capítulo 12

Um ano se passou, e nem notícias dela eu tenho. Sinto falta da sua presença aqui, mas ao mesmo tempo sinto um alívio, pois a minha cabeça está totalmente na máfia.

Mal tenho tempo para respirar, depois que decidi me unir ao Biancchi para buscar os assassinos dos pais dele, trabalho é o que não falta.

Minha família virou as costas para mim. A Duda, lá do Brasil, me ameaçou, dizendo que se eu aparecesse por lá, ela cortaria os meus pés. Minha mãe e a Luna até me bloquearam no celular.

O único que ainda fala comigo, que vem aqui, é o meu pai, e na maioria das vezes, é para me dar bronca. Liam só me liga para saber de algo relacionado à máfia.

A mulher foi embora, e eu levei toda a culpa, como se eu a tivesse expulsado daqui. Mas me lembro bem de ter dito a ela que o quarto dos fundos seria dela. E o que ela fez? Disse que não voltaria mais.

Tia Ana se afastou de mim, nem liga e nem vem visitar, e eu estou praticamente sozinho agora. Eventos de família? Se houver algum, só fico sabendo no dia seguinte, pois ninguém mais me convida.

Meus amigos também deram uma sumida durante esse ano, e eu só me arrependo de ter dito tudo aquilo para eles enquanto meu celular estava na ligação. Mas, não menti em nada.

Um ano e dois meses se passaram, e finalmente vou ver todos da minha família. Fui convidado para um evento da máfia, o leilão beneficente que acontece todos os anos. Dessa vez, será um baile de máscaras, e me enviaram dois convites.

O convite dela, eu jogo no lixo, pois ela não irá comparecer mesmo... Ou eu entrego para o irmão dela? Retiro do lixo e coloco em cima da mesa, ligo para ele e pela primeira vez, depois de todo esse tempo, pergunto como ela está.

— Ela foi embora de Portugal, foi para a França, só me liga para dizer que está bem, mas não me conta nada. Por quê?

— Chegaram dois convites para o leilão da máfia aqui. Ela vai?

— Acho que não. Acho que ela não voltaria para Londres tão cedo. Porém, estou com uma visita aqui em casa, minha prima. Ela pode ir comigo no lugar da Ivy.

— Tanto faz, o convite está aqui.

— Também recebi um convite, pode jogar esse fora. Tenho direito a um acompanhante, então vou levá-la comigo. — Digo "ok" e desligo o celular.

Arrumo minhas coisas e vou para casa. Assim que chego, minha mãe está com meu pai me esperando. Reviro os olhos; vou ter que contratar seguranças novos para a casa, aqueles que não deixem ninguém entrar.

— Lucas, você precisa levar Ivy ao evento da máfia, você sabe disso, não sabe?

Vou até o sofá e me sento, olho para minha mãe que está com uma sobrancelha levantada.

— Eu não sei onde ela está, mãe...

— Eu disse para você ir atrás dela. Mais de um ano se passou e você nem fez questão de procurá-la. — minha mãe fala com voz carregada de raiva.

Mas o que ela não entende é que eu não a expulsei, ela saiu porque quis, e eu não sou de agradar ninguém, muito menos ela. Se quis ir embora, quem sou eu para impedi-la? Tento explicar isso para minha mãe, mas ela com toda arrogância diz que se fosse ela, eu nem estaria mais respirando.

O sermão dura a noite inteira, e com a insistência dos dois, eu resolvo que vou atrás da Ivy. Ela precisa voltar para ir a esse evento, e depois pode ir embora de novo se quiser.

Me levanto e ligo para o Nicolas, pedindo o endereço dela. No entanto, ele diz que não sabe o local exato, apenas que ela está na França. Deixo o telefone no viva-voz para que minha mãe escute e não me perturbe mais.

— Rapaz, meu filho vai buscar a esposa dele. Passa o endereço logo. Ele tem que ir para o evento junto com ela.

— Será mais um evento que ele a deixaria de lado para ficar com os amigos? Nesse caso, é melhor minha irmã nem ir.

Um silêncio se espalha pela sala, até eu sentir uma dor na cabeça e um som estalado ecoar. Olho para minha mãe; ela me deu um tapa que quase me fez cair para a frente.

— Ai, mãe. — Reclamo, passando a mão onde ela bateu. Se eu fosse careca, teria ficado com uma marca bem no meio.

— Eu não te reconheço como meu filho, Lucas. Você é o pior dos Belmont. Não sei a quem você puxou, porque seu pai me falou uma vez que, se eu engordasse, ele não me largaria. Como você pode fazer isso com a menina, seu idiota? — Ela encerra o sermão e me dá outro tapa.

Me afasto dela antes que ela arranque minha cabeça do pescoço. Nicolas desliga o celular, e meu pai sugere que talvez seja melhor eu não ir ao evento, pois as pessoas vão falar.

— Eu vou, pai. Sou o chefe da máfia, como posso faltar a esse evento se todos os chefes estarão presentes? Invento uma desculpa, digo que ela está doente ou viajando.

Minha mãe avança em minha direção, e eu me escondo atrás do meu pai. Se ela fosse um homem ou outra pessoa, eu já teria feito parar, mas ela é minha mãe.

— Eu vou matar você, Lucas. Como pode ser tão falso?

— O que eu deveria dizer, mãe? Vou dizer o quê, que ela foi embora?

— Diga o tipo de marido que você foi. Diga por que ela foi embora. Diga a verdade, mas não a faça parecer errada. Se você fizer isso, eu mesma conto a todos quem você realmente é.

Meu pai vira apenas a cabeça e me olha com um olhar de alerta, aquele que diz: "não duvide de sua mãe, ela é louca o suficiente para fazer isso."

Ela segura a mão do meu pai, e os dois saem da minha casa, com ela batendo o pé e a porta quando sai. Eu me largo no sofá e fico pensando se devo ou não ligar para ela. Pego meu celular, olho o nome dela nos contatos e, finalmente, decido ligar.

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