Passeio dos primos

...Adam...

No dia seguinte à festa de aposentadoria do Hernando e da Mercedes, a Lavínia inventou de fazer a tal reunião dos primos.

Fomos então para o sítio do meu pai, eu amo demais esse lugar, e estar com os primos realmente era divertido.

Enxergamos a Willard como uma grande família, então nos consideramos primos, tios, sobrinhos, irmãos, enfim, família.

— Ai eu amo esse ar do campo! — Lavínia falava empolgada. — Olha essa casa linda.

— É, esse lugar me lembra muito da Marisol. — Falei triste.

A Marisol era governanta da mansão Willard em Codrinal, ela ajudou a me criar, sempre vínhamos aqui por que ela insistia. Ela faleceu ano passado, e hoje a sobrinha dela assumiu a função de governanta.

— É, ela amava essa casa! — Lavínia deitou a cabeça no meu ombro. — Eu sei que onde quer que esteja, ela está super feliz em nos ver aqui no lugar que ela amava.

— Com certeza. — Sorri.

— E aí vamos andar a cavalo? — Cássio chegou puxando a Lavínia que foi toda empolgada atrás do namorado.

— Você não vem, Adam? — Dandara e Beto me chamaram e logo atrás vieram o César e a Marcélia.

— Não, vou descansar um pouco, vejo vocês no almoço. — Subi para o meu quarto.

Eu ainda estava chateado com a conversa que tive com a minha mãe e pra variar ainda tive que ouvir conselhos do imbecil do Daniel. Agora só faltava o sermão que com certeza o meu pai estava preparando.

— E aí, cara! — Daniel apareceu no meu quarto, já que a porta tava aberta. — Cadê todo mundo?

— Foram andar a cavalo. Onde você estava? — Falei com rispidez.

— Eu tava no quarto conversando com a Sophie no telefone. — Ele respondeu tão ríspido quanto eu.

A Sophie era a namorada dele. Uma metidinha, líder de torcida, se acha a melhor garota do mundo. Bem, o tipo do Daniel, eram o casal perfeitamente ridículo.

— Foda-se! Agora sai e fecha a porta! — Falei me jogando na cama.

— Porque você não gosta de mim? — Ele se aproximou da minha cama e me fez a pergunta mais idiota de todos os tempos.

— É sério isso? — Me sentei.

— Cara, eu nunca te fiz nenhum mal. Então qual é o seu problema? — Ele parecia indignado.

— Eu não apenas, não gosto de você. — Me levantei e parei de frente para ele. — Eu te odeio! Odeio esse seu cabelo loiro arrumadinho, essa sua pose de garoto exemplar, odeio quando me comparam a você. Enfim, eu odeio tudo que você representa. Agora sai do meu quarto! — Empurrei ele para fora, mas ele se desviou e voltou para dentro.

— Eu também não gosto de você, te acho um merdinha revoltado. — Ele falava com muita raiva. — Mas eu te respeito, por ser quem você é, e serei fiel a você, pela Willard. Então só tenta me aturar ao menos. Vamos fazer essa parceria dar certo.

Merda de parceria. Mas ele estava certo. Eu preciso melhorar as minhas notas, preciso passar no vestibular, e preciso ser bom o suficiente para liderar a Willard. E só saber lutar e atirar não era suficiente.

— Eu... — Respirei fundo. — Nunca seremos amigos. Mas estaremos juntos pela Willard, e só por isso vou aceitar a sua ajuda. — Agora eu estava com ódio de mim, por saber que precisava desse idiota.

— Ok! — Ele se virou e finalmente saiu do meu quarto.

Corri e fechei a porta. Merda!

Depois do almoço ficamos na piscina jogando conversa fora. E aí sim eu consegui relaxar um pouco e rir com os meus amigos.

O mais legal de ficar com eles era não ter que esconder quem éramos de verdade. Na escola temos que criar um personagem, eu sou o capitão do futebol, mulherengo, a Lavínia é a CDF descolada, a Dandara é a garota séria, tímida e inteligente, o Cássio é um gammer, e o Daniel é o senhor perfeição, bonzinho e educado.

Ninguém pode nem imaginar que na real, somos mercenários, lutamos contra bandidos que maltratam pessoas boas, principalmente mulheres e crianças. Nossa missão é lutar contra a impunidade.

Só aqui juntos, podemos ser reais.

À noite fizemos um lual na fogueira. E jogamos conversa fora.

— Que tipo de linha de frente vocês querem ser? — A Dandara fez a pergunta, chamando a nossa atenção. — Tipo, qual o estilo de vocês?

— Eu quero seguir o estilo da minha mãe. — Cássio respondeu. — Limpo, organizado, porém com emoção.

— Eu gosto de seguir o estilo do Heitor, que é o que ele aprendeu com o Oto. — Beto falou, e prestamos atenção, pois o Beto era o único entre nós que já havia realizado conserto de computadores.

O Beto é um ano mais velho que eu, e realizou o seu primeiro trabalho no ano passado. Ele foi com o meu pai, e fez um trabalho perfeito. Desde então ele tem realizado trabalhos importantes para o meu pai.

— O estilo do Heitor é bem misterioso, dizem que ele parece uma fumaça. — Lavínia falava como se estivesse contando uma história de terror.

— É, a ideia é essa. Fazer um serviço rápido e limpo. O computador nem sabe quem o atingiu. E some tão rápido que nem deve sentir dor. — Beto falava orgulhoso.

— Quantos Computadores você já consertou? — Daniel perguntou ao Beto.

— Até então, foram 10 computadores. Isso porque acabei consertando três numa única noite. — Beto tinha muito orgulho do trabalho que fazia.

— Eu gosto do estilo do meu pai, somado ao estilo do Aaron. — Lavínia levantou empolgada.

— Tô contigo Laví. — Daniel também se levantou. — Semana que vem farei o meu primeiro serviço, e não vou ser que nem fumaça. Vai ter gritaria, choro, quero ver eles implorarem pela vida.

— Sim, explosivos, sangue pra todo lado! — Lavínia chega estava suando de empolgação.

— E eu no meio, acabando com geral! — Eles gritaram juntos.

Era engraçado, o Daniel era o senhor certinho na sociedade, mas com a gente ele era quase um psicopata maluco.

— E você Adam? — Dandara me olhou intrigada.

— Eu também gosto do estilo do Heitor. — Apontei para o Beto. — Mas eu não quero ser como uma fumaça, eu quero que saibam que fui eu quem acabou com a vida deles. Quero olhar em seus olhos e ver a vida se esvaindo. Mas sem banho de sangue ou explosões. — Olhei diretamente para o Daniel que me encarava surpreso.

— Acho que eu não teria coragem de consertar um computador. — Dandara falou reflexiva.

— Nem eu, por isso, trabalho na papelada. — César respondeu abraçando a Marcélia que concordou com ele.

— É, não dá pra fazer isso, se não tem a coragem necessária. — Falei. — Meu pai diz que não é um trabalho honrado, ou coisa parecida, é um trabalho ruim, porém necessário. E não se pode nem deve pensar em nada.

— Se pensar no bezerro, ou na vaca, você não mata o boi. Porém se o boi fica vivo, você não alimenta quem necessita. — Beto falou sorrindo. — O Aaron me disse isso quando fiz o meu primeiro conserto.

Ficamos ali conversando por horas, até que fomos dormir e no dia seguinte voltamos para a mansão em Codrinal.

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