Expectativas

...Adam...

Venho fugindo do Daniel como o diabo foge da cruz!

Desde o dia em que eu enlouqueci totalmente e achei de beijar aquele idiota, decidi que era melhor manter a distância dele, até ele desistir de... Sei lá o que ele pretende.

No dia em que nos beijamos no meu quarto, ele me olhou de um jeito estranho, parecia muito quando as garotas queriam mais do que apenas passar uma noite comigo, então tratei de afastar ele pra evitar qualquer mal entendido. Eu não vou ficar com ele, aliás nem pretendo beijá-lo novamente. Não sou o tipo preconceituoso, mas eu não sou gay, não posso ser, sou um Willard e preciso ser exemplo e ter filhos para continuar o meu legado.

Bom, enfim, eu estava me escondendo e evitando o Daniel, mas é complicado evitar alguém que literalmente mora na sua casa, estuda na mesma escola, e até trabalha na sua empresa. Onde eu vou ele está.

Fui na casa da Lavínia na esperança de não ver ele, mas assim que cheguei o filho da mãe estava lá. E ele fica me olhando o tempo inteiro, com aquela cara de cachorro abandonado que quer carinho, ridículo!

Se não posso evitar encontrar com ele, decidi fingir que ele não existe.

É, eu quase consegui!

A semana passou super rápido, e o idiota do Daniel até que diminuiu a insistência em tentar falar comigo, ele estava concentrado na nova missão, e era algo perigoso. Na real eu não consegui, não ficar preocupado, não com ele, claro, mas com a missão. Eu queria acompanhar de perto, mas isso significava ter que falar com o Daniel, então fiquei na minha, ao menos enquanto eu consegui.

Hoje foi o dia das quartas de finais no campeonato de futebol, esse sim foi um jogo difícil, como sempre minha família estava lá, torcendo por mim. Vê-los ali me incentivava, porém ao mesmo tempo me deixava ansioso, pois eu sabia que eles esperavam sempre o melhor de mim, falhar na frente deles seria terrível.

Todo mundo coloca inúmeras expectativas sobre mim. Às vezes isso é enlouquecedor, eu confesso que tem momentos em que eu não queria ser um Willard.

Ganhamos o jogo! Fiz dois gols para o meu time, e mantive as expectativas da minha família.

Dessa vez resolvi voltar para casa, a última festa foi um fiasco total. Já estava deitado e pronto para dormir quando o meu pai bateu na porta.

— Estou indo capturar um computador, coisa de última hora. — Ele entrou vestido com roupas táticas. — Não quero incomodar os outros e preciso de alguém pra me ajudar a carregar o desgraçado e preparar as coisas para a minha tortura. — Me pai falava rindo, eu achava meio assustado esse prazer em torturar que ele tinha, e o Daniel era igualzinho. — Tá afim de me acompanhar?

— Mas é claro! — Falei empolgado. — Vou me trocar num minuto.

Corri e fui vestir a minha roupa tática. Não era a primeira vez que eu ajudava o meu pai em alguma missão, era sempre em alguma missão rápida e segura, e ajudava pouco, geralmente eu dirigia, ou ajudava a carregar algo, ou só ficava apostos caso alguém se machucasse, pois, uma coisa em que eu era ótimo, era cuidar de ferimentos, até bala eu conseguia remover, era outra atribuição que um Willard deveria ter, mas ainda assim era emocionante.

Saímos imediatamente, fui dirigindo e meu pai foi se equipando durante a viagem.

— Fica aqui e com o carro ligado, — Ele me deu uma arma. — Só usa em último caso. E não entre, não importa o que ouça.

Ele saiu rapidamente e fiquei em estado de alerta. Ouvi gritos e alguns tiros. Eu estava nervoso e ansioso, mas fiz como meu pai ordenou. Após cerca de um minuto de silêncio, meu pai apareceu carregando um corpo.

— O desgraçado tentou se matar quando me viu. — Meu pai falou entrando no carro, com o computador no banco de trás. — Vem aqui pra trás e tenta salvar esse imbecil, não quero que ele morra fácil assim e ainda preciso que ele me passe algumas informações.

Corri para o banco de trás e meu pai passou a dirigir. Ele corria bastante enquanto eu tentava fazer o sangramento parar. Quando chegamos no esconderijo, descemos o computador e o deitamos na mesa onde ficariam as ferramentas de tortura.

Não tinha muita coisa pra usar, mas dei um jeito de improvisar, e consegui retirar a bala, que por sorte não atingiu nenhum órgão vital. Fechei o ferimento e usei o soro para ajudar o infeliz.

— Ele vai sobreviver, mas seria bom conseguir um pouco de sangue e alguns remédios para que a ferida não infeccione. — Falei lavando as mãos.

— Olha só essa sutura. Perfeita! — Meu pai falou rindo. — Se você não fosse um Willard, poderia ser um bom médico. Mas não salvamos vidas, nós as tiramos.

— Pois é, nosso trabalho não é nada nobre. — Falei olhando para o computador.

— Filho, eu sei que lidar comigo não é fácil. Sua mãe que o diga. — Ele me olhou de um jeito carinhoso, fazia tempo que ele não me olhava assim. — Eu tenho colocado muita pressão em você, eu sei disso. É que você é o meu único filho, e as expectativas são muito altas. Foi assim comigo, meus pais me prepararam para ser o que sou hoje, e tenho feito o mesmo com você, pois é você o futuro da Willard.

— Eu sei disso pai. E tenho me esforçado muito.

— Sim, você mudou bastante. — Ele se aproximou e olhou nos meus olhos. — Eu tenho muito orgulho de você, sempre tive.

Foi inevitável não chorar, aliás eu estava com essa merda de choro preso há dias, e finalmente consegui colocar tudo pra fora. Ouvir isso do meu pai foi a coisa mais incrível que me aconteceu.

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Comments

Shirlei Costa

Shirlei Costa

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2023-12-04

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