Gay?

...Adam...

Eu achei que ficar com a Juliana ia acalmar a minha cabeça maluca que queria beijar o imbecil do Daniel, mas não acalmou. Na festa depois do jogo eu saí beijando todas as garotas possíveis para afastar essa ideia ridícula, mas toda vez que olhava pra ele o desejo voltava.

Então eu bebi, e bebi muito para tentar acalmar os meus pensamentos, mas a bebida só piorou. Estávamos no carro dele, ele estava dirigindo sem rumo, e eu ficava ali só olhando para ele, e o meu desejo só aumentava. Pedi pra descer do carro, tomei coragem e o beijei. Mas ele me afastou.

Na manhã seguinte, me senti um lixo. Cara que vergonha, como eu ia olhar pro Daniel agora? O que eu ia dizer a ele? Que merda!

Passei o dia trancado no quarto. No outro dia, eu tive a ideia de fingir que não me lembrava de nada. Consegui ficar longe dele graças a idiota da Sophie, que resolveu passar o fim de semana aqui. Pior é que ver ele com a Sophie era um saco, só me faltava ficar com ciúmes agora.

No domingo ela finalmente foi embora e ele veio pro meu quarto fazer a porra do trabalho. Eu fiz de tudo pra me manter firme, agir como se nada tivesse acontecido. Mas não sei por que inferno ele decidiu me pressionar e não consegui mais fingir que não lembrava de nada.

E quando ele me beijou, foi a gota d'água, beijei ele de volta, e aí sim, consegui o beijo que tanto queria, ou melhor, os beijos, porque foram muitos.

Agora estamos aqui, sentados na varanda, com cara de tacho, sem saber como agir.

— Você ainda não me respondeu, porque me beijou? — Daniel falou, olhando para a vista da varanda do meu quarto.

— Eu não tenho uma resposta pra essa pergunta. — Fui sincero. — Eu só, senti vontade, não sei explicar o porquê.

— Tá, mas e agora? — Ele olhou para mim, e havia alguma expectativa na voz dele.

Me fez lembrar das garotas que eu me relacionava, elas sempre criavam expectativa de que seriam minhas namoradas. Mas não quero namorar, ainda mais com um cara.

Ok, eu quis beijar o Daniel e por mais estranho que seja, eu meio que gostei disso, foi diferente, mas eu não sou gay. Gostei de garotas a minha vida inteira, nunca olhei pra um cara sequer, ao menos até agora. E eu realmente queria parar por aqui. Então tratei ele como tratava as garotas que eu dispensava.

— E agora acabou. — Olhei sério para ele. — Preciso focar no vestibular, no campeonato e na minha primeira missão que vai ocorrer dentro de dois meses. Não tenho tempo pra pensar no porque do nada eu tava afim de beijar um cara. — Não era de todo uma mentira.

— Entendo. Mas depois podemos conversar sobre isso? Quando as coisas estiverem mais calmas? — Ele continuava me olhando com expectativa. Que inferno!

O Daniel é gay? Ele... gosta de mim?

— Não vamos conversar sobre nada. Não há o que conversar. — Falei sem paciência agora. — Nossa parceria se resume aos estudos e ao trabalho na Willard. Não somos amigos, e com certeza não seremos namorados. — Me levantei. — Ok, eu te beijei, mas não sou gay, e vou continuar saindo com garotas, então esquece o que aconteceu. — Voltei para dentro do quarto. — Agora sai, terminamos o trabalho outro dia.

Ele saiu e parecia chateado. Que merda foi essa? Quando a minha vida virou essa bagunça?

Eu me senti tão mal, meu peito se apertou, minha cabeça doía. Eu precisava me distrair. Troquei de roupa e fui até a casa da Lavínia.

— Que surpresa você aqui, e sem avisar. — Ela abriu a porta do quarto sorridente.

— Preciso de um ombro amigo, porque eu estou prestes a surtar. — Falei me jogando na cama dela.

— Qual foi dessa vez? — Ela cruzou os braços e ficou me olhando.

— Ai Laví, minha vida tá uma merda! — Eu queria chorar, mas não conseguia. — Meus pais estão em cima de mim, e eu só fico pensando como vai ser se eu não passar no vestibular, se eu não for bem no campeonato, se eu falhar na minha primeira missão, e como se tudo isso não fosse ruim o bastante ainda tem o Daniel.

— Daniel? — Ela se aproximou surpresa. — O que ele tem a ver com tudo isso?

— Tudo né! Ele é sempre perfeitinho, fez a missão do jeito que o meu pai gosta. É excelente na escola, com certeza vai passar em qualquer universidade. — Falei com raiva.

— Tá, mas o que isso impacta na sua vida? — Ela falou e me levantei.

— Sempre me comparam a ele. Isso é um saco.

— Ele não tem culpa disso. — Ela se sentou ao meu lado.

— Eu odeio ele! — Resmunguei.

— Sabe, às vezes eu acho que tem uma tensão sexual entre vocês. — Laví falou rindo e me levantei num pulo.

— Que?

— É, tipo, vocês brigam que nem gato e rato. Sem nenhum motivo aparente. — Ela falava travessa. — Mas se preocupam um com o outro, falam um do outro o tempo todo. E já percebi que vocês se olham muito.

— Eu não olho para ele.

— Olha sim, e muito.

— Eu não sou gay, tá legal! — Falei isso afirmando até para mim mesmo.

— Pode ser bi! — Ela falou rindo.

—Vai a merda Laví, eu vim aqui pra ser consolado, não pra você me estressar. — Falei saindo do quarto.

— Calma, eu tô só brincando com você. — Ela segurou meu braço e me puxou de volta. — Relaxa, e confia, tudo vai se resolver. Faz o que está ao seu alcance, estuda, treina bastante e programa direitinho a sua missão. Esquece aquilo que você não consegue controlar.

Respirei fundo e jurei a mim mesmo que iria seguir ou ao menos tentar, seguir o conselho da Lavínia.

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Shirlei Costa

Shirlei Costa

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2023-12-04

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