capítulo 17

Assim que chegamos ao centro de treinamento da Ana, ela me conduz ao quarto que será meu refúgio temporário:

— Ivy, recupere suas energias, pois amanhã iniciaremos um processo transformador. A mente precisa estar desocupada para absorver novos conhecimentos — Ana aconselha.

Perplexa, pergunto:

— Ana, confesso que ainda não compreendo completamente o seu plano.

Ela me olha sorrindo, ela tem um jeito tão especial de ser, ela é o tipo de mulher que você quer sempre ter aí seu lado como amiga.

— Meu objetivo é fazer de você uma mulher completamente diferente. Quando regressar a Londres, quero que pareça que atingiu esse corpo sem esforço algum. Lucas, ao ver a esposa transformada, deverá acreditar que pode entrar de novo em sua vida. Você será uma nova mulher, não apenas fisicamente, mas também em sua identidade. Deve demonstrar à ele que a rejeição baseada na aparência é mais dolorosa do que qualquer insulto.

Concordo com a determinação de Ana, convencida de que as ações devem ser o critério de avaliação das pessoas, não a aparência. Reflito sobre inúmeras mulheres no mundo cuja beleza exterior não reflete a qualidade de seu caráter.

Ana deixa o quarto, e eu, em um ambiente desconhecido, fecho os olhos na esperança de um sono tranquilo, embora incerta se conseguiria me transformar verdadeiramente em outra pessoa.

No entanto, sabia que esse processo exigiria planejamento. Tinha uma prima chamada Ava, e com minha notável perda de peso, estávamos quase idênticas. O fato de ela estar envolvida com um árabe, que a mantinha reclusa, facilitaria minha estratégia. Ava jamais viera a este lugar, então eu poderia assumir sua identidade. Se Lucas investigasse, encontraria uma Ava Biancchi.

Ao despertar na manhã seguinte com Ana batendo à porta, percebi que era hora de começar essa jornada transformadora. Ela me convidou para o café da manhã e, após minha higiene matinal, seguimos em frente, ansiosas para saber o que ela faria comigo.

Eu estava muito ansiosa, até entrar no centro de treinamento. As paredes de concreto e o cheiro de terra molhada no ar me lembraram imediatamente que este lugar não era para os fracos.

— Nossa Ana, isso é incrível, porque você tem esse lugar?

— tenho em outros países também, mas esse é meu especial. Sou defensora de mulheres vítimas de abuso domésticos, e dou a elas a oportunidade de uma nova vida. As que aceitam ser minhas meninas, eu treino pra fazer parte da minha equipe, as que não querem, eu ensino como se defender, e as ajudo a voltarem para Deus familiares.

— Nossa, meus parabéns por tudo isso. — Ela sorrir e me leva até uma parte onde começo com um aquecimento intenso, que me deixou muito ofegante em questão de minutos.

O objetivo era preparar o meu corpos para as horas de treinamento rigoroso que estavam por vir. Alongamentos, flexões e corridas eram apenas o começo.

À medida que os dias passavam, mergulhamos em técnicas de defesa pessoal. Aprendi a me defender contra agressores maiores e mais fortes, usando golpes precisos e técnicas de imobilização. Cada movimento era repetido incessantemente até que se tornasse uma parte de mim, como se meu sistema agisse no automático.

Além do treinamento físico, também aprendi sobre a importância da autodisciplina e da confiança em mim mesmo. O centro de treinamento era mais do que apenas um local para aprender a lutar;,era um lugar para construir uma mentalidade forte e resiliente.

As semanas se transformaram em meses, e gradualmente, comecei a sentir-me mais confiante e capaz de me defender em situações de perigo. O centro de treinamento da Ana tornou-se uma segunda casa para mim, e ela e a Duda como irmãs, pois as duas eram as minhas instrutoras.

Hoje, olho para trás com gratidão pelo tempo que passei com elas. Não apenas adquiri habilidades valiosas, mas também cresci como pessoa. Agora, sei que estou melhor preparado para enfrentar os desafios da vida e proteger a mim mesma, não só na força, mas nas palavras que vierem a proferir contra mim.

Chega o dia da minha partida, e eu me transformei completamente em uma nova pessoa. Duda me ensinou a arte da sedução, tornando-me capaz de conquistar qualquer homem e fazê-los sentir-se completamente rendidos aos meus encantos, sem que eu precise fazer muito esforço.

Ao retornar a Portugal, era hora de me tornar a Ava por completo. Uma das mudanças mais significativas era a cor do meu cabelo. Apesar de amar ser loira e meus cachos lembrarem minha mãe e meu pai, que costumava me chamar de "Meu Cachinhos Dourados", percebi que essa transformação era necessária, pelo menos temporariamente.

Após todas as mudanças, Nicolas me olha com surpresa, mas claramente agradado:

— Você está parecendo a Ava.

— Essa era a ideia... — compartilho com ele o plano das meninas, e ele começa a rir. — Lembre-se, Ni, você não pode me chamar de Ivy em momento algum.

— Vou começar a me acostumar desde já. Teremos um evento das máfias em Londres em breve, e esse será o seu grande retorno.

Sorrio, sabendo que o teste com ele será crucial, torcendo para que ele não me reconheça, pois minha vingança está apenas começando.

Os dias passam, e Nicolas se acostuma a me chamar de Ava. Estamos preparados para o grande baile das máfias.

Opto pelo vestido preto, minha cor desde a transformação do meu corpo. É como se a Ivy acima do peso tivesse morrido, e estou de luto por ela. Viajamos de avião e quase chegamos atrasados para o leilão.

Ao entrarmos, vejo Lucas no canto com sua família. Ana e Duda piscam secretamente para mim, indicando que o plano continua.

Não me interesso pelos itens do leilão, mas faço questão de dar lances altos em tudo o que é dele, provocando-o e mostrando que nem tudo está ao seu alcance. Na hora de pagar pelos produtos que arrematei, mando que coloquem na conta de Lucas Belmont, meu marido.

Não me importo se ele ficar furioso ao pagar quase 6 milhões de dólares por tudo o que dei lance. Para mim, que ele se afogue em sua própria ira.

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