capítulo 19

Lucas,

Ela chegou de uma maneira estranha, e não consigo reconhecer essa mulher. Mesmo que seja a mesma de um ano atrás, sua postura é notavelmente autoritária, e, como percebi durante nossa conversa telefônica, seu comportamento é de uma mulher fria.

— Quando ela chegou em casa, nem eu reconheci ela, totalmente diferente. Ela se transformou completamente em relação ao que era antes. Boa sorte com ela; tenho a sensação de que você enfrentará muitos desafios.

— Não se preocupe, não abaixarei a cabeça para ninguém, nem mesmo para ela. Meus sentimentos por ela permanecem inalterados. Este casamento só continua devido à cláusula que você inseriu no contrato; caso contrário, já teria desistido.

Ele sorri e entra, tomando assento no sofá. Eu fico rindo pois ninguém muda totalmente, ao pode de colocar a vida do outro em desafios assim.

— Você não entende, lembra de como Ivy estava quando chegou aqui pela primeira vez? Toda carinhosa e apaixonada? Agora, ela se transformou em alguém totalmente insensível, disposta a te ofender ou humilhar sem pensar duas vezes. Parabéns, Lucas, você transformou minha irmã em um coração de gelo.

Refletindo sobre suas palavras, começo a me questionar se ela realmente mudou tanto assim. Encontrarei uma maneira de conversar com ela, mesmo que ela relute. Ele pergunta sobre onde pode dormir, e eu indico o quarto de hóspedes.

Enquanto observo o corredor que leva ao quarto dela, meu celular toca, e ao atender, é meu contador do outro lado da linha.

— Pode falar. — respondo com o pescoço ainda virado em direção ao quarto dela.

— Senhor, houve uma compra no valor de $5.769.000,00. O banco processou o pagamento em seu cartão de crédito, mas preciso registrar isso em nossos registros. Poderia me informar sobre a compra que o senhor fez?

— Eu não fiz essa compra de forma alguma. De onde isso surgiu? — Levanto-me irritado, embora não seja uma quantia que me deixaria empobrecido, detesto ladrões. Se isso for um ato de racker, preciso tomar medidas imediatas para evitar que retirem mais dinheiro da minha conta.

— Bem, parece que aconteceu na noite passada. Vou verificar o endereço, mas de acordo com o banco, foi sua esposa que autorizou o pagamento.

— Ela fez o quê? — Agora, estou verdadeiramente furioso. Que motivo ela teria para gastar essa quantia? Ela é minha esposa, mas não lhe dei permissão para usar meu dinheiro dessa forma.

— Não temos como recuperar o dinheiro, pois a compra já foi efetuada, e pelas minhas buscas aqui, foi em Londres... — Ele me passa o endereço onde a compra foi realizada, o que me surpreende, já que ocorreu no local onde realizamos o leilão. — Lamento muito, não podemos reverter a transação. Está registrada em nome da senhora Ivy Belmont.

Maldição, como ela gastou esse dinheiro, especialmente quando ela nem estava em Londres? Desligo o telefone e agora tenho um motivo para confrontá-la.

Vou até o quarto dela e tento abrir a porta, mas ela a tranca. Bato na porta e ela me manda esperar. Assim que escuto o som da tranca sendo destravada, praticamente a empurro quando a porta se abre.

— Onde você estava ontem?

— Eu não devo satisfações da minha vida a você. Não é da sua conta onde vou ou onde estive.

— Você está certa, não deve satisfações sobre sua vida, mas o dinheiro que gastou é sim, especialmente porque o gastou aqui em Londres, quando estava em Roma!

— O que? Está preocupado com seu dinheiro? Casou-se comigo bilionário e agora está se sentindo ameaçado com o que gastei? Ou será que você não sabe administrar os assuntos da família e está levando-os à falência?

— Ivy, estou falando sério. Como foi possível fazer essa compra se você não estava em Londres, até onde eu sei, você estava em Roma, não?

— Foi a Ava. Eu dei autorização para ela comprar móveis para a casa dela, e como ela foi com o Nicolas, disse que poderia gastar o quanto quisesse.

— E ela usou o meu dinheiro para isso, porque não pagou com os seu?

— Marido serve para isso, para bancar os caprichos da esposa, mesmo que seja de mentira. Mas, se tiver mal por isso, ligue para ela e peça que devolva o que gastou. Não tenho nada a ver com isso.

Vou até Ivy e seguro seu braço. Sinto algo estranho ao tocar nela, mas lembro que sua pele costuma ser mole. No entanto, percebo que agora está gelada. Ela puxa o braço com força e ergue a cabeça desafiadoramente.

— Saia do meu quarto e não me toque novamente, ou eu arranco suas mãos com minha adaga.

— Por que você mudou tanto? Você não era assim.

— Não, eu não era, mas você e seu preconceito fizeram isso. Eu não era boa o suficiente para você, mesmo quando eu estava iludida por um mafioso de merdä. Saiba que só voltei por causa da ameaça que você fez, porque, por mim, eu não estaria mais casada com você.

— Fale com seu irmão. A ideia da obrigatoriedade de estarmos casados foi ideia dele. Se conseguir convencê-lo a quebrar esse acordo, nós dois estaremos livres.

— Pode deixar, Lucas. Vou fazer de tudo para acabar com esse casamento e vou viver minha vida como Ava, sem me preocupar com ninguém.

Olho para ela, e a semelhança entre as duas é incrível, parecem irmãs gêmeas, exceto pela pele que cobre seus corpos. Seria feliz com Ivy se não fosse pelo seu corpo.

— Saia do meu quarto. Vou tomar meu banho, e você está me atrapalhando. Vaza.

— Fale direito comigo. Ainda sou o dono desta casa.

— Pois é, como sua "esposa", também sou dona e tenho o direito de não querer você aqui dentro. Então, saia agora.

— Você não me ama mais, Ivy?

— Nunca amei. O que sentia por você era pura ilusão. Olho para você agora e sinto repulsa pelo homem nojento que você é. Conheci muitos homens maravilhosos neste ano em que estive fora, e todos sabem apreciar uma mulher como eu, diferente de você, que só quer as magrinhas. Me senti mais realizada com eles, e não foi algo de apenas dois minutos, porque você é fraco até mesmo na cama.

— Você me traiu? — Pergunto, me aproximando dela novamente. Ela sorri, mas não se afasta. A todo momento, ela me encara com nariz empinado e um sorriso maléfico nos lábios. Essa nova mulher me dá medo...

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