capítulo 15

Mesmo após o pedido de Biancchi para que ela desistisse da investigação, ela persistia em conversar com ele, sedenta pela verdade.

— Conta agora, por que você quer a Ivy?— Ela exigiu em um tom autoritário, tentando colocar medo no homem.

— Eu posso contar, ou você pode contar, Nicolas. Acho que a prima deveria saber de tudo...

— Eu só quero saber de você. Me diga a verdade agora, ou você será levado para o quarto da tortura.

— Ava, por favor... — Biancchi tentou intervir, mas ela não ouviu e, com um golpe certeiro, chutou o homem, fazendo-o cair no chão como um saco de merdä. Olhei para trás e vi tia Ana e Miguel, paralisados diante da cena.

Quando voltei a olhar para frente, Biancchi já estava correndo atrás dela, pois a garota enlouquecida havia entrado no carro dele e estava prestes a partir com o alvo dentro do carro. Entrei rapidamente no veículo enquanto os dois discutiam acaloradamente, e ela nem me notou. Com um acelerar brusco, ela deixou Biancchi para trás, desaparecendo na estrada em alta velocidade.

— Vai com calma, maluca. Está tentando me matar é?

— O que você está fazendo dentro do veículo? Saia imediatamente. — Ela faz uma parada brusca, e eu acabo batendo minha cabeça no encosto do banco dianteiro. No entanto, quando ela olha pelo retrovisor, ela retoma a velocidade. Lanço um olhar para trás e percebo que Biancchi está perseguindo o carro. — Se eu ouvir sua voz, vou atirar bem no meio da sua testa.

Em silêncio, acato sua ameaça. Ela nos conduz até o galpão da família Belmont. Como ela conhece este lugar?

— Ava, como você... — Ela se vira com a arma apontada para minha cabeça, fazendo um gesto de silêncio com o dedo nos lábios.

Ela sai do veículo, e eu a sigo. Sua atitude me surpreende; ela é tão... indescritível. Com dificuldade, ela retira ele do carro com muita dificuldade, revelando sua verdadeira fragilidade, mesmo querendo ser forte.

— Você quer ajuda?

— Eu só quero que você desapareça. Consegue fazer isso? — O homem acorda, e ela desfere outro golpe em seu rosto, fazendo-o desmaiar novamente.

Em seguida, o carro da tia Ana se aproxima com Miguel, seguido pelo carro do irmão dela. Ele sai do carro visivelmente enfurecido.

— Eu pedi que você parasse, Ava. Por que é tão teimosa?

— Então, por favor, me conte, não me deixe no escuro Nicolas. — Ela disse com um olhar irritado. — Você conhece ele não conhece, por isso não deixou que ele falasse, porque?

— Sim, eu o conheço, mas, para sua própria segurança, ainda não é o momento apropriado para você ter esse conhecimento. Por enquanto, vamos embora. Ana, por favor, pode deixá-lo retido aqui? Amanhã, eu o levarei para Portugal, onde ele compartilhará informações cruciais comigo.

A tia Ana assentiu com a cabeça enquanto Ava, preocupada, proferiu uma série de críticas contra Nicolas. Eu me aproximei dela, ciente de que não poderia deixá-lo partir sem me dar uma pista sobre como encontrá-la depois.

— Ava, seria possível me fornecer seu número de telefone? — ela olhou para mim, com evidente irritação. — Por favor?

Ela olhou para onde Ana estava parada, pediu-me uma caneta e estendeu a mão. Com cuidado, anotou seu número de celular e me devolveu a caneta. Em seguida, dirigiu-se ao carro de seu irmão, que rapidamente se afastou.

Olhei para o número em minha mão, sorrindo internamente. Apesar de sua atitude difícil durante toda a noite no salão, ela acabou por compartilhar seu telefone comigo, o que sugere um interesse por mim.

Minha tia, preocupada com a situação, se aproximou com determinação, pedindo a Miguel que levasse o homem para o galpão com firmeza em sua voz. Enquanto Miguel se preparava para seguir suas ordens, minha tia segurou minha mão olhando para o telefone de Ava, transmitindo um misto de preocupação e seriedade em seu olhar. Era claro que ela estava incomodada com isso.

— Lucas, conseguiu o número de telefone da prima dela, mas esqueceu de algo importante: você é casado. Se decidir sair com essa jovem, sabe que consequências isso pode trazer, não sabe?

— Minha tia, a Ivy está desaparecida há mais de um ano. A falta de notícias ou pistas sobre o seu paradeiro é angustiante, pois não faço a menor ideia de onde ela esteja. Estou considerando seriamente falar com o conselho a respeito desta situação. Ela realmente partiu com suas próprias pernas, será fundamental tomar medidas para cancelar este casamento que, devido às circunstâncias, não pode mais prosseguir. É um passo difícil, mas necessário, para garantir o nosso próprio bem-estar emocional e legalmente formalizar essa situação.

— As coisas não são tão simples assim, Lucas. Você está agindo como seu pai, um verdadeiro tapado. Quando ela fugiu, alguns conselheiros visitaram sua casa e sugeriram que a procurasse, mas você não fez nada. Ela partiu por causa de um erro seu, e agora, é sua responsabilidade encontrá-la e tentar resolver as coisas com sua esposa.

— Tia, eu... — interrompi minha fala e abaixei a cabeça, ciente de que ela é uma defensora das mulheres e que sua opinião estava a favor de Ivy.

— Lucas, entenda que as pessoas podem mudar fisicamente, se houver motivação suficiente e apoio. Sei que você não é uma má pessoa, seu pai o criou da mesma maneira que criou Luna e Liam, apesar de todas as dificuldades que enfrentaram, eles permaneceram juntos. Você precisa dar uma chance à sua esposa, procurá-la, expressar seus sentimentos e ver se ela está disposta a mudar. Mas não siga por esse caminho, flertando com a prima dela. Isso não condiz com a postura de um mafioso.

Ela virou-se lentamente e entrou no carro com uma expressão indecisa no rosto, enquanto Miguel retornava, caminhando com passos apressados em sua direção.

— Ah, e mais uma coisa, ela anotou apenas nove dígitos do número de telefone. Para entrar em contato com ela, você precisará descobrir os dois últimos números. Boa sorte!

Olhei novamente para o telefone em minha mão, começando a contar os números. Ela fez isso de propósito?

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