Tento mais uma vez, extrair alguma informação, mesmo que mínima, talvez a cor do cabelo, dos olhos ou alguma característica que possa me ajudar nessa projeção da minha mente.
— Pai, me diga a verdade, você já viu a Ivy?
— Vi quando era criança, Lucas, quando ela tinha 7 anos.
— Estou preocupado com o que está por vir. Ela está muito escondida, algo não parece certo. Tenho certeza disso.
— Não exagere, não há nada de errado. Ela simplesmente não tem experiência na máfia, pois foi criada em um internato. Mas você pode ensiná-la, assim como eu ensinei sua mãe e seu avô ensinou sua avó.
— Pai, aquela história de não poder voltar atrás é verdade, ou você vai fazer o que fez com o Liam, um contrato falso?
— Juro que tentei, mas com os Biancchi não deu certo. Você vai se casar de verdade, e não pode mais voltar atrás. Isso é muito sério, Lucas, agora você é o chefe da Máfia e precisa assumir as consequências de suas escolhas. A ideia de 'posso fazer o que quero' não existe mais.
— Eu sei, pai, mas... deixa para lá. Então, vou ter que ensiná-la a segurar uma arma e a lutar? — Ele balança a cabeça em concordância, e eu reviro os olhos.
Agora, vou ter que ser o mentor da minha esposa. Espero que valha a pena. A vida de mafioso não é para os fracos.
Enquanto trocamos de ternos, meu pai tenta me ensinar como ser um bom marido. O coitado sofre nas mãos da minha mãe. O que ele vai me ensinar? A ser submisso, como um cachorrinho esperando carinho da dona? Eu nunca serei assim. Nunca!
Após termos concluído o processo de nos arrumar, vestidos com ternos perfeitamente confeccionados sob medida, seguimos imediatamente para a igreja.
Ao chegarmos, caminhei até o meu lugar designado, cumprimentando de longe as pessoas que iam chegando, com um sorriso falso, já que essa ideia ainda não me agrada.
Meu pai fica atrás de mim, percebendo o quão nervoso estou, pois de vez em quando ele coloca suas mãos em meus ombros e me manda relaxar.
A igreja logo fica lotada, família e membros da máfia já estão todos presentes, só está faltando ela chegar. De repente, a marcha nupcial começa a tocar. Meus olhos não saem da porta de madeira, que ainda está fechada.
Mas aos poucos ela vai se abrindo, revelando minha noiva... minha graaaande noiva. Seu irmão a conduz até o altar, e meus olhos não conseguem se desviar do seu corpo.
Ela é... ela é ... Pensei que me casaria com uma mulher, mas parece que são três em uma. Assim que eles chegam, não posso esconder o quanto estou surpreso. Ela tem um sorriso doce e inocente, mas os olhos desaparecem diante das bochechas enormes que tem em seu rosto.
— Lembrem-se, não podemos desistir; o contrato já foi assinado. — diz o irmão dela enquanto me entrega a mão de sua irmã.
Com um sorriso sem graça, apenas balanço a cabeça concordando, e seguimos em direção ao altar. Ajoelhamo-nos e esperamos o início da cerimônia.
Cada palavra que o padre pronuncia parece uma punhalada nas minhas costas. Como poderei ser fiel a ela? Olho para ela na esperança de encontrar alguma atração, mas é impossível, não sinto nada por ela.
No momento do "sim", minha mente fica em branco, e uma crise de tosse nervosa quase me faz perder a resposta. Se não fosse pelo tapa que meu pai me deu, pensei que iria até afundar minhas costas, eu não teria retornado à realidade. Minha cruel realidade.
Chega a hora de trocar as alianças, pego a menor e tento colocar em seu dedo, mas não entrar, e eu fico tentando empurrar, até que ela fala que a dela é a outra. Por incrível que pareça, a aliança dela é maior que a minha
Saímos da igreja, e a ideia de eu a pegar no colo para levá-la até o carro se mostra impossível, seria mais fácil ela me carregar.
Ela se acomoda no banco de trás, e vejo o carro cedendo sob seu peso. Reviro os olhos e entro. Sento-me o mais longe possível dela, mas ela se aproxima, colocando a mão sobre a minha.
— Obrigada por aceitar se casar comigo. Pensei que ninguém nunca iria me querer.
— E por que pensou isso? — digo ironicamente, pois quem gostaria de estar no meu lugar, se não fosse por obrigação?
— Não sei, não me acho bonita. Estou fora dos padrões. (risos)
— Não ligue para isso, você é perfeita. — Oh, depressão, já percebo que vou ser o marido mais mentiroso de todos os tempos.
Chegamos à festa. Eu saio de um lado e ela do outro, mas percebo que ela está com dificuldades para sair sozinha. Pego em sua mão e a ajudo a sair, mas quase que ela me arrasta de volta para dentro do carro. Estou falando sério, isso não vai dar certo.
Enfim, com a ajuda de três homens como um tipo de guindaste humano, ela sai do carro, e seguimos para junto dos convidados.
— Assim que a festa terminar, vamos fazer a apresentação na máfia, certo?
— Acho que sim. É a primeira vez que estou me casando também. — Ela sorri com minha resposta, e percebo que esse é o único traço bonito nela.
— Estou faminta. O Nick não me deixou comer nada antes da festa.
— Acredito que há comida suficiente aqui para todos... "Claro, desde que você não acabe com tudo antes." — Sussurro a última parte, e ela me olha curiosa, pois não pretendia que ela ouvisse.
— O eu não entendi o que você falou?
— Eu quis dizer que a comida deve estar incrível. — Mais um sorriso, e estou começando a me acostumar com esse sorriso dela.
Pode ser que eu me acostume com a sua presença com o tempo, mas, sem algo que me atraia, não sei se vou desenvolver algum sentimento por ela, a não ser como uma conhecida. Não a vejo de forma romântica, não a desejo de nenhuma maneira.
Como vou levar esse casamento adiante para sempre, já que não existe a opção de divórcio na máfia, e o irmão dela já deixou claro que, se um de nós desistir, isso terá consequências graves? Estou em uma situação complicada.
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Atualizado até capítulo 88
Comments
Joelma Portela
preconceituoso,
estou anciosa aguardando os capítulos em que o babaca (Lucas) vai rastejar pelo amor da Yvy
2025-02-24
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Joelma Portela
Lucas é um babaca,
podia ter sido espancado no rio de Janeiro, para ver se agia como homem
2025-02-24
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Aline Moura
Do jeito que ele fala dela, tô imaginando uma Tais Carla da vida 🤣🤣🤣
2025-03-25
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