as mesmas aulas. E ainda tinha o maldito trabalho de dupla.

Como não tinha aula à tarde, fui até a casa do Benj falar sobre a missão.

— Oiê Dan! — Bruna me recebeu com um sorriso. Ela é muito legal! — Vai almoçar conosco?

— Se não for incômodo!

— Ora, não é incômodo algum! — Ela falou enquanto passava pela porta.

— Onde está o Benj?

— Ele saiu bem cedo, mas avisou que chegará antes do almoço. — Assim que ela respondeu a porta se abriu novamente, e para a minha infelicidade a Laví chegou com ninguém mais, ninguém menos que o Adam. Só podia ser piada.

— Dan, o que faz aqui? — Laví veio me abraçar. — Mal te vi na escola hoje.

— Oi Laví, eu vim falar com o Benj, temos uma missão em conjunto. — Foi impossível não olhar para o Adam, aliás foi isso que eu fiz a manhã inteira na escola. Olhar pra esse imbecil, enquanto ele fingia que eu nem existia.

— Vai almoçar aqui? — Laví falava empolgada.

— Vou sim! — Olhei novamente para o Adam esperando ele me cumprimentar, mas assim como fez a manhã inteira, ele foi andando para o quarto da Laví, como se eu não estivesse lá.

— Adam! — Laví o chamou, mas ele continuou andando. — Eu vou lá falar com ele.

— Tá tudo bem Laví, vou ficar aqui aguardando o Benj. — Me sentei triste.

Esperei poucos minutos até que o Benj chegou.

— Oiê Dan, porque não avisou que vinha? — Benj me abraçou. — Eu ia te ligar pra marcarmos de discutir o conserto desses computadores.

— É, como não tive aula hoje a tarde, vim direto para cá. — Falei sorrindo. — Eu já tive algumas ideias pra te passar.

— Maravilha, vamos lá para o escritório.

No escritório nos sentamos e começamos a discutir a missão.

— Então Benj, temos uma gangue de computadores, teremos muitos capangas reunidos, então pensei em entrarmos com discrição. — Comecei a falar o meu plano. Iríamos invadir a base dessa gangue, era então um local bem vigiado e por tanto perigoso. — Pensei em entrarmos disfarçados, fazer o método do Heitor, ser que nem uma fumaça.

— Ou podemos chamar a atenção e lançar uma bomba, logo de cara! — Benj falava sorrindo, essa era onda dele, sair explodindo tudo.

— Seria uma boa, mas podem ter inocentes. Eles são sequestradores, e não sabemos exatamente o que fazem nessa base. — Falei. — Podemos vigiá-los por alguns dias, e então ter a certeza de como as coisas funcionam por lá.

— Boa, amanhã mesmo vou iniciar essa vigília. Já que você tem a escola, pode deixar essa parte comigo. — Benj se prontificou.

— Beleza, mas tome cuidado e me informe tudo que descobrir.

— Olá, rapazes! — Bruna entrou no escritório. — O almoço está pronto.

— Obrigado amor, já vamos indo! — Benj falou e a Bruna se retirou do escritório. — Farei uma semana de vigilância, e então nos reunimos novamente e esquematizamos a missão.

— Certo Benj, é uma honra trabalhar com você. — Falei sorrindo e fui sincero, eu estava realmente muito empolgado com isso.

— Eu agradeço, e é incrível o quanto você é bom. Vai ser um dos melhores linhas de frente. — Benj me abraçou e então fomos até a mesa.

Me sentei de frente para o Adam, o desgraçado continuava sem ao menos olhar pra mim. O pior é que eu mal conseguia disfarçar, fiquei olhando para ele o tempo todo, até tentei falar com ele, pedindo pra me passar algo da mesa, mas ele fingiu que nem ouviu e no final foi a Laví quem passou o que pedi.

Após o almoço me despedi e voltei para a mansão. Não valia a pena ficar pensando no Adam. Ele decidiu esquecer o que aconteceu então eu deveria fazer o mesmo.

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